quinta-feira, 2 de maio de 2019

Imperador Naruhito, um grande amigo de Portugal



Hoje, o Japão entra no ano 1 da nova era imperial "Reiwa" ou Bela Harmonia. Após três décadas de reinado de Akihito, o imperador abdica, pela primeira vez em dois séculos, em favor do filho mais velho, Naruhito.
Tive o privilégio de receber SAI, o então Príncipe Herdeiro, na Torre do Tombo, de que eu era Director-Geral, onde passou várias horas a apreciar muita documentação que diz respeito às cinco vezes centenárias relações luso-nipónicas e outra, mais genérica, sobre os Descobrimentos Portugueses, tema porque muito se interessava e sobre o qual muito sabia. Honrou-me com um convite para o visitar no Palácio imperial e ver a colecção de obras que aí se guardam, nomeadamente, os biombos namban, e mandou-me, depois de chegar ao Japão, uma belíssima jarra de porcelana leitosa com o brasão da Casa Imperial gravado a ouro, um Crisântemo, que conservo com o maior carinho.
Com 85 anos, Akihito deixa o trono ao seu filho mais velho, de 59 anos, historiador de formação, propenso a ignorar os protocolos severos do Japão. Naruhito prometeu ajudar o Japão a avançar, para a modernização da mais antiga monarquia reinante do Mundo, tornando-se, hoje, o imperador número 126 a subir ao Trono do Crisântemo. A biografia de Naruhito não é a mais ortodoxa para o padrão dos príncipes herdeiros do Japão, tendo sido criado pela mãe, Michiko, e não pelo pessoal do Palácio Imperial, e tendo estudado no estrangeiro, em vez de ficar pelos estabelecimentos de ensino japoneses, como era tradição. Desejo as maiores felicidades a Sua Majestade o Imperador Naruhito e ao Povo Japonês.

Pedro Dias, Professor catedrático da Universidade de Coimbra, ex-Director-Geral dos Arquivos Nacionais e ex-Director-Geral da Biblioteca Nacional de Portugal

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