Faleceu Jesué Pinharanda Gomes, um dos mais notáveis homens de cultura e pensamento da segunda metade do século XX. É evidente que a imprensa dita oficial não se dignará a fazer o mais pequeno apontamento necrológico, não só porque ignora a sua existência e a obra imensa que legou, mas também porque Pinharanda Gomes foi sempre um homem livre.
Autodidacta, trabalhou até à reforma como vendedor de maquinaria agrícola, mantendo sempre prudente distância face à jactante e quase sempre submissa universidade. Pinharanda Gomes era gente. Não foi um intelectual orgânico, não genuflectiu nem fez parte dessa sub-casta que prostituiu a Universidade, ao ponto de termos chegado ao nadir de um tempo em que doutores mal sabem assinar o nome ou agarrar numa caneta.
Já nos havia surpreendido Pinharanda Gomes pela Patrologia Lusitana, pelos Conimbricenses e Filosofia Hebraico-Portuguesa, copiosas fontes de informação e interpretação.Em homenagem ao estudioso, mas a mais notável obras foi certamente a Filosofia Arábigo-Portuguesa, talvez o único trabalho de vulto existente no nosso idioma destinado a facultar informação de base sobre o impacto da civilização árabe no Ocidente peninsular.
MCB
Fonte: Nova Portugalidade
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