sábado, 13 de julho de 2019

A GUERRA CIVIL LARVAR E PERMANENTE EM QUE VIVEMOS

“O tempora! O mores!
“Ó tempos! Ó costumes!”
Exclamação de Cícero
(Contra a depravação dos seus contemporâneos)

                O problema fundamental que temos é um problema Moral. Já o escrevemos várias vezes, mas não é demais repeti-lo.
                O problema moral origina um problema político, que resulta num problema financeiro que desemboca num problema económico e todos resultam num problema social.
                Atacando efeitos e não causas ou não entendendo a hierarquia dos problemas, apenas se baralha tudo cada vez mais e não se resolve nada.
                É no que estamos.
                O problema fundamental são as pessoas e a sua natureza (humana) – vejam até como no mundo animal e vegetal, tudo corre “normalmente” baseado no equilíbrio natural, cujo problema disruptor maior é, justamente, o ser humano…
                Porém os animais e as plantas, para já não falar nas rochas e minerais, não têm um cérebro nem sentimentos, que se possam assemelhar ao ser humano.
               Nos humanos convive o Bem e o Mal, sendo capazes tanto de actos de santidade como das piores atrocidades.
                Na mente humana convivem grandes ideias e verdadeiros disparates e a maioria passa por cá sem se lhe conhecer uma ideia. E mil minudências de permeio.
                E, ao contrário da procura da simplicidade, tudo se torna cada vez mais complexo e emaranhado correndo a informação e desinformação a níveis frenéticos que deixam pouca margem para pensar e reflectir!
                A Moral e a Ética nunca foram muito do agrado da natureza humana e pioram catastroficamente com a falta de exemplo, que vem sempre de cima – quanto mais não seja por efeito da gravidade…
                Nem as diferentes religiões, que estudaram e se adaptaram particularmente, à natureza humana que, supostamente é feita à imagem e semelhança de Deus - o que à partida representa uma contradição algo insolúvel dado que por definição Deus é perfeito, é bom, é amor, etc., e o género humano estar tão longe disto, como as galinhas terem dentes – dizia, a conseguiram domar ou meter em carris.
                E desde que inventaram o “Relativismo Moral” as coisas tornaram-se ainda mais complicadas. A Política, a Sociedade, a Família está cada vez mais atomizada. Tudo é centrífugo, nada é centrípeto.
                Ora nestes termos não é possível manter nada de pé, nem países, nem empresas, instituições, religiões, família. Desta anarquia resultará cada um ser cidadão do mundo; a sua individualidade considerada acima de tudo; ser “Deus” de si mesmo, resultando que a Humanidade será apenas uma. Mas será una? E será verosímil?
                Quem governará toda esta mole humana?
                Talvez quem esteja a empurrar as coisas nestes termos…
                Eis um bom tema para reflexão, para quem quiser e souber.
                Entretanto (e limitemo-nos a Portugal) a “guerra civil” e a maldição moral continuam.
                Implantou-se um regime político na forma republicana – ou seja uma fórmula potencialmente anárquica e abandalhada – não por acaso as residências dos estudantes em Coimbra são denominadas de “Repúblicas”…
                Sem embargo funcionam bem melhor que a dita cuja oficial - solapada por um conjunto de partidos – cuja designação é bem o espelho do que representam – em que se oficializou uma ditadura partidocrática, que impuseram uma carga fiscal opressora das famílias e empresas e uma dívida de escravatura à Nação; alienam constantemente, a soberania e o património material dos portugueses; mentem sobre a sua História; andam a destruir a matriz cultural, através da importação massiva de emigrantes e pela criminosa facilitação na atribuição da nacionalidade; acabaram com a moeda nacional (coisa que nem o Filipe I, se atreveu); reduziram as Forças Armadas a uma quase ficção; elevaram as “garantias dos direitos individuais” a tal ponto que paralisaram e viciaram o exercício da Justiça; transformaram a diplomacia num mero exercício de relações internacionais, em detrimento da defesa dos interesses estratégicos permanentes portugueses; transformaram o ensino numa manta de retalhos inadjectivável, que mal prepara a juventude para a vida, em todos os campos em que toca, etc..
              Destruíram ainda, grande parte do tecido produtivo português, em troca dos fundos comunitários de coesão, dos quais nunca se apresentaram contas, nem se apuraram responsabilidades.
                É certo que não se prende ninguém (até ver) por afirmar coisas, mas daí até haver oportunidades para o fazer vai alguma distância; a censura continua a existir a todos os níveis, só não tem um carácter oficial e ninguém admite que a faz. Sendo que, a tentativa de condicionar o pensamento, é uma realidade permanente.
                Como pano de fundo de tudo isto, temos uma Constituição da dita República, anacrónica, prolixa, mal escrita, irrealista e desajustada da realidade nacional.
                Que impôs um “sistema” semi - presidencialista, que não é carne nem é peixe, com um predomínio idiota e antinatural dos “Direitos” relativamente aos “Deveres”; uma organização desequilibrada do trabalho onde predomina uma relevância nefasta das organizações sindicais, donde resulta estar cerca de metade do funcionalismo público permanentemente de baixa ou em greve; uma permissividade irresponsável que, não poucas vezes, imobiliza sectores cruciais do país pondo em causa a própria economia e segurança nacionais; potencia um conflito constante nas empresas privadas oscilando o braço de ferro entre a ditadura dos sindicatos ou o capitalismo selvagem, e os órgãos de concertação social, raramente concertam seja o que for.
              No fundo uma verdadeira guerra civil, sem tiros (até ver) …
                Mas quase todo o mundo fica paralisado quando se ouve uma palavra mágica: Democracia!
                Esquecem-se é de dizer que a situação de “perda” em que nos encontramos foi conseguida, justamente, usando os tais “princípios ditos democráticos”!...
                Mas a questão Moral e Ética não originou apenas todo este descalabro, não. Fê-lo acompanhar de um cortejo de corrupção, nas suas vertentes moral, económica, financeira, de costumes, compadrio, nepotismo, etc., que passou a ser transversal ao país (e nenhuma instituição lhe está imune) com especial incidência nos organismos do Estado, nas Autarquias (que apenas são prolongamentos dos Partidos) e na Banca. Já nem falo do futebol…
                Por isso não passa um santo dia em que os jornais, as rádios e as televisões não relatem os casos mais incríveis neste âmbito, acompanhados por barbaridades várias (a asneira passou a ser livre) e imbecilidades muitas, pois uma verdadeira campanha de imbecilização caiu sobre todos nós - basta ouvir esta pergunta repetida à saciedade, “vem aí uma vaga de frio, (ou de calor), o que é que o senhor pensa fazer?”.
             Numa síntese que dói, bem pode dizer-se que o que se passou em Tancos, em Pedrógão Grande e à volta do Comendador Berardo ilustra bem o Estado em que estamos e a Sociedade que criámos.
              O problema fundamental não está entre “Esquerda” e Direita”, mas sim entre portugueses defensores da sua Nação e entre internacionalistas, globalistas ou defensores de ideologias estranhas à matriz cultural portuguesa; entre Patriotas e traidores, entre corruptos e sãos; entre viciados e limpos; entre competentes e coiros, entre degenerados e íntegros.
             O tal problema Moral e Ético (este sim civilizacional), que a actual Ministra da Cultura confundiu com as touradas.
                Perante tudo isto apetece fazer uma de três coisas: ir para a praia sempre que possível (leia-se também discutir futebol, novelas ou ir a um concerto rock); lutar contra o sistema ou eutanasiar-se.
                Em face do exposto não é difícil ao leitor e meu excelente concidadão acertar naquilo que a esmagadora maioria tem feito.
                É o que de resto, está mais conforme à natureza humana.


João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador (Ref.)


Fonte: O Adamastor

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