quinta-feira, 31 de outubro de 2019
quarta-feira, 30 de outubro de 2019
Vai acabar a histeria anti-portuguesa
Em tempo de histeria infantil e grosseira manipulação da História por seitas políticas, devolvemos serenidade ao debate sobre a maior das realizações portuguesas: os Descobrimentos e a expansão imperial. O Império vai contra-atacar na forma do maior e mais importante evento em décadas a ser dedicado à sua memória e redignificação. Reunindo excelente painel de académicos e investigadores, pretende o grande evento oferecer uma vasta perspectiva do Império Português nas suas vertentes doutrinária, antropológica e sociológica, científica e cultural, política, institucional e artística, assim como da sua herança no quadro histórico da Portugalidade contemporânea e o seu potencial para o futuro.
Fonte: Nova Portugalidade
terça-feira, 29 de outubro de 2019
Better off dead
Como é que o Estado e os serviços de saúde podem pretender desencorajar o suicídio de algumas pessoas quando, ao mesmo tempo, auxiliam o suicido de outras? Este duplo padrão é contraditório.
Ainda antes da tomada de posse dos deputados eleitos, já se anunciou a apresentação de um projeto de lei de legalização da eutanásia e do suicídio assistido, como se fosse essa a “prioridade das prioridades” da nova legislatura, o que, de modo algum, transpareceu da campanha eleitoral, em que os dois partidos mais votados nem sequer tomaram posição sobre o assunto.
Ainda antes da tomada de posse dos deputados eleitos, já se anunciou a apresentação de um projeto de lei de legalização da eutanásia e do suicídio assistido, como se fosse essa a “prioridade das prioridades” da nova legislatura, o que, de modo algum, transpareceu da campanha eleitoral, em que os dois partidos mais votados nem sequer tomaram posição sobre o assunto.
Seja como for, a discussão que será reaberta não pode ignorar as lições dos países que já seguiram essa via, as que já de há muito são conhecidas e as que vão sendo conhecidas continuamente. Quem acompanhe a situação desses países regularmente poderá verificar como se sucedem notícias que invariavelmente confirmam os alertas de quem se opõe a essa legalização.
Merece destaque, a esse respeito, um estudo recentemente publicado pelo National Council of Disability, um organismo independente de âmbito federal norte-americano dedicado à proteção e promoção das pessoas com deficiência. Esse estudo afirma com veemência (e indicando exemplos concretos) os malefícios que a legalização do suicídio assistido provoca nessas pessoas, não só as que a ele recorrem, como todas elas em geral. Afirma, por isso, a oposição clara a tal legalização. Em face da multiplicação dos Estados federados que optaram por essa legalização (são hoje em número de dez, sendo que em muitos outros Estados propostas no mesmo sentido têm sido rejeitadas), esse estudo confirma e reforça as tomadas de posição desse organismo já assumidas anteriormente por duas vezes, em 1997 e em 2005. Nele se afirma também que essa legalização tem a oposição de todas as associações de defesa das pessoas com deficiência que, nos Estados Unidos, se pronunciaram sobre a questão.
De acordo com esse estudo, o maior dos malefícios que a legalização do suicídio assistido provoca nas pessoas com deficiência em geral, tem a ver com a mensagem cultural que essa legalização veicula e o que essa mensagem provoca no ambiente cultural da sociedade em geral e na mente de cada uma dessas pessoas, em especial as que sofrem de alguma deficiência que, de uma ou de outra forma (porque qualquer doente em fase terminal padecerá de algum tipo de deficiência), possam estar abrangidas por essa legalização. Esse efeito é o da desmoralização e do desencorajamento das pessoas com deficiência quando o Estado, a ordem jurídica e os serviços de saúde dão a entender (e é isso que decorre da legalização do auxílio ao suicídio) que as pessoas com certas doenças ou deficiências (e, por isso, dependentes dos cuidados de outrem)) estariam melhor se morressem («better off dead»), que a sua vida nessas condições deixa de ser digna, que a doença e a deficiência são incompatíveis com a qualidade de vida e que a morte provocada é resposta para os seus problemas. É de esperar que essas pessoas se sintam desmoralizadas, desencorajadas e, por outro lado, também como um peso para a família e para a sociedade em geral. E é de esperar que todo o clima social e cultural reflita isso mesmo.
Consequentemente, as pressões, mais ou menos diretas e mais ou menos conscientes, a que essas pessoas estão sujeitas vão no sentido da aceitação do suicídio assistido como uma forma de evitar a suposta indignidade da sua situação, e também o peso que representam para a família e para a sociedade. Há que salientar que o auxílio ao suicídio não tem os custos de muitos tratamentos úteis e justificados para a salvaguarda da vida e que, nos Estados Unidos, na sequência da legalização, muitos contratos de seguro passaram a incluir o suicídio assistido de modo preferencial em relação a esses tratamentos Por tudo isso, deve duvidar-se da autenticidade dos pedidos de auxílio ao suicídio formulados por essas pessoas.
Outro aspeto salientado por esse estudo diz respeito à repercussão da legalização do suicídio assistido na prática do suicídio em geral. No Estado de Oregon, o primeiro a legalizar o suicídio assistido, a taxa de suicídios em geral teve um incremento de 41% desde essa legalização até hoje. Calcula-se que esse incremento tenha sido de 6%, em média, nos Estados que mais recentemente optaram por essa legalização.
Há uma explicação lógica para que assim suceda. Desde há muito se fala no efeito contagiante da publicidade da prática do suicídio (o chamado efeito Werther, que evoca a influência do célebre romance de Goethe). É contraditório que se adote uma política de prevenção do suicídio para algumas pessoas e se adote uma política de auxílio ao suicídio para outras. Como é que o Estado e os serviços de saúde podem pretender desencorajar o suicídio de algumas pessoas quando, ao mesmo tempo, auxiliam o suicido de outras? Este duplo padrão é contraditório. O efeito de contágio do auxílio ao suicídio legalizado sobre a prática do suicídio em geral é, por isso, expectável.
Sendo certo que aquelas pessoas em relação às quais o Estado e os serviços de saúde optam pelo auxílio ao suicídio, e não a sua prevenção, são, precisamente, as mais vulneráveis, porque atingidas pela doença e pela deficiência. O que também contribui para agravar a situação destas.
O estudo em apreço salienta, ainda, as dificuldades, ou mesmo a prática impossibilidade, de controlo de erros e abusos de aplicação da lei, a começar pelos erros de diagnóstico a respeito da irreversibilidade da doença e de prognóstico do tempo de vida futura (que, de acordo com a legislação em vigor nos Estados em questão, normalmente condiciona a legalidade do auxílio ao suicídio). Tudo está, em grande medida e praticamente, nas mãos dos médicos que prestam auxílio ao suicídio e não é de esperar que sejam eles próprios a denunciar os seus próprios erros e abusos.
Não é demais relembrar a deputados que se preparam para debater de novo a legalização da eutanásia e do suicídio assistido: está em jogo um alicerce estruturante da civilização e da ordem jurídica; quando se derruba esse alicerce o edifício acabará por cair. Se se admite que a vida de pessoas com deficiência perde dignidade, que elas estariam melhor se morressem («better off dead»), que a morte provocada pode ser resposta para os seus problemas, é certo que assim se comprometem todos os esforços no sentido da sua defesa, inclusão e promoção.
Pedro Vaz Patto
Fonte: Observador
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
domingo, 27 de outubro de 2019
Que patriarcado? As mulheres que também fizeram Portugal
Descartando com gosto a breve, pelicular mas teimosa cinta de convenções burguesas, que não ultrapassam os 100 anos e escondem a frondosa floresta da história nacional, a verdade é que as mulheres foram, nesta terra, do nascimento da nacionalidade até meados do século XIX, um poderoso pilar da sociedade portuguesa. Estiveram ou foram decisivas em momentos axiais da nossa vida colectiva, dominaram o poder político, tiveram lugar cimeiro na vida cultural e tiveram, até, parte activa nas mais relevantes decisões.
O mito mais glosado - uma mentirona - afirma que as mulheres estavam apartadas da actividade cultural no Portugal Antigo. Então, porque razão em todas as cidades portuguesas havia sempre, sem excepção, uma "Rua das Mestras" ? Mestras, sim , professoras. Então, ninguém se lembra de Públia Hortênsia de Castro, prodígio da Universidade de Coimbra, um dos vultos que maior sulco deixou no Renascimento português ? Então ninguém se dá conta, nos índices de nomes e profissões dos livros de portarias da Torre do Tombo que por ali há centos de mulheres que se dedicavam ao ensino ? Ninguém se lembra do rol interminável apresentado por Frei Luís dos Anjos no seu Jardim de Portugal em que se da noticia de alguas sanctas & outras molheres illustres em virtude (...), ou dessa imensa figura que foi Bernarda Ferreira de Lacerda, expoente da Restauração, latinista, poetisa, panfletária influentíssima ? E, porque não, lembrar também D. Leonor de Almeida Portugal (Alcipe) e a sua Sociedade da Rosa, um verdadeiro cripto-partido no Portugal pré-revolucionário do fim do Antigo Regime.
Se os entusiastas da mentira pedem mais, ora, atirem-lhes à cara as heroínas de Diu (Isabel Madeira, Isabel Fernandes, Catarina Lopes e Isabel Dias), mulheres soldados do batalhão feminino que empurraram muralha fora os atacantes, batendo-os em terreno descampado ? Ou ainda, porque não, de Antónia Rodrigues, agraciada e condecorada por D. Filipe II por feitos de armas realizados em Mazagão.
Miguel Castelo-Branco
Fonte: Nova Portugalidade
sábado, 26 de outubro de 2019
O Patriotismo advém do Amor ao Próximo
Se Jesus amou a Sua pátria temporal, se exultou com as suas glórias e deplorou os seus infortúnios, é porque o amor da Pátria tem o seu lugar legítimo no coração do homem, na hierarquia das virtudes cristãs, entre o amor mais extenso da humanidade, na ordenação essencial e harmoniosa da caridade divina.
Pe. Yves de La Brière in «Nationalisme et objection de conscience», 1937.
Fonte: Veritatis
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
Roteiros Pelo Alto Minho - Circuito Medieval da Ribeira Lima
Viagem pelos concelhos de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez.
Acompanhados pelo Padre Jesuíta António de Magalhães Sant'Ana, que contextualizará a arquitectura medieval no campo social e religioso da época.
Visitas:
- Paço de Giela
- Mosteiro de Vila Nova de Muía
- Castelo e Espigueiros do Lindoso
- Aldeia e Espigueiros do Soajo
- Mosteiro de S. Bentinho de Ermelo.
Fonte: Real Associação de Viana do Castelo
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
Duques de Bragança em Alcobaça com a Ordem de São Miguel da Ala
A Real Ordem de São Miguel da Ala, a Ordem de Cavalaria mais antiga de origem Portuguesa, regressou ao Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça em Festa de São Miguel, liderada pelo Grão Mestre Nato, Dom Duarte, Duque de Bragança.
A Ordem Dinástica, uma de três da Casa Real Portuguesa, foi fundada em 1147 por D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal e aprovada pelo Papa Alexandre III, através de Bula datada de 1171. Desde então e até à sua reforma já no reinado de D. Miguel I, a Ordem esteve sediada no Real Mosteiro Cisterciense de Santa Maria, em Alcobaça, onde tinha Capela e Altar com imagem do Arcanjo.
Com a partida do Rei D. Miguel para o exílio, em 1834, a Ordem passou a ser uma condecoração da Casa Real até ser reformulada, na década de 1980, pelo actual Duque de Bragança. Em 2000, a Ordem Dinástica, á semelhança de muitas outras, foi complementada com a criação de uma Real Irmandade Católica para seus membros e através da qual a Casa Real realiza obras de Beneficência e apoio cultural, tanto em Portugal como em países lusófonos.
Estiveram presentes como convidados da Ordem e dos Duques de Bragança, D. Duarte e D. Isabel, o Lord Lyon da Escócia, o Príncipe Leka da Albânia, o Principe D. Luiz Filipe do Brasil, actualmente Deputado Federal, para alem de vários outros Príncipes e membros de Governos e do Clero estrangeiros, Patronos e Membros da Ordem.
Foram investidos na Ordem durante este Capítulo Geral, por reconhecido Mérito, a Fadista Katia Guerreiro, os Mestres Guitarristas Joel Pina e João Mário Veiga, o Cantor Lírico Armando Calado e o sobrinho neto do Papa Pio XII Conde Giovanni Rizzardi Pacelli.
O XII Capitulo das Reais Irmandades da Ordem de São Miguel da Ala, composta por 7 Bispos Diocesanos e 2500 membros com Delegados de 12 países, teve como tema o Papa Pio XII, Padrinho de baptismo do Senhor Duque de Bragança e incluiu uma Conferência em Fátima e Peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição em Vila Viçosa.
Tanto o Duque de Bragança como a Ordem e suas Reais Irmandades de São Miguel da Ala afastaram-se de actos religiosos em Alcobaça e de usar os símbolos históricos durante vários anos em obediência a uma previdência cautelar do Tribunal após um grupo liderado por um conhecido Fadista ter registado os mesmos símbolos como marca patente em nome de uma associação de São Miguel da Ala e de essa ter processado os históricos utilizadores dos símbolos; a Casa Real Portuguesa e a Igreja.
O Fadista que difamou o Duque de Bragança foi obrigado a aceitar um acordo com indemnização. Seguidamente viu o Tribunal decretar a caducidade do seu registo dos símbolos de São Miguel da Ala por não ter feito uso dos mesmos para fins comerciais. Após várias contestações por parte do mesmo, as marcas foram confirmadas definitivamente ao Duque de Bragança e às instituições da Igreja que são as únicas legitimas sucessoras da Ordem que foi em tempos Monástica e Militar.
D. Manuel António Mendes dos Santos, Capelão Geral da Ordem e Presidente da Federação dos Arcebispos e Bispos das Reais Irmandades Diocesanas, foi o Prelado que presidiu à Missa e Investiduras em Alcobaça.
Fonte: Infocul
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
terça-feira, 22 de outubro de 2019
SS. AA. RR., Os Duques de Bragança presentes no Casamento Imperial nos Invalides em Paris
Photo de l’arrivée de la comtesse Olympia d’Arco-Zinneberg aux Invalides où a lieu la cérémonie de mariage avec le prince Jean-Christophe Napoléon.
Duchess Dona Isabel de Bragance and Duke Dom Duarte de Bragance attend the Wedding of Prince Jean-Christophe Napoleon and Olympia Von Arco-Zinneberg at Les Invalides on October 19, 2019 in Paris, France.
Fonte: getty images e Noblesse & Royautés
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
Disparates do Mundo
E este é o facto mais notório e mais dominante na moderna discussão das questões sociais: o facto de a controvérsia não dizer respeito apenas às dificuldades, mas também aos objectivos. Estamos todos de acordo acerca do mal; é relativamente à definição do bem que estamos dispostos a arrancar os olhos uns aos outros. Todos reconhecemos que uma aristocracia indolente é um mal; mas estamos longe de afirmar unanimemente que uma aristocracia activa seria um bem. Todos nos sentimos irritados com os sacerdotes ímpios; mas alguns de nós sentiriam profunda aversão se nos deparássemos com um sacerdote verdadeiramente pio. Toda a gente se indigna com a circunstância de termos um exército fraco, incluindo as pessoas que se indignariam ainda mais se o nosso exército fosse forte.
A questão da sociedade é exactamente o oposto da questão da saúde. Diversamente dos médicos, nós não estamos em desacordo acerca da natureza da doença, concordando embora acerca da natureza da saúde; pelo contrário, todos nós concordamos que a Inglaterra está doente, mas aquilo a que metade de nós chamaria um estado de saúde pujante, repugnaria à outra metade. Os insultos públicos são de tal maneira proeminentes e pestilentos, que arrastam as almas generosas numa unanimidade fictícia; esquecemos que, embora estejamos de acordo quanto aos insultos, discordamos profundamente em matéria de elogios. O Sr. Cadbury e eu, não temos dificuldade em concordar sobre o que é um pub inaceitável; mas teríamos uma lamentável altercação se nos encontrássemos diante de um pub aceitável.
Defendo, pois, que o método sociológico habitual – começar por dissecar a pobreza abjecta ou por catalogar a prostituição – é perfeitamente inútil. Ninguém aprecia a pobreza abjecta; o problema surge quando começamos a discutir a pobreza digna e independente. Ninguém aprecia a prostituição; mas nem todos gostamos da pureza. A única maneira de discutirmos os males sociais é passarmos imediatamente ao ideal social. Todos conseguimos identificar a loucura nacional; mas o que é a sanidade nacional? Dei a este livro o título de Disparates do Mundo, e não é difícil identificar o conteúdo do mesmo. Pois o grande despropósito do mundo consiste em não perguntarmos qual é o propósito.
G. K. Chesterton in «Disparates do Mundo», 1910
Fonte: Veritatis
domingo, 20 de outubro de 2019
Estudantes negros no Portugal de 1770
Paul Erdman Isert (1756-1789), médico cirurgião, botânico e ornitólogo alemão viveu durante a década de 1780 na chamada Costa do Ouro (hoje república do Gana), situada no Golfo da Guiné, ali servindo a Companhia Dinamarquesa das Índias Ocidentais e Guiné. Dessa experiência deixou um famoso Voyages en Guinée et dans les îles Caraïbes en Amérique (1788) que na Europa foi objecto de grande curiosidade.
Isert foi testemunha do grande impacto cultural que os portugueses haviam tido na região, cedo apercebendo-se que os naturais conservavam com orgulho traços da língua, mas igualmente a prática do catolicismo, instituições, técnicas de edificação e até práticas alimentares. Assim, não deixou de notar que à aproximação de europeus, os naturais saudavam amigavelmente com um "a hora" (em boa hora, tal como então se cumprimentava em português) e as despedidas eram feitas com um "adio". O reinete local tinha como principais auxiliares brancos portugueses, responsáveis por todas as operações comerciais com as regiões costeiras demandadas por ingleses, franceses, holandeses e dinamarqueses.
Com efeito, Isert tomou consciência que os portugueses, embora já tivessem perdido o controlo das feitorias e fortins que haviam possuído na região, continuavam a manter contactos esporádicos. A atestá-lo, o facto de em Gragi, um dos chefes locais falar ainda um bom português e dele ter recebido a informação que um dos seus filhos partira há pouco para Portugal para ali estudar, ou seja, para aprender a ler, escrever e contar. Posto que o trato negreiro se dirigia do Golfo da Guiné para o Novo Mundo, foi informado que era do Brasil e não da Europa que os exércitos locais se abasteciam de armas de fogo, mas não só. A prática do consumo de tabaco fora introduzida por portugueses do Brasil, assim como árvores de frutos muito cobiçados pelas propriedades terapêuticas, tais como limoeiros e laranjeiras.
Dessa impregnação resultou um grande surto de adesão ao cristianismo e hoje, seiscentos anos após a chegada dos portugueses, 15% da população pratica a religião católica.
MCB
Fonte: Nova Portugalidade
sábado, 19 de outubro de 2019
SS. AA. RR., Os Duques de Bragança presentes no lançamento do livro "A Liberdade Portuguesa"
Numa das “casas” de Henrique Barrilaro Ruas, o Centro Nacional de Cultura que ajudou a fundar e de que foi presidente, cerca de uma centena de amigos e admiradores do escritor, filósofo, professor, político e sobretudo do homem, cristão, português e monárquico, assistiram ao evento que celebrou o lançamento do livro “A Liberdade Portuguesa”, um excelente título do novo livro da chancela Razões Reais da Real Associação de Lisboa (RAL), que reúne textos dispersos de Henrique Barrilaro Ruas.
Na presença de Suas Altezas Reais o Senhor Dom Duarte e Senhora Dona Isabel de Bragança, a sessão iniciou-se com palavras de boas vindas de Maria Calado, presidente do CNC, referindo a ligação de Henrique Ruas àquele Centro, a introdução e apresentações de João Távora, presidente da RAL, e a alocução de Vasco Rosa, que tão criteriosa e cuidadosamente escolheu e organizou os textos do livro. As intervenções prosseguiram com o prefaciador, o jornalista Nuno Miguel Guedes, relatando a sua experiência pessoal com o homenageado e Augusto Ferreira do Amaral, que resumiu todo o pensamento, postura e carácter de Henrique Barrilaro Ruas, nos vários aspectos da sua vida que tanto granjeou admiração e respeito de todos quantos o conheceram. Guilherme d’Oliveira Martins, vogal do CNC, chegou a tempo de tomar a palavra e reforçar o discurso precedente realçando a faceta humanista de Henrique Ruas. No final desta concorrida sessão, coube a João Távora reiterar os devidos agradecimentos e de apelar aos presentes à participação na vida desta associação monárquica.
Fonte: Real Associação de Lisboa
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
Realeza reunida em Portugal
No final de Setembro último, o príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança foi condecorado pelo rei de Portugal, Dom Duarte Bragança, com a medalha da Grã Cruz Honorário da Real Ordem de São Miguel de Ala. Na noite do último dia 28, ele foi homenageado com jantar oferecido por Dom Duarte e pela rainha dona Izabel Heredia Bragança, no Estoril. No dia seguinte, no Mosteiro de Santa Maria, em Alcobaça, após cerimônia religiosa, houve a entrega da referida comenda. Presentes, além dos familiares do ducado de Bragança e do Brasil, vários membros da realeza europeia. Foi uma bela festa. Do Brasil estiveram seus pais, Ana Maria Moraes e Baldomero Barbará, sua irmã Ana Luiz de Orleans e Bragança e o seu sogro Luiz Carlos Miguita, na foto, com Luiz Phillipe, que é deputado federal por São Paulo, a rainha Izabel e o rei de Portugal Dom Duarte.
Fonte: Folha de Londrina
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
SAR, Dom Duarte Pio de Bragança colocou uma flor no túmulo de Amália Rodrigues
No Panteão Nacional S.A.R. Dom Duarte Pio de Bragança colocou uma flor no túmulo da D. Amália e falou da grandeza da Voz de Portugal e dos primeiros tempos de convívio com a Senhora Marquesa Olga Cadaval e sua Tia D. Filipa.
Fonte: Monarquia Portuguesa
quarta-feira, 16 de outubro de 2019
Não, a primeira não foi Joacine Katar Moreira
Muito antes de a imprensa celebrar a eleição de Joacine Moreira como "a primeira deputada negra ao parlamento", já Sinclética Soares dos Santos Torres era deputada à Assembleia Nacional. Eleita pela primeira vez em 1965, natural de Luanda e representante em Lisboa do Estado de Angola, a primeira deputada negra portuguesa perdeu a nacionalidade em 1975, por razão do decreto infame de Almeida Santos que cancelou aos portugueses não-brancos do Ultramar a plena cidadania portuguesa de que gozavam. Sinclética Santos Torres morreu em Luanda em 2009. Em distinto contraste com Joacine, Sinclética era uma fervorosa patriota portuguesa. A esta grande mulher, sim, a nossa vénia e o nosso tributo.
Fonte: Nova Portugalidade
terça-feira, 15 de outubro de 2019
A justa oposição dos Povos
Os Povos que, enfim, não são tão tolos como eles os querem fazer, ou querem que sejam, começam a desconfiar de tanta manteiga e de tão palavrosos Impostores; e pelo que eles começam a fazer e a decretar, conhecem que o fim máximo destes perturbadores do sossego das Nações é roubar e dominar; a reacção é igual à compressão, e a elasticidade moral é mais valente que a elasticidade física; e por um impulso natural, e unânime recalcitra, e diz altamente que não está para aturar uma cambada de Arlequins e Saltimbancos, uma caterva de Tira-dentes, que ainda até agora, por quase quarenta anos, não dizem senão o mesmo, não tem outras frases, outra linguagem na França, na Espanha, em Nápoles, no Piemonte, e nas margens do Tejo cristalino, embutindo a mesma descosida arenga, ou nariz de cera de Médico, ao Botocudo n'América, e a este seu Criado no Forno do Tijolo. Universaliza-se e pronuncia-se esta justíssima oposição, porque os Povos, enfim, antes querem estar pelo que lhes prometia o Homem das Botas e o Gigante Voraz, do que pelo que promete esta Horda de amotinadores, que arrancam as Nações do seio da tranquilidade, aluindo-lhes os alicerces da ventura social, firmados nos antigos costumes, nas antigas Leis: fossem embora um jugo de ferro, ninguém se queixava a estes Senhores, e ninguém lhes encomendava tal Sermão; e se alguém lho tinha encomendado, que lho pagasse.
Pe. José Agostinho de Macedo in «Cartas de José Agostinho de Macedo a seu amigo J.J.P.L.», 1827
Fonte: Veritatis
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
Duques de Bragança na Missa Solene da Real Irmandade de São Miguel de Ala
Foi a 29 de Setembro que se celebrou no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, pelas 11h00, a Missa Solene da Real Irmandade de São Miguel da Ala e a imposição da coroa à imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, do Centenário das Aparições, vinda de Vila Viçosa.
A cerimónia foi presidida pelo Bispo de S. Tomé e Príncipe, D. Manuel António Mendes dos Santos. Foram muitas as pessoas que se deslocaram até à igreja do mosteiro, preenchendo todos os lugares sentados e ficando ainda gente de pé.
A coroação da imagem peregrina coube à duquesa de Bragança, D. Isabel de Bragança, que esteve presente na cerimónia juntamente com o marido, o duque de Bragança, D. Duarte Pio.
Além dos duques de Bragança, na Missa estiveram presentes os príncipes da Albânia, os arquiduques da Áustria, o príncipe Luiz Philippe de Orléans e Bragança, a princesa Constança de Bourbon-Parma e lord Lyon King of Arms of Scotland, em representação da rainha Isabel II de Inglaterra, bem como cerca de uma centena de membros da Ordem de S. Miguel.
Durante a celebração, a Real Irmandade de São Miguel da Ala revelou a intenção de fazer um donativo à Paróquia de Alcobaça para um órgão de tubos.
Fonte: O Alcoa
domingo, 13 de outubro de 2019
D. Gualdim Pais, Mestre dos Templários (1118 – 1195)
Em Jerusalém, nasce a Ordem dos Cavaleiros do Templo – os Templários, fundada por nove cavaleiros.
1126 – Primeira doação feita aos Templários em território português.
Apenas oito anos após a sua fundação em Jerusalém, os Templários recebiam as primeiras terras, doadas por D. Teresa em 1126, ainda antes de Portugal nascer. Foram as terras de Fonte Arcada, no actual distrito de Viseu.
1128 – No ano da batalha de S. Mamede, Gualdim Pais terá passado a ser educado na corte, perto de D. Afonso, nove anos mais velho.
O pequeno Gualdim era sobrinho de D. Paio Mendes, arcebispo de Braga, a figura mais importante do clero português, aliado e conselheiro político de D. Afonso Henriques.
1129 – Afonso Henriques, cavaleiro Templário.
Depois de vencer a mãe e os seus aliados galegos, na batalha de S. Mamede, D. Afonso Henriques vai reconfirmar uma doação que D. Teresa tinha feito aos Templários: a doação de Soure, perto de Coimbra. Nesse documento, D. Afonso afirma que ele próprio é um cavaleiro Templário: “…in vestre fraternitate sum frater”
1139 – Gualdim Pais e Afonso Henriques na batalha de Ourique. Segundo a tradição, Afonso Henriques venceu o exército de cinco reis mouros que se tinham reunido contra ele.
Antes da batalha é aclamado como rei pelos seus cavaleiros. Gualdim Pais, então com 21 anos, era um desses homens. Lutou com tanta coragem que logo ali, no mesmo dia em que pela primeira vez chamaram rei a Afonso Henriques, foi armado cavaleiro pelo príncipe português.
1143 – Assinatura do Tratado de Zamora.
Com este documento assinado Afonso VII (rei de Leão e Castela) e D. Afonso Henriques, o território do Condado Portucalense torna-se independente. Nasce o reino de Portugal.
1147 – Conquista de Santarém.
D. Gualdim é um dos 120 guerreiros que, ao lado do rei, vão tomar de assalto o castelo de Santarém, escalando as suas muralhas durante a noite. O rei seleccionou, sem dúvida, os seus melhores combatentes para este ataque e boa parte desta força eram cavaleiros Templários.
Conquista de Lisboa. D. Gualdim está entre os 30.000 guerreiros, cerca de 15.000 portugueses e outros tantos Cruzados estrangeiros, que durante quatro meses atacaram a cidade de Lisboa até à sua rendição.
1151 – D. Gualdim parte para a Terra Santa, onde se torna Templário.
Na continuação da 2ª Cruzada, que começou pela conquista de Lisboa e vai continuar na Terra Santa, Gualdim Pais embarca para Jerusalém. Nestas terras cristãs do Oriente vai D. Gualdim, durante cinco anos, viajar e combater contra os muçulmanos.
Nem todos os autores estão de acordo, alguns dizem que já era Templário quando partiu para a Terra Santa, mas é possível que tenha sido já em Jerusalém que entrou para a Ordem, recebido pelo Grão-Mestre Templário, Bernard de Trémelay.
1153 – Gualdim Pais participa no cerco de Ascalon. Além de importante cidade marítima, daqui partiam frequentes ataques muçulmanos sobre os peregrinos cristãos a caminho de Jerusalém. Estas foram as principais razões que levaram os cristãos à sua conquista.
À força de tiro das catapultas, que atiravam pedregulhos contra o castelo, as muralhas abriram uma brecha. Por aí logo entraram 40 cavaleiros Templários, incluindo o seu Grão-Mestre, mas os outros cristãos não os seguiram e eles foram cercados. Encurralados em ruas estreitas, são todos abatidos pelas setas que chovem sobre eles.
Para desencorajar os guerreiros que cercavam o castelo, os 40 Templários foram degolados e as suas cabeças penduradas nas muralhas. Uma semana depois, após um cerco de cinco meses, Ascalon caiu nas mãos dos cristãos.
1156 – Depois de participar ainda no cerco de Gaza e no ataque e rendição de Sídon, Gualdim Pais… “… voltou para o Rei que o criara e o fizera cavaleiro (Afonso Henriques)”. Nestes cinco anos de combates e viagens por terras do Médio Oriente, D. Gualdim Pais viu e aprendeu muito. Conheceu as técnicas mais avançadas na construção de castelos, erguidos na Terra Santa pelos Cruzados.
Quando chegou a Portugal, revolucionou a forma de construir as fortalezas. Entre outras novidades, D. Gualdim vai introduzir o alambor e a torre de menagem, que surgem, pela primeira vez em Portugal, no castelo de Tomar.
1158 – Conquista de Alcácer do Sal. D. Gualdim, Mestre dos Templários portugueses.
Depois de conquistar Lisboa, D. Afonso Henriques tentou, por três vezes, conquistar o castelo de Alcácer do Sal. Primeiro, numa acção de surpresa, apenas acompanhado por 60 homens; depois, em 1151 e 1157, com a ajuda de armadas de Cruzados. Falhou sempre.
Em 1158, o nosso primeiro rei atacou mais uma vez. Só com forças portuguesas, cercou e atacou o castelo. Ao fim de dois meses de combates, Alcácer caiu nas mãos de Afonso Henriques.
Foi durante uma dessas lutas, enquanto tentava escalar as muralhas, que foi morto o Mestre dos Templários, D. Pedro Arnaldo. Com a morte de D. Pedro Arnaldo, ficaram os Templários sem Mestre. Logo escolheram Gualdim Pais para os comandar, o que foi muito do agrado de D. Afonso Henriques.
Não se sabe ao certo se D. Gualdim Pais assumiu o comando dos Templários portugueses em finais de 1158 ou no início de 59. O que se sabe é que, depois dele, nada será como antes.
1159 – A doação de Ceras.
Logo em Fevereiro deste ano, Gualdim Pais resolve um problema que se arrastava há anos com D. Gilberto, o bispo inglês de Lisboa. Entre os 120 homens que conquistaram Santarém, ao lado de Afonso Henriques, boa parte deles eram cavaleiros Templários. No assalto ao castelo, a sua ajuda foi tão importante que o rei decidiu recompensá-los e deu-lhes os direitos sobre o Eclesiástico de Santarém, ou seja, sobre as suas igrejas.
Naquele tempo as igrejas recebiam rendas das terras que possuíam e arrendavam. Além disto, cobravam um imposto aos cristãos, o dízimo, normalmente pago em produtos agrícolas.
Oito meses depois de Santarém, nesse mesmo ano de 1147, D. Afonso Henriques conquistou Lisboa com a ajuda de 13.000 Cruzados. Um deles era D. Gilberto de Hastings, monge inglês que o nosso primeiro rei vai nomear para bispo de Lisboa. Ora, D. Gilberto achava que os direitos sobre as igrejas de Santarém pertenciam ao bispo de Lisboa e fez essa reclamação junto do Papa, iniciando-se um longo conflito.
Com acordo de D. Afonso Henriques, Gualdim Pais vai logo resolver este assunto. Os Templários cedem os direitos sobre Santarém a D. Gilberto, excepto os da igreja de Santiago, e recebem do rei o vasto território de Ceras. Têm o dever de o defender de qualquer ataque árabe e o direito de o explorar economicamente, livre de quaisquer obrigações ou pagamento de impostos ao rei ou ao bispo.
O território de Ceras, que incluía todo o actual concelho de Tomar, passou a ser a sede da Ordem dos Templários em Portugal.
1160 – A fundação do castelo de Tomar.
O nome de Ceras era devido ao velho castelo, erguido pelos romanos, num monte junto à ribeira de Ceras. Era a única fortificação existente neste vasto e pouco habitado território. A estrada romana (unindo Lisboa a Braga) permitia aos árabes passar com facilidade e atacar a capital do reino no século XII – Coimbra. Para impedir essa entrada, D. Gualdim Pais tinha que fortificar o território.
Não agradou ao Mestre o estado de ruína do castelo de Ceras nem a sua localização, tendo procurado outro sítio para construir a sua principal fortaleza. Encontrou-o a dez quilómetros, num largo vale rasgado por um rio, o Nabão, junto às ruínas da cidade romana de Sellium.
No dia 1 de Março de 1160, Gualdim Pais e os seus Templários começaram a erguer o castelo de Tomar.
1162 – Primeiro foral de Tomar.
A segurança dada pelo castelo, bem como as terras férteis junto ao rio, atraíram rapidamente os povoadores, que construíram as suas casas dentro das muralhas do castelo, na Almedina.
Para regular a vida na vila e as relações dos povoadores com a Ordem, D. Gualdim Pais deu o primeiro foral a Tomar, apenas dois anos depois de se começar a construir o castelo. Por esse documento ficamos a saber das diferenças sociais que havia entre os primeiros tomarenses.
Os habitantes estavam divididos em dois grupos com diferentes deveres e direitos, os cavaleiros vilãos e os peões herdadores, conforme participavam nas batalhas a cavalo ou a pé. Os primeiros tinham os seus bens livres do pagamento de impostos; já os segundos pagavam uma renda ou foro, em produtos agrícolas, para poderem trabalhar nas terras da Ordem.
No foral também estavam escritas as obrigações dos habitantes da vila para defender o castelo e o território. Aí se diz que as atalaias (sentinelas) eram feitas metade do ano pelos Templários e outros seis meses pelo povo; que os habitantes não tinham de pagar ou dar de comer aos guardas das portas do castelo e da vila; quando o rei chamasse para a guerra, cada cavaleiro templário era acompanhado por quatro combatentes, recrutados entre os homens da vila de Tomar.
1165 – Doação de Idanha e Monsanto.
Depois da doação de Ceras, D. Afonso Henriques entrega aos Templários outro enorme território, uma faixa com 100 quilómetros por 40 de largura, na Beira Baixa. Queria-se evitar que os mouros atravessassem o Tejo para atacar o norte do país, mas também povoar esta região quase deserta.
Agora os Templários têm enormes territórios à sua guarda. D. Gualdim sabe que é urgente erguer fortalezas e vai dirigir a construção de vários castelos ao mesmo tempo.
1169 – Desastre de Badajoz.
Sempre foi a vontade do rei que decidiu e comandou a reconquista das terras aos árabes. Afonso Henriques sempre dirigiu essas conquistas para sul, em direcção ao Algarve. Porém, agora deixa-se influenciar por Geraldo Geraldes e, em vez de continuar nesse sentido, vai atacar para o interior da Península Ibérica, um território que o rei de Leão também queria para si.
O alvo é a importante cidade árabe de Badajoz. Geraldo ataca, chega a entrar nas muralhas e a tomar a cidade, mas os mouros resistem-lhe na alcáçova, o último reduto. D. Afonso Henriques veio reforçar o cerco com as suas tropas, mas não contou com os interesses do seu genro, o rei de Leão, que se aliou aos árabes de Badajoz e veio cercar D. Afonso.
Feito prisioneiro pelos soldados do rei de Leão, foi libertado após dois meses, mas nunca mais pôde voltar aos campos de batalha.
Não podendo D. Afonso continuar a comandar a Reconquista, nesse mesmo ano de 1169 vai entregar aos Templários de D. Gualdim Pais a defesa e o povoamento do Alentejo, dando á Ordem 1/3 de todas as conquistas que fossem feitas.
1171 – Construção do castelo de Almourol.
Nesta ilha de granito, no meio do Tejo, existia um castelo árabe chamado Almorolan, que significava “Pedra Alta”. Em 1128, foi conquistado por D. Afonso Henriques que o entregou aos Templários.
Foi sobre as ruínas do velho castelo dos mouros que D. Gualdim Pais reedificou o novo, um dos mais bonitos de Portugal. Com o de Tomar e outros que os Templários construíram entre o Tejo e o Zêzere, destinava-se a travar possíveis ataques dos exércitos árabes em direcção a Coimbra, a capital do reino nesse tempo.
Neste mesmo ano terminou a construção do castelo de Pombal, iniciada por Gualdim Pais quando se tornou Mestre dos Templários, em 1159.
A proximidade do inimigo obrigava a um grande esforço na defesa do território. Gualdim Pais dirigiu, ao mesmo tempo, a construção dos castelos de Tomar, Pombal e Almourol, empregando técnicas de construção absolutamente novas em Portugal.
1172 – O castelo de Monsanto.
A estes castelos ainda se deve juntar o de Monsanto, também reconstruído por D. Gualdim sobre antigas muralhas romanas e árabes, entre 1165 e 1172.
1174 – O castelo do Zêzere.
D. Gualdim Pais deu foral à vila de Paio de Pele, actual povoação de Praia do Ribatejo – Vila Nova da Barquinha. Por esta altura, terá sido ali construído o já desaparecido castelo do Zêzere, junto à margem do rio.
O segundo foral de Tomar. Neste ano, além de Paio de Pele, D. Gualdim deu, não só, foral à vila de Pombal, mas também um segundo foral a Tomar. Este documento mostra-nos que a nossa vila tinha crescido em tamanho e número de povoadores, pelo que Gualdim Pais viu necessidade de criar novas regras para regular a vida dos habitantes de Tomar.
A principal preocupação de Gualdim Pais neste foral é de carácter criminal. Como ele aí diz: “… eu, Mestre Gualdim, de acordo com os meus freires (Templários), com o poder que me dá a vontade de Deus, temos a necessidade de acabar com as ofensas e os roubos entre o povo subjugado a nós.” Aqui está enumerada toda uma série de crimes, do homicídio (matar alguém) ao roubo, e os respectivos castigos a aplicar. Algumas das penas eram tremendamente duras.
A verdade é que também havia crimes e costumes horríveis, como o de mandar encher a boca de alguém com excrementos: o crime da “merda na boca”. Aparece referido em bastantes forais deste período e alguns reis, como D. Diniz, chegaram a condenar à morte quem praticasse tal acto. No foral de Tomar dizia-se que quem lançasse esterco à cara de outro, pagaria 60 soldos de multa.
Era também esta quantia que pagava quem entrasse para furtar, à noite, numa vinha ou numa horta. Pagava isso e o que trouxesse vestido. Metade da multa era para o dono da horta ou da vinha e a outra metade para os senhores da terra, os Templários. Se o ladrão não pudesse pagar, era pregado a uma porta, durante um dia, e depois chicoteado.
Em Tomar também havia escravos mouros, prisioneiros de guerra, e esses eram tratados de forma ainda mais dura, sem quaisquer direitos: “O mordomo (a autoridade do Concelho) não prenda o mouro que ande acorrentado, ou a moura solta, por qualquer dano, mas se os senhores da terra (Templários) ou o Concelho acharem que fez coisa grave por que mereça ser apedrejado ou queimado, seja então apedrejado ou queimado. Se tal coisa fez que mereça ser chicoteado, chicoteiem-no, tanto o mouro como a moura, e entreguem-nos ao seu dono.”
Apesar da maior parte deste foral nos falar de crimes e castigos, também aqui estão indicados os impostos e as rendas que os povoadores tinham de pagar aos Templários. Esses pagamentos eram calculados conforme os rendeiros das terras possuíssem juntas de bois para lavrar ou cavassem a terra usando uma simples enxada.
Estes impostos eram tão pesados que os habitantes de Tomar, aproveitando a confusão que se gerou com o fim dramático dos Templários e a sua substituição pela Ordem de Cristo, no início do século XIV, apagaram estas obrigações no foral. A falsificação foi descoberta, quase ao fim de cem anos, e os tomarenses foram condenados a pagar, de uma vez, todas as rendas atrasadas à Ordem de Cristo.
1176 – O castelo de Longroiva. As terras de Longroiva, com o seu velho castelo do século X, foram doadas aos Templários por um cunhado de Afonso Henriques, em 1145.
D. Gualdim Pais vai renovar este antigo castelo, construindo-lhe uma elevada torre de menagem. É nesta torre que, pela primeira vez em Portugal, vai ser montado um hurdício, balcão de madeira, apoiado em traves que saem da torre, permitindo despejar líquidos a ferver ou pedregulhos sobre os atacantes da torre.
1178 – D. Sancho comanda um exército de vários milhares de homens, num fossado por terras árabes. Talvez para fazer sentir aos mouros que a incapacidade física do deu pai não retirava aos portugueses a capacidade de ataque, o jovem Sancho vai comandar este fossado que chega a atacar a importante cidade de Sevilha, no “coração” das terras muçulmanas.
D. Gualdim Pais, que sempre acompanhara Afonso Henriques nas suas batalhas, está agora ao lado do infante D. Sancho, servindo-o com a sua espada e os seus conselhos.
1179 – O Papa Alexandre III reconhece a independência do reino de Portugal, através da bula Manifestis Probatum.
1185 – D. Afonso Henriques morre em Coimbra. O primeiro rei português está sepultado no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, a “capital” ao tempo que D. Afonso Henriques fundou o reino de Portugal.
1187 – Castelo de Idanha-a-Nova.
A doação de Idanha (1165), que D. Afonso Henriques fez aos Templários, referia-se a Idanha-a-Velha que, juntamente com Monsanto, eram as únicas fortificações existentes nesta vasta região. Além de alterar e reconstruir estes castelos, D. Gualdim vai ainda fundar neste território os castelos Novo e do Ródão.
Em 1187 inicia-se a construção do castelo de Idanha-a-Nova. Protegida pelas muralhas da nova fortaleza, vai nascer a povoação a que D. Sancho I dá foral.
1190 – Cerco de Tomar.
Neste ano, as forças muçulmanas realizaram um forte contra-ataque e fizeram recuar os portugueses, desde o Algarve até ao rio Tejo. Conquistaram e saquearam castelos e povoações por todo o Alentejo e Ribatejo.
Os defensores de Tomar foram avisados da aproximação do exército árabe, através do alerta enviado pelas sentinelas da torre de vigia ou atalaia que existia entre os castelos de Tomar e Almourol.
No dia 13 de Julho, novecentos guerreiros árabes, chefiados pelo rei Almansor de Marrocos, cercaram o inacabado castelo de Tomar. Lá dentro, cerca de duas centenas de defensores eram comandados por um velho guerreiro, de 72 anos, D. Gualdim Pais.
Os árabes, durante seis longos dias, saquearam os campos em redor e cercaram o castelo, fazendo várias tentativas para o conquistar. A certa altura, chegaram a transpor a porta de Almedina que hoje dá para a mata dos Sete Montes e, nesse tempo, dava acesso à vila que ficava dentro das muralhas. Os cavaleiros Templários foram ao encontro do inimigo e conseguiram repelir o ataque, mas o combate foi tão violento que, a partir daí, a porta de Almedina passou a chamar-se porta do Sangue.
Foi em Tomar que foi travado o contra-ataque árabe de 1190, graças à valentia de D. Gualdim Pais e dos seus cavaleiros Templários.
1195 – Morte de D. Gualdim Pais.
Morre, aos treze dias do mês de Outubro, no seu castelo de Tomar, como nos conta a sua lápide funerária. Foi sepultado na igreja de Santa Maria dos Olivais, por ele mandada reconstruir sobre as ruínas de um mosteiro do século VII.
Como se viu, D. Gualdim nasceu no mesmo ano em que foi fundada a Ordem do Templo (1118). Morreu no mesmo dia (13 de Outubro) em que os Templários, mais de um século depois (1307), começaram a ser presos e perseguidos em França, num processo que acabará com a Ordem do Templo.
Fonte: Tomar Terra Templária
sábado, 12 de outubro de 2019
O Império Contra-Ataca
Finalmente se falará com seriedade do Império.
No dia 9 de Novembro, vai realizar-se na Casa de Goa, em Lisboa, a partir das 10h30, o colóquio Império Contra-Ataca!
Reunindo excelente painel de académicos e investigadores, pretende o colóquio oferecer uma vasta perspectiva do Império Português nas suas vertentes doutrinária, antropológica e sociológica, científica e cultural, política, institucional e artística, assim como da sua herança no quadro histórico da Portugalidade contemporânea.
Com este colóquio, a discussão da maior das realizações portuguesas, os Descobrimentos, a criação do império e a formação da civilização portuguesa, deixará de ser monopólio de radicais apostados no apagamento da nossa História.
Reunindo excelente painel de académicos e investigadores, pretende o colóquio oferecer uma vasta perspectiva do Império Português nas suas vertentes doutrinária, antropológica e sociológica, científica e cultural, política, institucional e artística, assim como da sua herança no quadro histórico da Portugalidade contemporânea.
Com este colóquio, a discussão da maior das realizações portuguesas, os Descobrimentos, a criação do império e a formação da civilização portuguesa, deixará de ser monopólio de radicais apostados no apagamento da nossa História.
PROGRAMA
10h30 – 11h20 Acreditações
11h30 Abertura
11h30 Abertura
11h30 – 12h30 “Razões do Império”
Alexandre Franco de Sá
Alexandre Franco de Sá
12h30 – 13h30 “A Ideia portuguesa de Império”
José Adelino Maltez
José Adelino Maltez
13h30 – 14h45 Almoço
14h45 – 15h45 “A Igreja na Expansão: Missionação e Ciência”
Madalena Larcher Nunes
Madalena Larcher Nunes
15h45 – 16h45 “Império da Lei”
Fernando Borges Araújo
Fernando Borges Araújo
16h45 – 17h00 Pausa para lanche
17h00 – 18h00 “Império dos Homens”
Pe. António Colimão e Luísa Timóteo
Pe. António Colimão e Luísa Timóteo
18h00 – 19h00 “Do Império à Portugalidade”
Miguel Castelo-Branco e Rafael Pinto Borges
Miguel Castelo-Branco e Rafael Pinto Borges
Encerramento / Apresentação da Casa dos Vinte e Quatro da Nova Portugalidade
__________________________ _________
__________________________
As inscrições são limitadas, pelo que pedimos aos interessados que se apressem.
Marque já a sua presença:
https://www.facebook.com/ events/3049545881786578/
https://www.facebook.com/
Fonte: Nova Portugalidade
sexta-feira, 11 de outubro de 2019
Cortejo Templário Nocturno assinala legado da Ordem do Templo - Tomar
Tomar vai receber este sábado, 12 de Outubro, com partida às 22h30 do Castelo de Tomar, um Cortejo Templário Nocturno que pretende assinalar a morte de Gualdim Pais, em 1195, e o início da perseguição que levou à extinção da Ordem dos Templários.
Em nota de imprensa, a autarquia refere que “neste ano em que a Festa Templária não se realizou devido à coincidência de datas com os Tabuleiros que envolveram toda a população do concelho, o legado da Ordem não foi esquecido, sendo comemorado no fim-de-semana em que se celebram dois importantes aniversários com ela relacionados: a morte do mestre D. Gualdim Pais, em 1195, e o início da perseguição que terminaria com a sua extinção, em 1307, ambos a 13 de Outubro”.
O cortejo terá o seguinte percurso: Av. Dr. Vieira Guimarães, Av. Dr. Cândido Madureira, Rua Infantaria 15, Praça da República, Rua Serpa Pinto, Ponte Velha, Rua de Santa Iria e finalizando na igreja de Santa Maria dos Olivais.
Fonte: Rede Regional
quinta-feira, 10 de outubro de 2019
Conferência: A Importância do Recontro de Valdevez Para a Formação de Portugal
No próximo dia 12 de Outubro, às 21h30m, terá lugar em Arcos de Valdevez uma Conferência subordinada ao tema "A importância do Recontro de Valdevez Para a Formação de Portugal", proferida pelo Ilustre Professor Luís Amaral, docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Trata-se de uma organização conjunta da Real Associação de Viana do Castelo do GEPA (Grupo de Estudos do Património Arcuense), associação criada em 1980 para a defesa do património arcuense e do Rotary de Arcos de Valdevez, que conta também com o apoio de várias outras entidades.
Trata-se de uma organização conjunta da Real Associação de Viana do Castelo do GEPA (Grupo de Estudos do Património Arcuense), associação criada em 1980 para a defesa do património arcuense e do Rotary de Arcos de Valdevez, que conta também com o apoio de várias outras entidades.
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
Lançamento de "A Liberdade Portuguesa" - uma homenagem a Henrique Barrilaro Ruas
A Real Associação de Lisboa agendou para o próximo dia 17 de Outubro pelas 18:30 o lançamento do livro "A Liberdade Portuguesa", uma antologia de textos dispersos de Henrique Barrilaro Ruas compilada por Vasco Rosa e com prefácio do jornalista Nuno Miguel Guedes publicada sob a nossa chancela Razões Reais. Esta obra, cujo lançamento terá lugar no Centro Nacional de Cultura, no Largo do Picadeiro, nº 10-1º (ao lado do Café No Chiado), constitui uma homenagem ao homem do pensamento e doutrinador monárquico que foi Henrique Barrilaro Ruas e contará com a apresentação de Augusto Ferreira do Amaral, Guilherme Oliveira Martins e a presença dos Duques de Bragança.
Fonte: Real Associação de Lisboa
terça-feira, 8 de outubro de 2019
A princesa portuguesa que fez frente a Hitler
Dona Maria Adelaide de Bragança, uma desconhecida heroína portuguesa
Trabalhou como Enfermeira na Áustria. Foi durante muito tempo a mais idosa princesa de Portugal. Tia de Dom Duarte Pio, actual Duque de Bragança, era a última neta de D. Miguel. Nasceu em 1912.
Durante a Segunda Guerra Mundial foi condenada à morte duas vezes.
A primeira condenação deveu-se a quando chefiava uma rede que tinha por missão fazer fugir pessoas procuradas, perseguidas ou condenadas pelos Nazis. Desde paraquedistas aliados, espiões, judeus e outros. Foi apanhada pelas SS e condenada à morte. O governo de Salazar ao saber da noticia interveio imediatamente, afirmando que era cidadã portuguesa e após muita luta diplomática, conseguiu salvá-la.
A segunda condenação será ainda mais "heróica". Novamente agente da resistência, tem por nome de código "Mafalda", fazia a ligação entre os Ingleses e o Conde Claus von Stauffenberg, líder do atentado falhado contra Hitler, a chamada operação Valquíria. É apanhada, condenada à morte pela segunda vez mas desta feita é salva pelos soviéticos, após a vitória destes em Viena.
Voltou a Portugal em 1949 e por cá ficou. Faleceu em 2012.
Porque esta grande portuguesa merece ser conhecida, partilhe esta publicação.
Cristiano Santos
Fonte: Nova Portugalidade
segunda-feira, 7 de outubro de 2019
Voltar à realidade
«O homem sem pátria, sem família e sem Deus, já não está senão ligado à representação [subjectiva] que forma do universo», apontou com razão o Prof. De Corte. Platão notava que «o homem é o único ser da natureza que pode emigrar da realidade própria e instalar-se na imaginação».
Todo o problema do homem moderno consiste em voltar à realidade. Mas o homem não o consegue sem dificuldades, sem vontade, sem esforço intelectual. Nisso está em desvantagem relativamente ao resto da Criação, se nos atemos a um ponto de vista materialista.
«Todos os seres vivos – assinalou o Dr. Carrel –, à excepção do homem, possuem uma espécie de ciência inata do universo e de si mesmos. Esse instinto força-os a inserirem-se na realidade, de forma completa e segura. Não têm, pois, a liberdade de se enganar. Só os seres dotados de razão são falíveis, e por conseguinte, perfectíveis.»
Jacques Ploncard d'Assac in «Três Estudos Políticos», 1956
Fonte: Veritatis
Subscrever:
Mensagens (Atom)