Se Lisboa tivesse sido construída com a malagueta da Costa da Malagueta ou com a pimenta-de-rabo do Benim, nunca teria passado de uma patética aldeola, pois quer o grão-do-paraíso (malagueta), quer a pimenta do Benim eram sofrívreis e baratos substitutos das especiarias do Oriente. O seu preço era pouco mais do que insignificante.
Se Lisboa tivesse sido construída por escravos, não havia Lisboa, de todo, pois o seu quantitativo era insignificante ao longo dos séculos XVII e XVIII (respectivamente 4,5% e 2,8%). O estudo atento do Rol de Confessados de Santa Justa fez há muito desabar o mito de uma Lisboa abrigando uma imensa população escrava. Para além disso, esses 4,5% ou 2,8% de escravos eram aplicados na sua grande maioria em ocupações caseiras, mas também como remadores, carregadores, vendedores ambulantes, sapateiros, barbeiros, aguadeiros e caiadores. Pedreiros, havia-os poucos e especializados. As corporações, muito ciosas dos seus privilégios, jamais telerariam a concorrência de mão-de-obra gratuita.
Estas meninas devem fazer parte do contingente de novas professoras de História, pelo que se compreende que, encurtadas por Bolonha, não tenham tido tempo para passar além das fantasias, ou antes, delírios.
Fonte: Nova Portugalidade
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