quarta-feira, 17 de março de 2021

100 anos: 100 milhões de mortos

 


O notável artigo de Ramiro Marques “O louvado comunismo matou 100 milhões”, no Inconveniente – e baseado em Courtois, S. (ed.), Werth, N., Panné, J.-L., Paczkowsk, A., Bartošek, K. e Margolin, J.-L. (1998), Livro Negro do Comunismo, (ed. original francesa em 1997), Quetzal – reitera uma verdade factual. A aplicação prática do marxismo foi responsável por 100 milhões de mortos, desde a revolução de outubro de 1917, na Rússia.

É absurdo que uma doutrina política totalitária e sanguinária, e sua execução genocida no próprio povo, beneficie de branqueamento mediático. Que os seus crentes e militantes o façam é compreensível. Não conheceram outra fé e não conseguem sair dela.

Genocida tal como o nazismo, outra doutrina totalitária desumana que continua com seguidores, alguns disfarçados na pagã alt-right. O regime nazi alemão, com o aliado japonês, foi responsável principal, de acordo com os cálculos da Wikipedia, por 50 a 56 milhões de militares e civis vítimas diretas da II Guerra Mundial que provocou (incluindo 40 mil a 70 mil portugueses timorenses) e assassinatos (dos quais 4,9 a 5,9 milhões de judeus, e 250 mil a 500 mil ciganos, 250 mil deficientes e 70 mil “associais”, aí compreendidos criminosos de delitos comuns e também homossexuais), além de 19 a 28 milhões de mortos devido à fome e doenças relacionadas com a guerra.

Ou seja, de acordo com os dados da Wikipedia, o nazismo fez 69 a 84 milhões de mortos. Note-se que as estimativas diferem, principalmente nos cálculos de vítimas da guerra, da fome e doenças, na União Soviética e na China, e noutros territórios asiáticos. Todavia, Rudolph Rummel (em 1990) atribuiu 5,1 milhões de vítimas ao democídio soviético prévio à II Grande Guerra, de 1939 a junho de 1941, e 13 milhões durante a guerra.

O motivo de o comunismo beneficiar de louvor nos média, na política e nos média, dos países ocidentais, deriva da adesão metafísica ao marxismo, mais ou menos camuflada. Se os crimes do comunismo fossem assumidos pelos marxistas não lhes seria possível manter o discurso da bondade da doutrina professada. Assim, esses crimes são negados, ou justificados com as circunstâncias. E o marxismo pode continuar a ser apresentado como uma ideologia democrática, humanitária e libertadora, criadora de bem-estar.

E é por causa do homem, da sua vida e liberdade, que a denúncia dos genocídios, repressão e totalitarismo, que os crimes do socialismo real têm de ser denunciados e a doutrina sanguinária combatida.


António Balbino Caldeira

Fonte: Inconveniente


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