segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Para o mundo, o pior são as crianças

 Ou se não são, parecem. E para muitos são mesmo. Estes mostram-se activamente empenhados em promover atrocidades como o aborto, a pedofília ou a experimentação sexual com os inocentes. Dominam a imprensa e utilizam-na para mudar as já debilitadas mentalidades. Neste capítulo destacam-se algumas publicações supostamente sérias, como é o caso da TIME, que mais recentemente tem promovido a mudança de sexo em adolescentes e que há pouco mais de meio século atrás nos vendeu a cândida figura do pedófilo Alfred Kinsey.

Mas o que que me motiva a escrever estas palavras é a inqualificável campanha de que têm sido alvo os pais portugueses. A mais recente (embora já previsível) paranóia motivada pela COVID e pela ganância das empresas farmacêuticas é a da vacinação de crianças contra a doença em causa.

À partida o que pode soar mal quando se fala em vacinar seres humanos contra alguma doença? Pouca coisa. Mas se nos dermos ao trabalho de estudar o assunto e perceber o que está em causa, vemos:

  1. O SARS‑CoV‑2 não afeta a saúde das crianças;
  2. As crianças não são um factor relevante de transmissão da COVID;
  3. O convívio com crianças pode até ser dissuasor de infecção para os adultos. São elas as principais vítimas dos confinamentos: com maiores taxas de suicídio, mais problemas respiratórios, além das consequências psicológicas e de aprendizagem, mais difíceis de quantificar;
  4. A taxa de efeitos secundários da vacina COVID é de 0,4%, o que compara com 0,0006% no caso da vacina da gripe;
  5. A própria OMS considera que é necessária mais evidência antes de fazer recomendações gerais sobre a vacinação de crianças;
  6. Nas faixas etárias mais baixas, as vacinas causam mais mortes e danos do que evitam.

Há muito que cheguei à conclusão de que a vida das crianças não interessa minimamente aos nossos políticos. Alguns cidadãos percebem-no agora: vão ainda a tempo. Outros ainda, e este é o grupo que mais me surpreende, são os que não confiam em nada, nem para nada, nos governantes, mas de repente resolvem pôr a vida dos seus filhos e netos nas mãos de quem acham criminosos.

Porque será que isto acontece em pessoas supostamente bem formadas, com acesso a abundante informação sobre este e outros assuntos? Dá-se até o caso de pessoas com as quais simpatizo, sempre respeitei e com as quais muito aprendi. Mas porquê este desprezo (ou mesmo rejeição) dos mais básicos princípios de racionalidade? Esta gente desistiu de pensar?… Sim, desistiu. 

O que causou esta cegueira geral? Não presumo saber todos os motivos ou sequer o factor decisivo, mas há dois que me parecem ser importantes.

Um deles é o egoísmo. Apenas o puro egoísmo pode justificar que gerações mais velhas procurem a todo o custo salvar-se a si próprias (de uma doença um pouco mais grave do que a gripe) à custa dos mais indefesos. E isto feito por seres humanos já vacinados. Enfim, nada de novo.

Por outro lado temos a praga do sentimentalismo. Segundo Robert C. Koons 

“O sentimentalista, ao mesmo tempo que  afirma o valor infinito da vida, lamenta que haja necessidade de estabelecer um compromisso com as exigências práticas inevitáveis da vida social, prometendo que a sua sinceridade de intenções irá de alguma forma ultrapassar esta exigências.

Abandona a consistência lógica. Embora ele insista que temos o dever de salvar vidas “a qualquer custo”, ele rende-se aos limites do que estamos dispostos a sacrificar, ao mesmo tempo que acusa esses limites de não terem coração”.

Nas últimas décadas temos sido varridos por uma onda sentimental que leva tudo à frente e que nos impede de observar com a devida reflexão os diferentes assuntos presentes na praça pública. Este sentimentalismo exacerbado é consequência de vários fenómenos e é também estimulado pelos próprios políticos – directamente ou através dos seus spin doctors –, procurando sempre a criação de novos factos sem que se chegue ao fundo dos que actualmente estão em discussão. Nisto António Costa é o supremo abusador. 

O modo como, relativamente à COVID-19, a imprensa nos inunda de imagens (ambulâncias à porta de hospitais, camiões militares que transportam cadáveres, etc.) e dados propositadamente desenquadrados e descontextualizados dificultam também uma interpretação desapaixonada do que nos é apresentado. Já para não falar do que realmente não é.

Enfim, seja por que razão for, assistimos a uma situação em que alguém que estaria disposto a dar a sua vida pelos seus filhos, ou pelos seus netos, está agora disponível para defender com unhas e dentes (ou outras partes do corpo se tivermos em conta alguns dos efeitos secundários…) a obrigatoriedade de uma vacina que poderá ter sérias consequências para a sua saúde.

Entretanto aos que prezam a verdadeira liberdade, e em nome dos mais débeis, só resta um caminho: não desistir. Não o faremos por isso, mas pode até acontecer que no futuro estes nos agradeçam.


João Calado Neto

Fonte: Inconveniente

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