"... enquanto minha Mãe, Vossa fiel serva, junto de Vós chorava por mim, mais do que as outras mães choram sobre os cadáveres dos filhos" (Confissões, p. 83).
Forte de ânimo, ardente na fé, firme na esperança, de inteligência brilhante, sensibilíssima às exigências da convivência, assídua na oração e na meditação da Sagrada Escritura, Santa Mónica encarna o modelo de esposa ideal e de mãe católica.
Santa Mónica entrou na História por meio da obra Confissões, de seu filho Santo Agostinho, escrita aproximadamente no ano de 397. Santo Agostinho tornou-se um venerável bispo, homem de grande virtude e grande sabedoria, alcançou também a santidade e é Doutor da Igreja.
Mónica teria nascido no ano de 331 d. C. em Tagaste (Norte da África, distante 100 k de Cartago, actual Sukh Ahras, na Argélia), embora existam controvérsias quanto a esta data. Seus pais eram cristãos, que se mantiveram católicos durante o cisma donatista.
Segundo Santo Agostinho, Mónica foi criada por uma dada (termo que designava uma escrava incumbida de vigiar as crianças filhas de seus senhores), que se caracterizou por sua religiosidade e também por sua rígida disciplina. Santo Agostinho conta-nos um caso em que sua mãe, ainda criança, foi severamente repreendida pela dada, pois começou a demonstrar gosto pelo vinho.
Tal educação fez com que Santa Mónica também se tornasse uma mulher de grandes virtudes. Após receber o santo Baptismo, conservou tal graça por toda a vida pela pureza da fé e santidade de vida.
Seu casamento foi ajustado por seus pais com Patrício, membro da ordem dos decuriões do Conselho de Tagaste. Na qualidade de decurião, ele provavelmente possuía muitos bens, que incluía escravos, olivais e vinhas, o que colocava o casal numa razoável posição social. Mónica teria dezassete ou dezoito anos e Patrício cerca de quarenta anos de idade quando o casamento ocorreu.
O marido era um homem rude e violento, fonte de muito sofrimento e provações para Mónica. Mas ela sofria tudo com muita paciência, mansidão e docilidade; não respondia a Patrício. Muitas eram as más línguas que procuravam semear a discórdia no lar da santa mulher, aconselhando-a a abandonar o marido violento, mas Mónica defendia o marido, e jamais tolerava que o difamassem em sua presença. Havia, naturalmente, um abismo entre marido e mulher; suas esmolas e seus hábitos de oração o irritavam, mas diz-se que ele sempre manteve uma espécie de reverência em relação a ela.
Santa Mónica teve com Patrício três filhos, sendo dois homens, Agostinho e Navígio, e uma mulher, Perpétua, que se tornou religiosa. Agostinho, o filho mais velho, foi também fonte de grandes amarguras para a mãe.
Apesar de nunca faltarem os bons conselhos da mãe, o filho era desobediente e se mostrava muito inconstante e volúvel. Por esses motivos, Santa Mónica achou por bem não o apresentar para ser baptizado, temendo que se o fizesse, poderia vir a perder a graça do Baptismo. Agostinho, contudo, foi inscrito na preparação para receber o baptismo.
Naquela época o Cristianismo já tinha a aquiescência do Império Romano e é provável que Patrício tenha cedido aos apelos da esposa se convertendo e dando os primeiros ensinamentos cristãos a Agostinho.
Mónica ficou viúva aos 39 anos e teve então que ocupar-se de toda a família. Agostinho perdeu o pai com dezassete anos, depois foi mandado para Cartago a fim de estudar num curso superior. Mónica ficava tão desolada com as notícias que recebia do filho, que chegou a proibi-lo de entrar em sua casa. Em Cartago Agostinho se tornou maniqueísta e quando voltou para casa ele ventilou certas propostas heréticas fazendo com que ela o afastasse de sua mesa com energia. Mas Deus consolava o coração da pobre mãe, revelando-lhe a futura conversão do filho por meio de sonhos misteriosos. E isto fez com que ela aceitasse o filho em casa.
Certa feita, Mónica fez súplicas a um bispo - provavelmente o de Cartago - para interceder junto a seu filho, já que seus pedidos não eram atendidos. O bispo teria respondido: “O coração de teu filho não está ainda preparado, mas Deus determinará o momento. Vai em paz e continua a viver assim, porque é impossível que pereça o filho de tantas lágrimas" (Confissões, p. 85).
Quando Agostinho foi para Milão, Santa Mónica para lá se dirigiu para procurá-lo e vigiá-lo. Ali ela encontrou o grande Santo Ambrósio, e por meio dele ela finalmente teve a alegria de ver Agostinho se render, depois de dezassete anos de resistência. Mãe e filho passaram seis meses de verdadeira paz em Cassiacum.
Tantas foram as orações, súplicas e penitências de Santa Mónica pela conversão de seu filho Agostinho, que na noite de Páscoa de 387 ele recebeu, com seu filho Adeodato, o santo Baptismo na igreja de São João Batista, em Milão. Diante disto Santa Mónica afirmou: “Vendo-te hoje católico, nada mais me resta fazer neste mundo”.
A África reivindicou-os, no entanto, e eles partiram em sua jornada, parando em Cività Vecchia e em Óstia. Foi lá que Mónica morreu no mesmo ano, aos 56 anos de idade. Mas antes, os dois santos tiveram um diálogo-êxtase em Óstia, numa das passagens mais famosas das Confissões.
Santo Agostinho afirma que esse encontro foi obra dos "secretos desígnios de Deus": "Enquanto assim falávamos, anelantes pela Sabedoria, atingimo-la momentaneamente, num ímpeto completo do nosso coração" (Confissões, p. 228). Uma semana depois, ela caía com febre e falecia.
Santa Mónica foi sepultada em Óstia e a princípio parece ter sido quase esquecida, embora seu corpo tenha sido removido durante o século VI para uma cripta escondida na igreja de São Aurélio. Por volta do século XIII, no entanto, o culto de Santa Mônica começou a se espalhar e uma festa em sua honra foi mantida em 4 de Maio.
Em 1430, Martinho V ordenou que suas relíquias fossem transladadas para Roma. Muitos milagres ocorreram no caminho, e o culto de Santa Mónica foi definitivamente estabelecido, e mais tarde uma igreja lhe foi dedicada. Depois, o Arcebispo de Rouen, Cardeal d'Estouteville, construiu uma igreja em Roma em homenagem a Santo Agostinho e depositou as relíquias de Santa Mónica em uma capela à esquerda do altar-mor. A vida de Santa Mónica, no entanto, só apareceu no Breviário Romano no século XVI.
Em 1850 foi estabelecida em Notre-Dame de Sion em Paris uma Associação de mães cristãs sob o patrocínio de Santa Mónica; seu objecto era oração mútua para filhos e maridos que tinham se desviado. Esta Associação foi em 1856 elevada ao posto de arquiconfraria e se espalhou rapidamente por todo o mundo católico, filiais sendo estabelecidas em Dublin, Londres, Liverpool, Sydney e Buenos Aires. Eugenio IV havia estabelecido uma confraria semelhante muito antes.
Fórmula para não brigar
Mónica não era a única mulher de Tagaste cuja vida de casada era infeliz, mas, por sua doçura e paciência, ela foi capaz de exercer um verdadeiro apostolado entre as esposas e mães de sua cidade natal.
Naquela região da África, onde as pessoas eram sumamente agressivas, as demais esposas perguntavam a Mónica porque seu marido era um dos homens de pior génio em toda a cidade, mas não a agredia nunca, e, ao contrário, os esposos delas as agrediam sem compaixão.
Mónica respondeu-lhes: "É que quando meu marido está de mal humor, eu me esforço para estar de bom humor. Quando ele grita, eu me calo. E como para brigar precisam de dois e eu não aceito a briga... não brigamos". Esta fórmula fez-se célebre no mundo e serviu a milhões de mulheres para manter a paz em casa.
Oração
Nobilíssima Santa Mónica, rogai por todas as mães, principalmente por aquelas mães que se esquecem que ser mãe é sacrificar-se.
Rogai, virtuosa Santa Mónica, para que abram-se os olhos e as almas de todas as mães, para que elas enxerguem a beleza da vocação materna. A beleza do sacrifício materno.
Rogai, Santa Mónica, para que todas as mães saibam abraçar com Fé o sofrimento e a dor, assumam seus filhos com coragem, como instrumento de santificação para suas famílias, e para sua própria santificação. Amém.
Fonte: Heroínas da Cristandade
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