Suponhamos que surja numa rua uma grande comoção a respeito de alguma coisa, digamos, um poste de iluminação a gás, que muitas pessoas influentes desejam derrubar. Um monge de batina cinzenta, que é o espírito da Idade Média, começa a fazer algumas considerações sobre o assunto, dizendo à maneira árida da Escolástica: 'Consideremos primeiro, meus irmãos, o valor da luz. "Se a luz for em si mesma boa…".
Nesta altura, o monge é, compreensivelmente, derrubado. Todos correm para o poste e deitam-no abaixo em dez minutos, cumprimentando-se mutuamente pela praticidade nada medieval. Mas, com o passar do tempo, as coisas não funcionam tão facilmente. Alguns derrubaram o poste porque queriam a luz eléctrica; outros, porque queriam o ferro do poste; alguns mais, porque queriam a escuridão, pois os seus objectivos eram maus. Alguns interessavam-se pouco pelo poste, outros, muito; alguns agiram porque queriam destruir os equipamentos municipais. Outros porque queriam destruir alguma coisa.
Então, aos poucos e inevitavelmente, hoje, amanhã, ou depois de amanhã, voltam a perceber que o monge, afinal, estava certo, e que tudo depende de qual é a filosofia da luz. Mas o que poderíamos ter discutido sob a lâmpada a gás, agora temos que discutir no escuro.
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