Portugueses
O presente ano tem sido particularmente difícil para toda a humanidade.Logo após uma pandemia, que mal foi esquecida, a economia mundial entra em grave crise agravada por uma guerra, de algum modo inesperada, onde precisamente se luta pela independência de um estado soberano.
Em 1143, precisamente no dia 5 de Outubro é assinado o Tratado de Zamora entre D. Afonso Henriques e seu primo, Afonso VII de Leão. É verdadeiramente a declaração de independência do Condado Portucalense e a fundação de Portugal.
A partir daí, Afonso I e os outros reis da dinastia afonsina, começam a sua empresa político-militar, de expandir para sul uma fronteira terrestre que se estendia então do Minho ao Mondego, com a capital em Coimbra.
Esta reconquista que estabilizou as fronteiras mais antigas da Europa foi terminada por Afonso III, um grande rei que mudou a sede do reino para Lisboa e a quem tanto devemos.
Não foi tarefa fácil mas foi a vontade de um povo e dos seus reis. A nação foi-se consolidando apesar da instabilidade causada por conflitos entre a nobreza e a burguesia urbana que os reis procuraram arbitrar.
Em 1383 surge a primeira grande crise que põe em causa a soberania nacional, com a morte de Dom Fernando. A rainha Leonor Teles, então regente, não tem a simpatia do povo e o casamento da Infanta Beatriz com o rei de Castela põe em perigo a independência do reino.
O povo, revolta-se. O mestre de Avis invade o palácio e mata o Conde Andeiro. Os tumultos de Lisboa são apenas os aspectos exteriores de uma luta muito mais profunda de uma nação que não se quer deixar submeter ao domínio castelhano. Destaca-se no plano político Álvaro Pais “homem honrado e de boa fazenda” segundo Fernão Lopes. Da nobreza, o jovem Nuno Álvares Pereira, torna-se o líder carismático e uma espécie de cavaleiro da távola redonda com a auréola de pureza e um campeão de coragem inabalável. O Mestre de Avis é aclamado Defensor e Regedor do Reino.
Para garantir a independência era então necessário preencher o trono. Reúnem as Cortes em Coimbra.
Segundo João das Regras não havia herdeiros legítimos. Apenas o Mestre, com 26 anos de idade, entre todos os putativos candidatos, tinha as qualidades necessárias para Rei. O debate de Coimbra trava-se em torno de dois princípios em conflito: de um lado o respeito pela aplicação das leis de sucessão, e do outro a soberania e a independência nacional. Vence o segundo, o trono como emanação do povo. Ganhou Portugal.
Inicia-se com a dinastia de Avis a época mais gloriosa da história de Portugal. Portugal expande-se e com a conquista de Ceuta e a colonização das ilhas atlânticas inicia-se a construção do império português. Este pequeno país na extremidade da Europa mostra a sua vocação de descobrir o mundo e de se relacionar com os outros povos e com as outras culturas em África, na América, na Ásia e na Oceânia.
Com a morte de D. Sebastião e de seu tio o Cardeal D. Henrique, cria-se uma nova crise dinástica que põe novamente em risco a Independência Nacional. Filipe II de Espanha, pela força e pelo suborno, consegue impor-se como rei num sistema de monarquia dualista. Como consequência Portugal viu-se então envolvido em querelas europeias que eram prejudiciais aos seus interesses.
Foram sessenta anos muito difíceis. Mas a nação ansiava por restaurar a sua autonomia. Mais uma vez a vontade de um povo, liderado pelo Duque de Bragança e por “homens de “quid facimus” (que fazemos) ”, como disse o Padre António Vieira, e contra tudo o que era previsível Portugal recuperou a sua Independência e boa parte do império.
Mais recentemente, com as invasões francesas, e graças à existência do império que permitiu que a coroa se instalasse no Brasil, conseguimos manter a Independência e com a ajuda dos aliados ingleses repelir os ocupantes.
Ao longo dos nove séculos de história demonstramos um saber especial em relacionar-nos com outras nações. São disto exemplo a mais antiga aliança entre dois países, como a que temos com Inglaterra, a aliança com mais de 500 anos entre o reino de Portugal e o reino do Sião, ou ainda o tratado Simulambuco em que os príncipes e mais chefes declaram voluntariamente, reconhecer a soberania de Portugal, colocando sob protectorado desta nação o território de Cabinda.
Mas o tempo passa e o mundo muda. Como escreveu Fernando Pessoa: “Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!”
Somos hoje um país da Europa, bem integrados numa Europa de nações, respeitando a cultura e a autonomia de cada uma. Temos uma ligação privilegiada com quase todos os povos do mundo. O excelente relacionamento que mantemos com as nações que fizeram parte do nosso território ultramarino é um exemplo único.
Os portugueses, através da sua diáspora, estão praticamente em todo o mundo e são provavelmente em maior número os que estão fora do que os que residem no território nacional.
Mas temos de estar atentos às novas ameaças que põem em risco a nossa Independência. O decréscimo da população pela baixa natalidade é um drama que tem de ser encarado muito a sério e que tem de ter uma solução.
Outros factores fundamentais para garantirmos a nossa soberania são por exemplo a água e a energia. A água é um bem fundamental que temos de aproveitar. Sem água, com o clima que temos, não temos segurança alimentar. Precisamos saber guardar a água da chuva e armazená-la no Inverno. A energia é outra condição absolutamente necessária à soberania da nação.
Portugueses, mais uma vez vos desafio a não desistir da nossa Pátria e da nossa identidade como povo.
Temos de cumprir Portugal
Fonte: Real Associação do Porto
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