sábado, 29 de outubro de 2022

Quantas famílias estarão a passar por isto?

 A cada artigo publicado acorre sempre alguém a tentar impor-nos a lei da mordaça. Anónimos e não-anónimos, incapazes de apresentar factos concretos para contrariar os factos apresentados e devidamente documentados, atiram insultos e acusações com o objectivo de me “lapidar” e de pressionar os jornais a deixar de publicar os meus artigos. Não tenho dúvidas de que, se tivessem oportunidade, nos atirariam pedras reais. Os mesmos que desfraldam a bandeira da “defesa das vítimas de violência doméstica” e que afirmam que os insultos podem ferir mais do que as agressões físicas não hesitam em insultar, acusar e desejar a morte a quem desmascara as suas intenções político-ideológicas, sem se importarem com as feridas que possam causar. 

Decidi, desde o dia em que fui surpreendida com uma entrevista, em que a outra parte envolvida nunca foi ouvida, que jamais me deixaria arrastar para a cilada, que, por razões políticas, tentaram armar-me. E, aviso já, tenciono levar a minha decisão a bom porto. Afinal, como mãe, e ainda que um filho meu decida expor-se e alinhar numa tentativa de linchamento de carácter dos próprios pais, compete-me continuar a amá-lo e a protegê-lo. 

Quanto aos insultos, responder ou devolvê-los seria descer ao nível de quem os profere e dar importância a quem, na falta de argumentos inteligentes, usa a difamação e o insulto fácil e covarde para me tentar silenciar. Mas, por outro lado, creio que os que pensam que o facto de um filho se dizer homossexual deve levar os pais a abrir mão da sua fé, princípios e valores, precisam compreender a posição de um cristão quanto a esse assunto. Então, como cristã, quando falo sobre o processo de normalização da homossexualidade e denuncio a imposição da ideologia de género à Escola, e alguém me confronta com a pergunta: «Helena, e se fosse o teu filho? Onde está o teu filho?», respondo:

1) Não tenho um filho, tenho três. Uma mulher e dois homens. Tive a minha filha aos 15 anos, o meu filho do meio aos 19 e o mais novo aos 34. 

2) Criei-os como pude, de acordo com a imaturidade própria da idade, cometi erros e acertos, ensinei-os a respeitar todas as pessoas, não por esta ou aquela característica, mas por serem pessoas criadas à imagem e semelhança de Deus. Quando ela, a mais velha, tinha 6 anos e ele, o do meio, tinha 3, num país longínquo para o qual emigrara, saí de casa (por causa da escalada de violência doméstica que quase me custou a vida), e criei-os sozinha, sem que o meu ex-marido desse um cêntimo para o sustento deles. Com a ajuda preciosa dos meus pais regressei a Portugal e, claro, trouxe-os comigo. Por isso, e também por causa da minha imaturidade (na altura, tinha 22 anos), estive muito ausente enquanto os meus filhos mais velhos cresciam. Trabalhava de sol a sol, muitas vezes saía de casa de madrugada e entrava já de noite, algumas vezes fazia directa a trabalhar e, sim, também saía para me divertir e eles ficavam com os meus pais.

Hoje, mudaria muita coisa, mas ninguém pode mudar o passado. Todos os dias dou graças a Deus por ter cuidado deles e por, apesar de não terem tido pais presentes, terem assimilado os princípios e valores que lhes foram ensinados. Sempre foram alunos respeitadores e cidadãos exemplares. Fizeram algumas asneiras? Claro. Haverá alguém que não as tenha feito? Mas, nunca lhes faltou a instrução e a correcção. 

Estive muito mais presente durante o crescimento do meu filho mais novo. Já era convertida, o meu marido e eu ensinámos-lhe tudo o que sabíamos sobre o Deus da nossa Salvação e a Sua Palavra e somos-Lhe gratos por ele sempre ter sido uma criança feliz, um aluno e cidadão exemplar, muito elogiado por professores e por quem o conhece. Ele conhece a verdade, sabe o que é e onde está a verdade, e também sabe o que é o pecado e quais as suas consequências. Os meus três filhos ouviram o Evangelho e conhecem a Verdade. Podem crer, ou não (a fé não pode ser imposta, pois é dom de Deus), mas têm conhecimento. 

3) Hoje, os meus filhos são adultos, livres e independentes, e não marionetas que eu tento controlar ou manipular conforme me apraz. Nunca projectei neles os meus sonhos e sempre os eduquei no sentido de questionarem tudo, reflectirem, procurarem conhecer os dois lados da História e escolherem de acordo com a sua consciência. Cada um deles tem vindo a percorrer o seu próprio caminho e tomará decisões, boas e más, que trarão consequências. Afinal, como diz uma amada amiga: “Filho de crente não é crentinho; às vezes é cretino”. Muito mais do que meus filhos, são criaturas de Deus e é a Ele que, um dia, tal como eu, prestarão contas.

4) Os meus filhos, tal como eu e todos os seres humanos, são pecadores e precisam de se arrepender dos seus pecados. Qualquer um deles poderia sentir atracção por alguém do mesmo sexo, ser adúltero, fornicador, tóxico-dependente, mentiroso, ladrão, assassino, etc., e não deixariam de ser meus filhos, nem eu deixaria de os amar, apesar de reprovar todas essas práticas. 

5) O facto de os meus filhos poderem enveredar por uma vida de pecado, seja qual for o pecado que os domine e com o qual se identifiquem e sintam felizes, não diminui o pecado e as suas consequências nefastas, nem silencia a minha voz na denúncia do mesmo. O pecado gera a morte. Como posso eu amar um filho e apoiar a sua prática pecaminosa, que o condena à morte eterna? Como posso ficar em silêncio, ou aprovar, aquilo que o leva para o inferno? Eu entendo que o leitor não acredite no Inferno, mas eu acredito. Logo, partindo do pressuposto que esse lugar é real e se encontra no fim de uma vida de desobediência ao Criador, de uma vida sem Cristo, que raio de mãe seria eu se aprovasse aquilo que, acredito, lançará o meu filho numa eternidade de choro e ranger de dentes? Desagradaria a Deus, para agradar ao meu filho e à agenda do abecedário colorido, que ele abraçou? 

6) Eu sei que quem não tem fé, quem não crê em Deus como seu Senhor e Salvador, quem não O conhece, O rejeita e O odeia, confunde “amor” com desejos sexuais descontrolados e incontroláveis, e “identidade” com transtornos psíquicos, tudo isso resultado do pecado original e do actual modelo de pensamento dominante. Karl Marx, odiava Deus (o Cristianismo) e o capitalismo, e não se inibiu de expor os seus planos: «Vou destronar Deus e o capitalismo. […] Para o advento do socialismo será preciso exterminar povos e nações».

Ora, a dialéctica marxista, reinterpretada pelo feminismo e pelo movimento elgebetista, omnipresentes no ensino obrigatório, do 1.º ciclo ao secundário, incutem na mente das crianças que: são o que sentem, não o que são de facto; que os seus impulsos e desejos sexuais são a sua identidade; que são os genitais que têm controle sobre o cérebro e não o cérebro sobre os genitais, e que, por isso, porque são reduzidos aos seus impulsos sexuais (despertados por adultos perversos), devem deixar-se dominar por eles e militar na causa da bandeira colorida. Os impulsos sexuais são o cérebro da geração do “género” e não podem ser contrariados, pois, dizer que certas práticas sexuais são pecado passou a ser considerado um ataque à pessoa em si e não às suas práticas imorais.

7) Posto isto, eu sei que muitos já assimilaram “o ideal de autonomia e liberdade” onde o corpo surge como “prisão” e a Biologia como “ditadura”, mas eu não alinho nessa narrativa destrutiva e maligna, pois Deus continua a dizer, na Sua Palavra, que as práticas denominadas hoje como lgbtetc são pecado, e o salário do pecado continua a ser a morte espiritual. Portanto, ainda que um filho meu se entregue de corpo e alma a qualquer uma das letras do abecedário colorido, isso continua a ser pecado e eu continuarei a alertar para as consequências do pecado até que Deus me silencie. Ou seja, em linguagem cristã, continuarei a pregar o Evangelho.

Mesmo apesar de alguns estudos (encomendados e bem pagos) dizerem que ninguém nasce heterossexual mas que há pessoas que nascem lgbtetc, a verdade é que ninguém nasce lgbtetc, mas todos nascemos pecadores. E, graças à misericórdia e ao amor de Deus, há esperança para todos aqueles que crêem e se arrependem. Como escreveu o apóstolo Paulo:

“Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idolatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do Deus”. (1 Coríntios 6:9-11).

Os cristãos, aqueles que realmente entenderam o Evangelho, não odeiam ninguém e não desejam mal a ninguém. Os cristãos amam o próximo e odeiam o pecado, que os matará eternamente.

Os meus filhos estão a trilhar o seu próprio caminho, a fazer escolhas e a semear aquilo que virão a colher. Oro por eles diariamente e amo-os incondicionalmente. Amar, não é concordar com aquilo que os destrói e que acabará por os matar, mas sim alertá-los e dizer-lhes a verdade ainda que doa e não a aceitem. Amar, é criar os filhos para a vida eterna e não para a morte eterna. A vida, neste mundo, é muito breve; a eternidade não tem fim. E, por favor, não venham com a conversa: “E se o teu filho se matasse por tu não o apoiares?”. Isso é chantagem emocional barata e não leva em conta outras questões.

E se ele se suicidar, ainda que eu o apoie, só porque o pecado o convenceu que ninguém o aceita como é, que Deus já o abandonou e que essa é a sua única saída? 

Como me sentirei, depois de ter minimizado, aprovado e apoiado o pecado que o levou a suicidar-se? 

E se eu não aguentar ver um filho meu sofrer as consequências do seu pecado, a perseguição, difamação e pressão da comunidade elgebetista e simpatizantes, e me suicidar? 

Amar, não é acarinhar e minimizar o pecado, que acabará por destruir aqueles que eu tanto amo, só porque foram convencidos de que a felicidade deles está na prática desse pecado e o mundo apodrecido os aplaude. Não é. Foi o meu pecado, o seu pecado e o pecado deles, que colocou Jesus na Cruz, e Deus tratou o Seu Filho, Jesus Cristo, como nós merecíamos. Eu jamais aprovarei aquilo que colocou o meu Salvador na cruz. Enquanto Deus me der vida e saúde, continuarei a chamar pecado ao pecado, a pregar o evangelho e a orar para que Deus tenha misericórdia dos pecadores, incluindo os meus filhos, e os salve, por amor do Seu Santo Nome.

Ah… E não acredito em “terapias da conversão” forçadas. Aliás, acredito que o único que pode salvar alguém dos seus pecados é Jesus Cristo.

Urge olhar para os pais, que sofrem nas mãos de filhos radicalizados e são acusados de toda a sorte de “fobias”, só porque não se ajoelham ao lóbi e não o aplaudem. Urge olhar para a dor de pais que vêem os seus filhos, aconselhados por activistas e psicólogos pró-lgbtetc, virar-lhes as costas, difamá-los, passar por eles na rua e não os cumprimentar e ignorá-los quando se cruzam num lugar público… Quantas famílias estarão a passar por isto?


Maria Helena Costa

Fonte: Inconveniente

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