A narrativa climática está a servir de pretexto para conduzir a Europa a um beco donde só sairá quando as populações deixarem de aceitar as imposições (metas) de Bruxelas.
A estratégia adoptada pelas elites passa por inculcar na mente das pessoas, principalmente dos jovens, que o lobo mau do conto é o efeito de estufa provocado pelos gases produzidos pelas actividades humanas.
Entre esses gases de efeito de estufa está o dióxido de carbono (CO2) que é um gás residual na atmosfera (0,04%), mas que passou a ser o alvo principal a abater no “combate às alterações climáticas”. Visado é apenas o CO2 que resulta da queima de combustíveis fósseis.
Foram criados mecanismos que desencorajam a queima de combustíveis fósseis, as centrais a carvão começaram a ser abandonadas, sendo substituídas (provisoriamente) por centrais a gás natural – o combustível de transição para uma economia neutra em carbono, coadjuvado pelas energias verdes do sol e do vento, que não conseguem substituir potências firmes e tornam a energia das centrais convencionais mais caras.
Nos transportes porém, os derivados de petróleo continuam a ser usados enquanto os transportes elétricos não se vulgarizam, havendo ainda um longo caminho a percorrer mas que se teima em trilhar para, alegadamente, “descarbonizar” a economia.
Ao mesmo tempo que se fecham centrais a carvão na Europa, as centrais nucleares deixam também de ser construídas e as existentes passam a ser desactivadas progressivamente, principalmente na Alemanha, em pânico após o acidente de Fukushima em 2011.
Com parcos recursos em combustíveis fósseis e sob a tirania climática e ambiental que escorraça o carvão e o nuclear, a Europa está agora dependente do gás natural e do petróleo importados para salvaguardar os seus padrões de vida. E aposta ainda nas energias intermitentes que só serão viáveis com enormes investimentos que permitam o armazenamento, mas que, por isso mesmo, a encarecem ainda mais.
De resto, a crise de energia está já instalada, pois a importação de fósseis baratos da Rússia está seriamente comprometida depois da invasão da Ucrânia. A alternativa do gás natural liquefeito e petróleo do resto do mundo é, além de insuficiente, muito mais cara. Energia cara acarreta subida generalizada de preços, inflação.
Apesar do fracasso da política energética europeia, Bruxelas não abranda a luta contra as alegadas alterações climáticas provocadas por gases de efeito de estufa de origem antropogénica. Os gases internacionalmente reconhecidos como gases de efeito de estufa, regulados pelo Protocolo de Kioto, são: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hexafluoreto de enxofre (SF6) e duas famílias de gases, hidrofluorcarbonos (HFC) e perfluorcarbonos (PFC).
O governo holandês de Mark Rutte, cumprindo metas da UE, tem um plano de muitos milhares de milhões de euros para reduzir drasticamente as explorações agrícolas e de gado vacum, cujo leite dá origem aos famosos queijos Edamer e Gouda, porque são fontes de “poluição” por N2O, outro perigoso gás de efeito estufa. Os agricultores holandeses têm demonstrado, com diversas acções de rua, o seu descontentamento, mas o governo avança mesmo assim, tendo já despojado muitos agricultores do seu ganha-pão e há, inclusive, relatos de pessoas que foram levadas ao suicídio.
O que se passa na Holanda passa-se também noutras partes da Europa, notícias a que os meios de comunicação dominantes, quiçá instruídos pelos poderes instalados, não dão a necessária cobertura e, quando dão, atribuem os protestos à extrema-direita. Tudo em nome do combate às alterações climáticas de origem humana.
Crise energética, industrial, inflação e em breve a crise alimentar! E a UE sem propostas ou com propostas lunáticas de combate às alterações climáticas, um conto de fadas que alimentou o imaginário da nossa juventude, fazendo surgir as “gretas” por onde a Europa se escoa para o abismo, em imolação para salvar o planeta!
Henrique Sousa
Fonte: Inconveniente
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