Creio que todos ouvimos falar de Lia Thomas, o homem que se sente mulher e nadou na competição feminina de natação da liga universitária dos Estados Unidos como cabeça de série, vencendo todas as provas em que participou.
Hoje, não quero falar do atleta transgénero, mas sim da segunda classificada, a corajosa nadadora universitária americana, Riley Gaines, que foi agredida (acho que devia ter escrito “alegadamente agredida”) por um homem-de-vestido e mantida em cativeiro durante três horas, na Universidade de São Francisco, onde se deslocara para falar sobre a apropriação de estereótipos femininos, no desporto feminino, por parte de alguns homens.
Riley – campeã universitária de natação – é uma das mulheres forçadas a competir contra o nadador masculino com nome de mulher, Lia Thomas, acabando assim por perder o título de campeã da modalidade, conseguido à custa de muito trabalho árduo, para alguém que nunca havia ganho nada na sua categoria (nos masculinos). E, como se não bastasse, a atleta também denunciou que as mulheres não tinham o mínimo direito à sua privacidade, pois eram obrigadas a tomar banho com um homem que tinha o seu órgão genital intacto e se passeava diante delas no balneário.
Foi no meio de toda esta discussão que, em Abril, Riley se deslocou à Universidade do Estado de São Francisco para partilhar a sua experiência pessoal. Ali, um grupo de activistas agressivos não só abafou o discurso dela, como a rodeou, insultou, e forçou a barricar-se numa sala durante três horas. Esses momentos podem ser vistos na sua conta do Twitter, num vídeo que mostra os activistas a gritar e a fechar-se à sua volta, e onde se pode ler:
«Fui atacada de surpresa e atingida fisicamente, duas vezes, por um homem. Isto é a prova de que as mulheres precisam de espaços protegidos. Ainda assim, apenas me garante que estou a fazer algo certo. Quando eles te querem silenciar, fala mais alto.»
Gaines descreveu assim os momentos aflitivos que viveu:
«De repente, os activistas aglomeraram-se, toneladas deles, correram imediatamente para a frente da sala onde eu estava e encurralam-me, insultaram-me e fui atingida duas vezes… a primeira vez, no ombro e, a segunda vez, no rosto. Fui atingida com o punho fechado por uma mulher transgénero (um homem biológico)».
Retirada dali, por um polícia à paisana, Riley foi recebida por, e passo a citá-la, «uma multidão ainda maior de manifestantes, que vinham de todos os lados. Como não havia uma saída livre, fomos forçados a entrar numa sala ao lado… onde tivemos que nos trancar durante três horas».
Incrivelmente (ou nem por isso, sei lá), Jamillah Moore, vice-presidente para os Assuntos Estudantis e Gestão de Inscrições da universidade, não pediu desculpa e até elogiou os activistas pelas acções contra a nadadora. Num e-mail dirigido aos seus alunos, e publicado online, Jamillah afirma que a escola está ‘orgulhosa’ dos alunos que ‘participaram pacificamente’ e deixaram claro que a comunidade trans é bem-vinda à escola.
Gaines reagiu ao e-mail e, numa entrevista exclusiva ao DailyMail.com, argumentou que o evento foi “literal e exactamente o oposto de pacífico”, disse que planeia tomar medidas legais para responsabilizar a escola, os alunos e a polícia do campus, que descreveu como “lamentavelmente despreparada”, e acrescentou que é tempo de os activistas serem responsabilizados pelas suas acções:
«Penso que o que se tem de fazer, para conseguir que haja mudanças no que diz respeito à protecção das liberdades, é ir onde dói, que são os bolsos. Se eu não fizesse algo, não haveria repercussões para estas pessoas. Algo tem de ser feito para responsabilizar os activistas, seja o corpo estudantil, a administração… eles precisam perceber que o que me aconteceu foi violento, completamente errado e criminoso».
Ainda sobre a passividade da polícia, que, de acordo com a atleta, não esteve presente numa reunião que decorreu 90 minutos antes da palestra e que visava preparar a sua segurança, Gaines disse:
«O que eu notei é que a polícia não se sentia à vontade para agir de uma maneira que os activistas pudessem usar para os acusar de racismo ou transfobia. Eles ficaram apavorados, o que resultou em não fazerem o seu trabalho correctamente. Estive noutras universidades, onde falei sobre o mesmo assunto, e a polícia fez um trabalho fenomenal».
Apesar da violência física e das ameaças – gritadas pelos activistas que mais clamam por “tolerância” – Riley recusou-se a ficar em silêncio, jurou falar mais alto e, como qualquer pessoa de bom-senso, defendeu aqueles que vieram protestar pacificamente, afirmando que não tinha nenhum problema com pessoas que gritavam “mulheres trans são mulheres”, mas frisou que incitar à violência nunca foi aceitável.
Vivemos tempos absolutamente insanos. Há dois ou três anos, em qualquer lugar do mundo, qualquer homem que se passeasse nu num balneário feminino teria sido preso por atentado ao pudor, por voyeurismo ou por assédio sexual. Mas, agora, neste imenso manicómio em que o Ocidente se transformou, são as mulheres, a quem isso é imposto por políticos, políticas e activistas, que são acusadas de cometer assédio sexual.
Obrigar uma mulher a vestir-se, a despir-se e a tomar banho diante de um homem nu, de um estranho, é desconfortável, embaraçoso e extremamente abusivo. Afirmar que ele é uma mulher, quando elas vêem um homem, é outra forma de abuso.
Pergunto: Onde estão as activistas feministas, que gritam por carruagens e espaços só para mulheres nos transportes públicos, “para não serem molestadas pelos violadores”? Onde é que elas estão, quando há mulheres a serem sistematicamente silenciadas, ameaçadas e até agredidas, por tentarem proteger e promover espaços reservados e serviços femininos para pessoas do mesmo sexo? Será que o feminismo defende que os violadores só violam mulheres nos transportes públicos, mas nunca nos balneários e casas-de-banho, onde podem entrar livremente, desde de que mudem o nome, de masculino para feminino, no registo civil?
Até quando teremos relatos como os que nos chegaram nas últimas semanas?
- Kellie-Jay Keen e as suas apoiantes foram agredidas na Nova Zelândia e uma mulher, de 70 anos, levou um soco na cara no evento Let Women Speak. Keen foi coberta com sumo de tomate por uma activista radical e o evento foi cancelado devido à violência física praticada por activistas trans;
- A deputada vitoriana, Moira Deeming, foi suspensa do Partido Liberal e rotulada de “nazi”, por participar no evento Let Women Speak, em Melbourne;
- Sall Grover, teve de lançar um GoFundMe (recolha de fundos) para cobrir despesas legais na luta por um serviço só para mulheres.
- Os activistas perseguem, insultam e lutam para silenciar mulheres como, por exemplo, Kirralie Smith, J. K. Rowling (criadora de Harry Potter) e outras, por declararem que os homens não são mulheres, que mulher é uma fêmea adulta do sexo feminino e que só as mulheres menstruam.
Nunca fui violenta, repudio o uso de violência contra quem quer que seja, mas vejo em muitos comentários um esforço coordenado para silenciar quem não se ajoelha à ideologia do momento, para pressionar os jornais que publicam opiniões contrárias à ditadura colorida, a cancelar-nos.
As tentativas implacáveis de silenciar o debate são perturbadoras e perigosas. Homens e mulheres têm o direito de desmascarar a mentira de que uma pessoa pode mudar de sexo. Homens e mulheres têm o direito de esperar segurança, justiça e dignidade, no desporto, na Escola e em todos os lugares.
Não há nada mais fácil do que acusar-nos de “discurso de ódio” quando nos defendemos do ódio dos que monopolizam o “discurso do amor”. Não há nada mais fácil do que excluir-nos: “É o paradoxo da sociedade inclusiva”, que só funciona sob o preço da nossa exclusão.
Maria Helena Costa
Fonte: Inconveniente
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