sábado, 20 de maio de 2023

Ensino socialista: da digitalização geral à estupidificação global

 


Os alunos do ensino básico têm sido sujeitos a provas de aferição.

Os Portugueses foram surpreendidos pelo conteúdo destas provas. A prova de Educação Artística, por exemplo, pedia a alunos do segundo ano que imitassem o som e o movimento de uma minhoca ou de um sapo cego. Isto não se inventa. Está no enunciado da prova.

Mas há mais. O actual Ministério da Educação, que tem na sua agenda exterminar os exames, vai mantendo os alunos e os professores «entretidos» com «provas de aferição» e com as belas palavras da «digitalização» e «inclusão». Tem sido assim há vários anos.

 O «programa» maior do socialismo, para a área do Ensino, assenta, fundamentalmente, nestes dois belos termos da «modernidade»: «digitalização» e «inclusão». Duas palavras bonitas que ficam bem em todos os discursos públicos e nos documentos oficiais, mas que, na prática, não significam coisa nenhuma para as escolas ou para os alunos. Nada que seja para admirar. Afinal, para o socialismo, o que importa, é o efeito propaganda. Não interessa que os alunos aprendam. Interessa que sejam «digitais». Não importa que os alunos saibam. Basta que haja «inclusão» e se fale, à saciedade, da «escola inclusiva». Ainda que isto, na prática, signifique pouco, na hora da propaganda mediática, como sabemos, representa tudo.

Aqui chegados, e como nos aproximamos do final de mais um ano lectivo, devemos perguntar se é este o nível de «aferição» e de «avaliação» que se pretende para os alunos que estão a terminar a antiga segunda classe. E se estes alunos devem preocupar-se em imitar minhocas e sapos cegos.

Devemos perguntar, também, como sociedade, se é esta «escola pública» e este «futuro» que pretendemos para o ensino.

Apetece questionar se as Famílias, ao terem conhecimento do teor destas provas e de tudo quanto de passou nas escolas públicas ao longo deste ano lectivo, ainda olham para a escola como um espaço de aprendizagem ou se a escola se limita a lugar de lazer. Pior, ainda, se a escola se limita a espaço de doutrinação, estupidificação e imbecilização.

Para os mais distraídos, a escola deve ser o espaço, por excelência, para a aprendizagem e para a aquisição de competências: leitura, escrita, cálculo mental, interpretação, espírito crítico, reflexão, etc. A chatice dos diabos, como sabemos, é que a escola, nos últimos anos, tem servido, fundamentalmente, de veículo de «doutrinação ideológica» e de imbecilização constante. Há bons exemplos de escolas públicas, com toda a certeza; mas na sua maioria, infelizmente, a indisciplina gritante e a imbecilização constante têm feito caminho de domínio (quase) absoluto.

Entretanto, e uma vez que estamos a terminar mais um ano lectivo particularmente agitado, com professores descontentes e milhares de alunos sem docentes, além de uma crescente doutrinação ideológica, apetece perguntar se é este panorama que pretendemos ver replicado para o próximo ano.

Os milhares de pais que contam retirar os seus filhos do ensino público, transferindo-os para o ensino privado, já a partir de Setembro, mostra-nos o óbvio: o socialismo enche a boca com a «defesa do ensino público», a chatice dos diabos é que tudo faz para o destruir. Parece haver aqui uma intenção clara: matar o ensino público de qualidade, transformando as escolas em meros «depósitos de crianças». Não se tratam os alunos como alunos, mas como crianças em depósito. Isto, sim, é o socialismo! Afinal, o sistema público é bom para os filhos dos outros. Os filhos dos «socialistas», esses, ocupam as vagas do ensino privado.

O grande problema são as famílias que não têm a possibilidade de escolher. E todos nós, por conivência ou silêncio cúmplice, de uma maneira ou de outra, estamos, e a passos largos, a contribuir para matar a escola. Mas chegará um dia, certamente, em que teremos de colocar a magna instituição Escola no centro do debate mediático e político nacionais.

Finalmente, para que se perceba, digitalização, sim, mas sem alinhamento na obstinada doutrinação ou estupidificação global.


José de CarvalhoProfessor e Investigador de História

Fonte: Inconveniente


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