sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Em flagrante de… lítio: a genética socialista da corrupção

 


António Costa tentou aguentar-se no cargo, mas não resistiu. Demitiu-se a 7-11-2023, porque vai ser constituído arguido, num processo aberto no Supremo Tribunal de Justiça. A declaração ao País que fez foi aflitiva, de contraditória com os factos, no tom e na comunicação não-verbal.

As detenções do testa de ferro para os negócios de Estado do primeiro-ministro, Diogo Lacerda Machado, do seu chefe de gabinete Vítor Escária, além do presidente socialista da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, e de outros envolvidos, e as buscas à Presidência do Conselho de Ministros, Ministério do Ambiente e residências do ministro João Galamba e ex-ministro João Pedro Matos Fernandes, noticiadas na manhã de 7-11-2023, por causa de alegada corrupção nos giga-projectos de produção do hidrogénio, em Sines, e do lítio, em Boticas, significava o princípio do fim de António Costa. Mas o próprio primeiro-ministro vai ser arguido.

Escapou da responsabilização pela renegociação manhosa do SIRESP-Parte II, em 2006, dos escândalos do faustoso apartamento duplex da Avenida da Liberdade (em Lisboa) e da acumulação do pagamento chorudo de comentário político (na SIC) ao mesmo tempo que mantinha a exclusividade na Câmara de Lisboa e usufruía de menor pagamento de impostos, revelado em denúncia de março de 2015 no blogue Do Portugal Profundo, e do escândalo da alegada compra para a família de apartamentos de luxo (três?) num condomínio de Benfica (Lisboa). Mas não se livrou neste caso. Comprometido poderia estar o negócio do hidrogénio, também investigado naquele blogue em 8-6-2020, na relação dos Costas do mesmo castelo, mas é de crer que os contratos sejam assinados antes do Governo sair — e os próximos farão o habitual.

Agora se percebe o motivo do surgimento, em 3-11-2023, há quatro dias, na TVI, do caso da alegada intercessão da nora do Presidente da República e deste mesmo, no favorecimento da administração gratuita de um medicamento caríssimo para tratamento de doenças raras, em que teria intervindo até o Governo na satisfação deste capricho. Foi um ataque preventivo do primeiro-ministro ao Presidente para o condicionar nas decisões e a opinião pública. Costa parece jogar em atirar a porcaria para a ventoinha para que fiquem todos sujos.

Desta costa à contra-costa de Sócrates e aos costados de Soares, a natureza corrupta do socialismo é a mesma. Variam os personagens, mas o teatro é o mesmo. E quem não é de cena tem de se afastar porque no palco só há lugar para os farsantes e artistas.

António Balbino Caldeira


Fonte: Inconveniente

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