" A Tradição é o terreno onde se levantam os edifícios sociais - chamados povos ou naçoens. Terreno movediço, cheio de falhas, sem consistencia, dá Naçoens fracas, á mercê de todos os caprichos, de todas as aventuras. Quanto mais fundas forem as raizes de um Povo, mergulhadas na Tradição, quer dizer quanto mais espessa e profunda ela for, tanto mais solida é a Nação. Dize-me que força tem a tua Tradição, dir-te-hei quem és.
A Tradição é constituida por tudo o que ha de definitivo na alma de um povo, de fundamental, de estructural, de eterno. O tempo é o depurador, é o filtro: o que escapa á acção depuradora do Tempo é o que forma a Tradição. Ha nella o sangue dos Herois, o espirito dos Genios, a alma dos Santos, a vontade dos Reis: tudo isso forma a argamassa firme sobre que se levantam as Naçoens. Nação que rejeita a Tradição é Nação que se suicida, que se nega a si propria. Quanto maior for o Passado de um Povo, tanto maior é a sombra que esse Povo projecta no Futuro. Uma Nação só existe quando tem Passado. Emquanto o não tem, pode ser um Estado politico, creação artificial da Diplomacia ou da espada de um guerreiro. Mas só é Nação quando tem tradiçoens de que vive, e para a honra das quais vive. Quando em 1820 introduziram na Nação portugueza, que até aí vivia a sua vida tradicional, ideas e sentimentos extranjeiros, começou a sua decadencia. Encerrar o parenthesis extrangeiro é um acto de salvação nacional, é reintegrar Portugal no seu caminho normal, é fazer regressar a Portugal a sua alma. "
Alfredo Pimenta
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