Dom Carlos de Bragança, como filho primogénito do Rei Dom Luís I e na qualidade de príncipe herdeiro da Coroa de Portugal, recebeu desde cedo os títulos oficiais de Príncipe Real de Portugal e Duque de Bragança, recebendo aos 21 anos as propriedades do Morgadio da Casa de Bragança, ou melhor o usufruto dos rendimentos do ducado dessa grande e Sereníssima Casa, último morgadio que no seu tempo era ainda, legalmente, permitido em Portugal.
Dom Carlos recebeu as propriedades hipotecadas, mas apesar de não possuir formação na área – impedido pela sua condição real, tornou-as lucrativas, prósperas e livres de qualquer penhor.
Era quando cruzava a Porta dos Nós do Paço Ducal de Vila Viçosa que El-Rei irradiava felicidade, pois o dever tornava-O num cidadão urbano à força, sempre nostálgico do bucolismo e com as raízes a chamarem-No à terra dos antepassados.
Assim juntando à especial capacidade para Reinar, aos dotes preclaros de uma inteligência cultíssima que se manifestava das mais diversas formas e talentos, El-Rei era, também um competentíssimo proprietário rural, conseguindo gerir de uma forma profissional as propriedades que recebeu em herança.
Era nas Suas propriedades alentejanas que Sua Majestade Fidelíssima estava nas suas sete quintas, despindo o uniforme de Marechal-General – privatístico do Rei – e trajando como simples lavrador. Criou touros na herdade do Vidigal, em Vila Viçosa produziu vinho, cortiça, azeite, produtos reconhecidos cá dentro e além fronteiras como dos melhores que se produziam em Portugal, chegando a ser premiados, diversas vezes, internacionalmente.
Quando o Rei de 44 anos morreu, juntamente com o Príncipe Real de 20, tombados em serviço da Pátria e do Reino, às balas do terrorismo, em 1 de Fevereiro de 1908, no trágico episódio que ficaria conhecido na História de Portugal como o Regicídio – a Família Real Portuguesa regressava no Comboio Real precisamente das férias de Natal em Vila Viçosa -, Dom Carlos I de Portugal deixa em herança a Dom Manuel II um vastíssimo património livre de dívidas e um enorme conjunto de propriedades produtivas e lucrativas.
Miguel Villas-Boas
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