Fundada por gregos na palavra de uns e por celtas na de outros, as origens de Torres Novas perderam-se nos séculos. A Hélade, sua conquistadora ou fundadora, chamou-lhe Neupergama; mais tarde, com a vinda de Roma, a cidade passou a conhecer-se como Nova Augusta. As invasões bárbaras e a queda do império do Ocidente causaram, como por toda a parte, o definhamento das cidades, e Nova Augusta, agora "Turris", não foiexcepção no processo. Não é de crer que fosse localidade muito grande quando Afonso Henriques, rei dos portugueses, a tomou dos mouros durante a sua imparável marcha para sul. Os novos detentores do sítio chamaram-lhe Torres "Novas", de maneira a que o castelo se distinguisse de outro "Torres" - Torres "Vedras", ou Velhas - que Afonso conquistara perto de Lisboa. A evolução toponímica é marcada pela documentação régia de então: simples "Torres" em carta datada de 1159, a localidade apareceria já como "Torres Vedras" no testamento de Dom Afonso, vinte anos posterior.
Por ocasião das Guerras Fernandinas, Torres Novas foi sitiada por Henrique II de Castela. A hoste castelhana chegou vinda de Santarém, que conquistara a Portugal, para impor cerco a Torres Novas e forçá-la à capitulação. A história lembra a do castelo de Faria, e narra a captura do filho do Alcaide de Torres Novas, Gil Pais, que defenderia a vila. Henrique II terá exigido a rendição a troco da vida do moço, o que o pai, fiel ao Rei, recusou. O rapaz foi enforcado, e Torres Novas resistiu. Depois da guerra, Dom Fernando mandou reparar aquela e outras fortalezas, reerguendo-se a de Torres Novas com um total de onze torres.
A fortaleza sofreu fartos estragos ao longo dos séculos. Linha da frente com os mouros, sofreu deles repetidas contra-investidas e, dos portugueses, as consequentes reparações; saiu muito danificado do grande sismo de 1755, que o destruiu em parte. No século XIX, conheceu a fúria da França imperial e foi quartel-general de Massena. Na guerra civil, ainda, foi vitimada por grande destruição. Fiel a Dom Miguel, Rei Absoluto, Torres Novas foi conquistada pelo Duque de Saldanha e submetida a novo episódio de violências. Extremamente enfraquecida e muito diminuída, a fortaleza foi salva na década de 1940 pela Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais como parte da notável campanha de restauro patrimonial da instituição.
RPB
Fonte: Nova Portugalidade
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