As ideias lançadas ontem nos discursos de abertura da 10.ª Conferência Regional EMAS (Europe, Mediterranean and Arab States), promovida pela Fundação Prémio Internacional Duque de Edimburgo e que, em Portugal, tem no Prémio Infante D. Henrique o parceiro, foram virados para os jovens, aqueles cujo carácter em tempos conturbados como os que vivemos é preciso moldar e fortalecer através da educação e, no caso, da educação informal.
Perante representantes de 18 países, falaram sobre os temas em discussão, mas também dos desafios que se colocam à juventude, por esta ordem: D. Duarte, Duque de Bragança, Miguel Horta Costa, presidente do júri do Prémio Infante D. Henrique, John May, secretário-geral da Fundação Prémio Internacional Duque de Edimburgo, Madalena Nunes, vereadora da Câmara Municipal do Funchal, Kirsty Hayes, embaixadora britânica em Portugal e, por fim, Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira.
Num resumo do seu discurso, feito de improviso e, à semelhança dos restantes citados, feito em inglês, o governante disse aos jornalistas que o “prémio existe desde há 60 anos e é uma iniciativa muito importante em termos da educação informal”, frisando que embora saibamos hoje que “educação formal é necessária e essencial, mas há outra educação que é dada fora da escola, através de iniciativas como esta, que são muito importantes na formação dos valores, no sentido de responsabilidade e de cidadania para as novas gerações”.
Miguel Albuquerque acrescentou que, sobretudo, deve-se tem em conta “que através desta iniciativa, que tem tido a adesão de milhões e milhões de jovens em todo o mundo, eles sentem-se realizados naquilo que é a sua capacidade de auto-realização, de perseverança, de espírito de aventura, de iniciativa, de sentido de responsabilidade e de solidariedade”, exemplificou. E apontou o desafio: “Num mundo, hoje, onde os desafios de mudança, muitas vezes, são tão rápidos em que a própria educação formal não tem capacidade de resposta, esta educação informal é sempre importante, porque independentemente das mudanças, os valores fundamentais da cidadania, de ligação aos outros e de voluntariado, vão ser sempre melhores para termos uma sociedade melhor.”
“Fazer a revolução através da educação”
Das outras intervenções, destaque para os de John May, que lembrou que o programa por eles ministrado já chegou a mais de nove milhões de jovens em 140 países, ocorrendo agora quiçá num momento tão importante que é o deixar, à próximas gerações, o futuro do mundo. “Trabalhamos por todo o mundo para organizar a revolução na educação, porque nós, tal como tantos outros, reconhecemos que um qualquer jovem se terá de estar devidamente preparado para a vida adulta, então não é suficiente dar-lhe uma educação académica de alto nível. É essencial dar-lhes as capacidades, os comportamentos e as atitudes que precisam para ser adultos bem sucedidos. E a única forma de isso ser feito é estender o ensino para fora das salas de aula e para a comunidade”, explicou. Não é algo novo, lembrou, já que nos fundamentos da Fundação que dirige, estão os “Seis Declínios da Moderna Juventude”, ideias elaboradas por Kurt Hahn, educador alemão com forte influência na educação do Duque de Edimburgo, o Príncipe Filipe, marido da Rainha Isabel II. Também há quatro ‘antídotos’ (ver destaque) que facilmente são transportados para 2017, para “o desenvolvimento do carácter”, concluiu.
A Conferência, que se realiza pela segunda vez em Portugal (a primeira decorreu no Estoril), foi uma conquista da Madeira, que se candidatou à organização através de fundos comunitários. Continuará numa das salas do Casino Park Hotel até amanhã, 13 de Setembro.
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Os seis declínios e os quatro antídotos
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Declínio da aptidão devido aos métodos modernos de locomoção [movendo-se];
Declínio de Iniciativa e Empresa devido à doença generalizada da ‘espectatorite’;
Declínio da memória e da imaginação devido à confusa agitação da vida moderna;
Declínio da habilidade e cuidados devido à tradição enfraquecida do artesanato;
Declínio da autodisciplina devido à disponibilidade sempre presente de estimulantes e tranquilizantes;
E o pior de tudo, o Declínio da Compaixão devido à pressa indecorosa com que a vida moderna é conduzida, ou como William Temple chamou de ‘morte espiritual’.
... e os antídotos
Treino físico;
Expedições;
Projectos;
Resgate.
Fonte: DN
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