domingo, 2 de junho de 2019

Notre Dame será reconstruída "à l'identique": pena que não se tenha pensado da mesma maneira para o Palácio da Ajuda

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Notícia extraordinária para todos os amantes do património e do bom gosto: Nossa Senhora de Paris, muito danificada no recente fogo, será reconstruída em integral respeito por como era antes do desastre. A decisão é do Senado e frustra o governo e o presidente, Emmanuel Macron, que preferia um concurso internacional para dar um toque "original" ao histórico edifício. No caso, como sabemos, o toque "de originalidade" equivaleria à permanente deformação da mais celebrada das catedrais francesas e sua sujeição às arrogâncias e desmandos de uma celebridade fazedora de caixas de sapatos ou de edifícios em forma de rolos ou de torradeiras.

É a escolha madura e avisada de um país onde não colhe bom efeito a banal acusação de "conservadorismo" ou "pastiche" que os arquitectos modernistas frequentemente dirigem a quantos insistem em honrar a tradição arquitectónica do Ocidente. Pena que em Portugal, quando se discutia que remate dar ao Palácio Nacional da Ajuda, não tenha também imperado o bom senso e decidido terminar o palácio com um desenho respeitador da sua identidade. O maior palácio real de Lisboa - que teria também, se acabado de acordo com o projecto original, sido o maior do país - merecia muito mais que a hórrida fachada que a Câmara Municipal de Lisboa decidiu dar-lhe. Mas era de esperar que aqui vencesse um mau gosto provinciano, para mais pago a ouro (as obras na Ajuda custarão quinze milhões de euros), mascarado de espírito de vanguarda. Já em Paris triunfou a coragem: coragem para afrontar o lóbi modernista e para proteger das suas mãos património que é da França, da Europa e do mundo. Por ela felicita a Nova Portugalidade a nação francesa, desejando ardentemente que a onda cá chegue e que o insulto imposto ao Palácio da Ajuda se não repita.

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