'Um período revolucionário é sempre uma ditadura de inferiores.
A situação de Portugal, proclamada a República, é a de uma multidão amorfa de pobres-diabos, governados por uma minoria violenta de malandros e de comilões. O constitucionalismo republicano, para o descrever com brandura, foi uma orgia lenta de bandidos estúpidos.'
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Pessoa Sobre A Revolução Republicana
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Princípios de vida para um tradicionalista
Vivemos numa sociedade em que os princípios mais básicos do Direito Natural não são respeitados quer pelos indivíduos, quer ainda pelos governos que nos comandam.
Há quatro princípios inegociáveis de que não podemos abdicar:
1º - Defender a vida humana desde a sua concepção até à sua morte natural;
2º - defender a família natural que é a união voluntária, cimentada no amor, de um homem e uma mulher, abertos à vida e ao cuidado dos seus filhos;
3º - proteger o direito dos pais a decidirem livremente a melhor educação para os seus filhos;
4º - o bem comum: o Estado tem de estar ao serviço dos cidadãos e não os cidadãos ao serviço dos interesses de uma minoria política ou económica.
Só colaboramos num sistema em que estes princípios sejam assumidos sem reservas pelo Estado e por todos os cidadãos, independentemente das suas crenças religiosas e dos seus posicionamentos políticos.
Fonte: Causa Tradicionalista
quarta-feira, 29 de julho de 2020
Da Autoridade e origem do Poder
terça-feira, 28 de julho de 2020
O Funchal atacado por selvagens
segunda-feira, 27 de julho de 2020
Isto dá que pensar
domingo, 26 de julho de 2020
Aniversário de Dom Afonso I Henriques e 881.° Aniversário da Batalha de Ourique
A 25 de Julho de 1109 nascia o Maior de todos os Reis na Terra: Sua Mercê Dom Afonso I Henriques, Pela Vontade dos Homens Rei dos Portugueses e Pela Graça de Deus Rei de Portugal. O Rei Fundador, D. Afonso, O Primeiro de seu nome, Rei dos Primeiros Portugueses, filho do Conde D. Henrique e como tal neto de Henrique de Borgonha, trineto de Roberto I de França, sobrinho-bisneto do Abade S. Hugo de Cluny, e que, como tal, tinha por avoengos os Reis Capetos de França e os Imperadores romanos da Dinastia Comnenus e Paleólogo, e, enquanto filho da Infanta D. Teresa de Leão, era neto do Imperador da Hispânia, o 1° Rei de Leão e Castela e de todos os Reis e Senhores de Leão e Castela, algoz do Sarraceno, Tomador de Praças e Unificador dos 5 Reinos (Suevos, Visigodos, Lusitanos, Bracos e Alanos).
Afonso I, mais conhecido pelo seu nome de príncipe, Dom Afonso Henriques (de Henrique, em tradução literal do patronímico Henriques), também chamado de Ibn-Arrik (“Filho de Henrique”) e El-Bortukali (“O Português”), apelidado de "o Conquistador", foi primeiro Rei de Portugal desde 1139 até à sua morte, a 6 de Dezembro de 1185.
Devem-se-Lhe os Actos que levaram ao Nascimento de Portugal: no dia 24 de Junho de 1128, à dianteira dos barões e fidalgos portucalenses, Dom Afonso Henriques defrontou no campo de São Mamede, perto de Guimarães as forças galegas comandadas por Dona Teresa e por Fernão Peres de Trava, derrotando-os naquela que ficou conhecida pela Batalha de São Mamede e que marcou a Fundação da Nacionalidade Portuguesa, uma vez que o Infante Dom Afonso Henriques avoca a si o governo do Condado Portucalense, com pretensões de independência. Não é ainda após esta Batalha que se auto-intitula Rei, Rex Portucalensis, pois com duas frentes de Batalha – uma contra Leão e Castela, outra contra os sarracenos –, tal só se viria a acontecer após a Batalha de Ourique, em 1139, quando arrasou os mouros – que o temiam sobremaneira e Lhe chamavam o terrível Ibn Erik (Filho de Henrique) - e consegue uma importante vitória que o engrandece sobremaneira e assim declara a Independência face a Castela-Leão, após um Alevantamento seguido de Aclamação como Rei pelos Barões Portucalenses. Ainda no dia 25 de Julho de 1139 travou-se a célebre Batalha de Ourique, em que D. Afonso Henriques, segundo o Mito, recebe as Armas de Cristo e à frente dos barões e fidalgos portucalenses, arrasa os exércitos mouros de Omar que eram em razão numérica cinco vezes superior. Após a Batalha, na qual derrota avassaladoramente a hoste inimiga, os Barões aclamam Rei o jovem Infante que os guiara à vitória sobre cinco reis mouros que comandavam os exércitos sarracenos de África e Hispânia.
As armas e escudo armorial de Portugal mantêm desde a Batalha de Ourique, em 1139, e até hoje, cinco escudetes posicionados em forma de cruz, representando cada um dos cinco reinos mouros derrotados na batalha. Sobre esses cinco escudetes, estão inscritos besantes em número variável (inicialmente onze em cada escudete), que significavam, que por Direito e Graça divinos D. Afonso Henriques era Rei, e que por isso tinha direito a cunhar a sua própria moeda.
Ulteriormente, foi determinado o número de cinco besantes (em vez de onze) sobre cada um dos escudetes, passando a contar-se segundo a tradição duas vezes os besantes do escudete central. Nascia, assim, em 1139, o Reino de Portugal e a sua 1.ª Dinastia, com El-Rei Dom Afonso I Henriques de Borgonha. Em 1143, quando assina a Paz em Zamora com o Primo Rei de Castela e Leão, onde é reconhecido como Rei, Dom Afonso Henriques usava já o título havia três anos, desde o torneio de Arcos de Valdevez, após o episódio de Ourique. O chamado Torneio de Arcos de Valdevez, também conhecido por Recontro de Valdevez ou Bafordo de Valdevez, foi um episódio determinante da História de Portugal conexo à Fundação da Nacionalidade.
O evento teve lugar na Primavera de 1141, e não 1140 como erradamente foi enunciado durante muito tempo, no Vale do Vez - tributário do rio Lima-, em Arcos de Valdevez, quando o recém Aclamado Rei Dom Afonso Henriques, depois da vitória decisiva na batalha de Ourique, em 1139, rompeu a Paz de TUI, que em 1137, havia assinado com seu primo co-irmão o Imperador da Hispânia Don Afonso VII Rei de Leão e Castela, e o temerário Rei Portucalense fez uma incursão à Galiza, subjugando alguns castelos sob protecção do monarca leonês. Perante este cenário o Imperador envia um exército cuja força numérica era muito superior, e que penetrou em terras portucalenses, descendo as montanhas do Soajo em direcção a Valdevez, derribando tudo, castelos e povoações, à sua passagem.
Seguiram-se horas de refregas e desafios, mas a fim de prevenir uma batalha campal sangrenta que disperderia homens e recursos necessários para o combate contra o avanço sarraceno. Assim, foram escolhidos os mais bravos cavaleiros de ambos os contingentes para entre si decidirem o conflito num torneio de justa, de acordo com o uso medieval.
Na autenticidade da Justa saíram vitoriosos os cavaleiros de Afonso Henriques, ficando os cavaleiros leoneses retidos, conforme o Código de Cavalaria da Idade Média.
Mas, e só, em 1143, desaparece a designação histórica de Condado Portucalense e nasce o Reino de Portugal.
Assim, Dom Afonso Henriques, guerreiro completo, governante exemplar e virtuoso cristão, nasceu em 1109 e Reinou entre 1128 e 1185, como Dom Afonso I Henriques, 1.º Rei de Portugal, isto é, 57 anos - o 4.º Reinado mais longo da História, imediatamente ao Rei-Sol Luís XIV de França e a Suas Majestades a Rainha Isabel II e a Rainha Victoria do Reino Unido.
Morreu em Coimbra onde jaz sepultado em túmulo manuelino no Mosteiro de Santa Cruz , na capela-mor do lado do Evangelho. Na inscrição original do túmulo podia-se ler:
“Aqui jaz um outro Alexandre, ou outro Júlio César,
guerreiro invencível, honra brilhante do orbe.
Douto na arte de governar, alcançou tempos seguros,
alternando a sucessão da paz e das armas.
Quanto a religião de Cristo deve a este homem
provam-no os reinos conquistados para o culto da fé.
Alimentado pela doçura da mesma fé, cumulou,
além das honras do reino, riquezas para os pobres infelizes.
Que foi defensor da Cruz e protegido pela Cruz
assinala-o a Cruz, formada de escudos, no seu próprio escudo.
Ó Fama imortal, ainda que reserves para ti tempos longos,
ninguém pode proclamar palavras dignas dos seus méritos.”
Miguel Villas-Boas
sábado, 25 de julho de 2020
Real Associação do Ribatejo e a Causa Real promovem um debate alusivo ao Projecto Tejo em parceria com a Vida Rural
A Real Associação do Ribatejo e a Causa Real promovem no dia 31 de Julho um debate alusivo ao Projecto Tejo em parceria com a Vida Rural. Em formato webinar e num momento tão decisivo para a agricultura portuguesa vamos discutir a importância dos recursos hídricos e sua manutenção, contando com a participação de notáveis oradores da área temática.
Faça já a sua inscrição em: https://www.vidarural.pt/projeto-tejo/
Juntos por um Tejo melhor!
Fonte: A Monarquia Portuguesa
sexta-feira, 24 de julho de 2020
O "confinamento" do Santuário de Fátima - Le confinement du Sanctuaire de Fatima
À la veille du 103e anniversaire des apparitions de Fatima, on a appris que la Garde nationale républicaine portugaise (GNR) mène depuis le 9 mai l’opération « Fatima à la maison », dans le but d’empêcher les pèlerins d’entrer dans le sanctuaire marial le 13 mai. La nouvelle a été donnée par le directeur des opérations, Vítor Rodrigues, qui a fait l’éloge de la « fantastique position de collaboration » des membres de l’Église catholique, avec lesquels le GNR travaille « depuis de nombreuses semaines » (https://observador.pt/2020/05/09/gnr-inicia-este-sabado-operacao-fatima-em-casa-para-impedir-acesso-de-peregrinos/). Suite à cette opération de « confinement », le sanctuaire de Fatima a été placé sous la surveillance de 3500 soldats de la Garde nationale, avec pour mission de s’assurer qu’aucun fidèle ne puisse s’approcher du lieu sans justification plausible (https://diariodistrito.pt/fatima-cercada-por-3500-gnr/amp/). Et, pour les autorités, la prière n’est évidemment pas une justification valable. En pratique, non seulement toutes les routes d’accès au sanctuaire ont été bloquées, mais aussi d’autres lieux de dévotion, comme Aljustrel, le village où sont nés Lucie, François et Jacinthe, Valinhos, site de l’apparition d’août, et le Chemin de Croix lui-même.
On a l’impression de revenir à la veille de la Révolution française, quand le jansénisme, le gallicanisme, les Lumières, le catholicisme éclairé – des forces différentes et hétérogènes, mais unies par la haine de l’Église de Rome – s’entremêlaient et multipliaient leurs efforts, à l’ombre des loges maçonniques, pour détruire définitivement l’ordre religieux et social qui fondait le christianisme.
La limitation de l’activité de l’Église au champ de la conscience était fondée sur l’idée que seul l’État aurait autorité dans la société. Mais exproprier l’Église de son rôle public signifiait la condamner lentement à l’asphyxie puis à la mort. Au Portugal, le représentant de cette politique anti-catholique fut José de Carvalho et Melo, marquis de Pombal, un des principaux représentants de la franc-maçonnerie et chef du gouvernement de 1750 à 1777, sous le règne de Joseph Ier de Bragance. Dans l’Empire autrichien, une politique similaire fut appliquée, de 1765 à 1790, par Joseph II de Habsbourg-Lorraine, et c’est pour cette raison que cette politique a été appelée « Joséphinisme« . Le souverain nommait les évêques et les abbés, intervenait dans la vie des ordres religieux et se présentait comme un réformateur de la discipline ecclésiastique. Les droits traditionnellement attribués à l’Église, tels que l’éducation et l’institution du mariage elle-même, étaient absorbés par l’État. La confiscation du patrimoine ecclésiastique, la suppression des couvents et des séminaires, la nouvelle division des diocèses, la réglementation minutieuse du culte, l’influence doctrinale de l’État dans la formation du clergé au profit des courants hétérodoxes, firent toucher le summum du processus de sécularisation de la monarchie des Habsbourg. « Sous ce gouvernement philosophique – accusera le philosophe suisse Carl Ludwig von Haller dans une page célèbre – il n’y avait plus rien de sacré : ni propriété, ni droit naturel, ni promesses, ni contrat, ni droit privé » (La restaurazione della scienza politica, tr.it., Torino, Utet 1963, vol. I, p. 280).
La différence entre hier et aujourd’hui, c’est qu’à l’époque, la politique laïciste était menée par des gouvernements forts, parfois avec la collaboration des évêques, mais toujours contre la Chaire de Rome. Et les papes condamnèrent fermement cette politique. Aujourd’hui, au contraire, une politique similaire est menée par des gouvernements faibles et incompétents, souvent avec la collaboration des évêques, mais toujours avec l’approbation tacite de l’autorité romaine. En effet, il suffirait d’un mot clair du pape François pour défaire ces manœuvres anticléricales et redonner une voix au « peuple de Dieu », qui après l’apparition des coronavirus, apparaît non pas soumis, mais plus vivant et prêt à la résistance qu’auparavant.
Dans un contexte de confusion croissante, le « confinement » du sanctuaire de Fatima par la Garde nationale du Portugal est un événement tout aussi scandaleux que la fermeture des piscines de Lourdes le 1er mars dernier. Cependant, la responsabilité principale du scandale n’incombe pas aux militaires portugais, mais aux autorités ecclésiastiques, à commencer par le cardinal Marto, évêque de Leiria-Fátima, qui a offert, ou peut-être demandé aux autorités civiles de l’aider à interdire les pèlerinages à l’occasion de l’anniversaire des apparitions de Fatima.
L’esprit de soumission au monde et à ses pouvoirs dont font preuve aujourd’hui les évêques portugais et le pape François lui-même suggère qu’à l’avenir ces hommes d’Eglise seront prêts à se soumettre à l’Islam, acceptant de vivre sous la loi de la Charia, c’est-à-dire une subordination totale à ceux qui voudraient faire de l’Europe la terre de Mahomet. Le cas de Silvia Romano, la volontaire italienne enlevée le 20 novembre 2018 au Kenya et libérée en Somalie le 9 mai 2020, est emblématique. Silvia Romano, qui était au Kenya avec une onlus (organisation à but non lucratif), après 18 mois de captivité, est réapparue comme une adepte convaincue du Coran. L’église du quartier où elle vit l’a accueillie en faisant sonner les cloches. Pour son curé, il est évident que l’apostasie est un moindre mal que le bien de la liberté retrouvée. Et aujourd’hui, à côté de la santé, la liberté, contre toute forme de restriction, semble être pour tous le bien suprême. Dans le cas de Silvia Romano, on a parlé de « syndrome de Stockholm », cet état particulier de dépendance psychologique qui se manifeste chez de nombreuses victimes d’épisodes violents. Mais aujourd’hui, le syndrome de Stockholm semble être la condition psychologique et morale du Vatican et de la plupart des conférences épiscopales face au pouvoir laïc-maçonnique de l’Occident et de l’Islam qui progresse.
Cette situation est aggravée par le fait que, justement à Fatima, la Sainte Vierge a demandé la prière et la pénitence, privées et publiques, pour éviter les châtiments qui se profilent à l’horizon. Mais le 13 mai, le sanctuaire de Fatima, comme celui de Lourdes et comme la basilique Saint-Pierre à Pâques, sera spectralement vide. Comment ne pas voir dans ces événements symboliques l’approche des grands châtiments que la Vierge elle-même a prédit à Fatima? L’interdiction faite aux fidèles catholiques de manifester publiquement leur dévotion à la Vierge dans son sanctuaire, rapproche l’heure de ces punitions, peut-être déjà commencées avec le coronavirus. Oublier l’imminence de ces punitions pour poursuivre les « untori » [ndt: pestiférés, ceux qui propagent la maladie, cf. note de bas de page ici] de la maladie, peut nous conduire dans un dangereux labyrinthe…
Ceux qui ne se souviennent pas de l’existence de la main de Dieu pendant les malheurs de l’histoire démontrent qu’ils n’aiment pas la justice divine, et ceux qui n’aiment pas la justice de Dieu risquent de ne pas mériter sa miséricorde. Et le « confinement » du sanctuaire de Fatima, plus que la fermeture d’un lieu, apparaît comme le silence imposé à un message.
Roberto de Mattei
Fonte: Benoit & Moi
quinta-feira, 23 de julho de 2020
SANTA SOFIA E AS CRUZADAS
A construção da imponente basílica cristã, que se deve ao imperador Justiniano, ocorreu na primeira metade do século VI, entre os anos 532 e 537, sendo portanto anterior a Maomé. Foi, durante muitos séculos, não apenas a catedral de Constantinopla, mas a mais importante igreja de todo o império romano do Oriente.
Quando, no ano 1054, o Cardeal Humberto, legado papal, excomungou, em Santa Sofia, o patriarca bizantino Miguel Cerulário I e este, embora não tivesse jurisdição para o fazer, excomungou o bispo de Roma, consumou-se o grande cisma do Oriente, ou seja, a divisão da Igreja em duas grandes comunidades cristãs: a ocidental, ou latina, católica; e a oriental, ou bizantina, ortodoxa, que ainda perdura. Durante quase um milénio, a catedral dedicada a Jesus Cristo, sob a designação de Santa Sabedoria, ou, em grego, Santa Sofia, foi uma catedral cristã que, de 1204 a 1261, chegou a ser católica romana, durante o breve patriarcado latino de Constantinopla, que se seguiu à conquista, pela quarta Cruzada, da capital do império romano do Oriente. Com a queda de Constantinopla, em 1453, Santa Sofia passou a ser uma mesquita.
As Cruzadas são um dos temas da História do Cristianismo mais recorrentemente usados para atacar a Igreja, a par da Inquisição, ou do caso Galileu. Como sempre acontece, não é da comunidade científica que, por regra, surgem essas críticas, mas daqueles que, a partir de um conhecimento incipiente, ou preconceituoso, partem para generalizações que pouco ou nada têm a ver com a verdade histórica.
São muitos os mitos modernos em relação às Cruzadas. Alguns consideram-nas como uma manifestação típica da arrogância católica, que foi pretexto para inqualificáveis abusos, como matanças e pilhagens que, é certo, também houve. Há quem entenda que foram apenas um meio para a ocupação militar da Terra Santa, onde chegou a existir um efémero reino cristão. Outros, ainda, pensam que as sucessivas expedições militares dos cruzados, mais do que peregrinações aos Santos Lugares, pautadas, como seria de supor, pela oração e pela penitência, eram, na realidade, manifestações da avareza dos príncipes cristãos e dos nobres guerreiros que os acompanhavam, no intuito de assim conquistarem mais riquezas e honras.
Em relação aos temas históricos, há que distinguir os factos da ideologia. A História é uma ciência social, que tem uma base empírica: os factos, tal como podem ser objectivamente conhecidos. A ideologia, pelo contrário, procura distorcer a realidade, para apresentá-la da forma que for mais conveniente para os seus intuitos políticos. A historiografia laica, de cunho marxista, é perita na manipulação histórica: como diziam os velhos comunistas ortodoxos, o passado ao partido pertence…
Que diz, então, a História, sobre as Cruzadas? Como o testemunho de um autor cristão poderia ser suspeito, nada melhor do que um autor judeu, como Simon Sebag Montefiore que, por sinal, não nutre particular simpatia pelo Cristianismo. Membro de uma conhecida família judaica inglesa, mas de origem italiana, Montefiore, que é também o nome de um bairro de Jerusalém, fundado por um seu avô, é o autor da monumental Jerusalem, The Biography, que foi traduzida e editada em português (Jerusalém, A biografia, Aletheia Editores 2011) e também distribuída, em fascículos, pelo semanário Expresso.
Como eram tratados, antes das Cruzadas, os peregrinos cristãos que se dirigiam à terra de Jesus? Um exemplo de uma dessas expedições é relatado, em termos impressionantes, por Montefiore: “Em 1064, uma caravana de 7000 peregrinos alemães e holandeses, chefiada pelo bispo de Bamberg, Arnoldo, foi atacada por beduínos diante das muralhas da cidade [de Jerusalém]. Alguns peregrinos engoliram o ouro que levavam consigo, a fim de o esconderem dos bandidos, que os esventraram para lho arrancarem; ao todo, foram assassinados 5000 peregrinos. Embora a Cidade Santa estivesse nas mãos dos muçulmanos há quatro séculos, estas atrocidades punham em causa o acesso ao Santo Sepulcro.” Esta terrível matança, que não foi um caso isolado, prova como era então perigoso peregrinar aos Santos Lugares, mesmo por parte daqueles que, indefesos, mais não tinham do que piedosas intenções.
Este massacre prova que as Cruzadas não nasceram, ao contrário do que alguns dizem, de um propósito ofensivo e imperialista dos cristãos, mas como uma legítima defesa dos cristãos do Ocidente que peregrinavam ao Santo Sepulcro, sem outra motivação que não fosse a sua piedade. Essas multiseculares peregrinações fundamentavam o direito de passagem dos fiéis que, a partir da invasão muçulmana da região, lhes foi violentamente negado sem qualquer razão plausível. Três séculos antes de Maomé, uma monja ibérica peregrinou aos Santos Lugares por sua conta e risco, sem que nada, nem ninguém, estorvasse esse seu propósito, que cumpriu e de que regressou sã e salva. Dessa sua impressionante experiência, deixou até um interessantíssimo relato (Egéria, Peregrinação à Terra Santa no Século IV, Aletheia Editores, 2015).
A ideia de que as Cruzadas escondiam propósitos que tinham mais a ver com a cobiça do que com a devoção, que mais não seria do que um falso pretexto, também não corresponde à verdade histórica. Segundo Montefiore, a maior parte dos peregrinos ia à Cidade Santa em voluntária penitência pelos seus pecados. “Fulquério, O Negro, Conde de Anjou e fundador da dinastia angevina, que viria a reinar em Inglaterra, foi em peregrinação a Jerusalém por ter mandado queimar a mulher, ainda com o vestido de noiva vestido, depois de ter descoberto que ela tinha cometido adultério com um guardador de porcos; Fulquério faria esta peregrinação por três vezes. Posteriormente, o Conde Sweyn Godwinson, irmão do Rei Harold de Inglaterra, partiu descalço para Jerusalém em penitência por ter violado a abadessa Edwiga; e Roberto, Duque da Normandia e pai de Guilherme, o Conquistador, abandonou o ducado para ir rezar no Santo Sepulcro. Qualquer destes três peregrinos morreu durante a viagem à Terra Santa; com efeito, a morte era uma companheira habitual destas peregrinações”.
Também é falso que os cruzados lucraram mundos e fundos com as expedições à Terra Santa. Mais uma vez, é o judeu Simon Sebag Montefiore quem o diz: “A ideia moderna – popularizada pelos filmes de Hollywood e pela reação ao desastre que foi a guerra do Iraque, em 2003 – de que as Cruzadas não passaram de uma oportunidade de enriquecimento pessoal com dividendos sádicos é falsa. É certo que uma mão cheia de príncipes criou novos feudos e que alguns cruzados ganharam fama nestas batalhas; de uma maneira geral, contudo, os custos eram punitivos e foram muitos os que perderam a fortuna e a vida nestes empreendimentos, quixotescos e arriscados, mas levados a cabo com um espírito de sincera piedade. Presidia às Cruzadas um estado de alma que os ocidentais modernos têm dificuldade em compreender: através delas, os cristãos tinham oportunidade de conquistar o perdão pelos seus pecados, ao mesmo tempo que promoviam o acesso de outros cristãos aos lugares santos; ou seja, estes guerreiros peregrinos eram, na sua maioria, crentes que buscavam a salvação das suas almas”.
O Papa Francisco, no passado dia 12, disse estar “muito entristecido” pela conversão da Basílica de Santa Sofia numa mesquita muçulmana. Não, decerto, pela transformação de um museu num templo dedicado ao culto do único Deus, mas porque a islamização daquela igreja, que foi em tempos a maior da Cristandade, é sinal das perseguições que os cristãos sofrem em todo mundo, nomeadamente nos países muçulmanos. Também Jesus, à vista de Jerusalém, chorou sobre a cidade, dizendo: “Se ao menos neste dia conhecesses o que te pode trazer a paz! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos” (Lc 19, 42).
quarta-feira, 22 de julho de 2020
AS QUESTÕES FALSEADAS E/OU, AS FALSAS QUESTÕES!
terça-feira, 21 de julho de 2020
19 de Julho de 1717: Batalha do Cabo Matapão
segunda-feira, 20 de julho de 2020
Em Memória dos Santos Mártires Imperiais da Rússia
Há 102 anos, consequência totalmente incompreensível da Revolução de Outubro de 1917, no dia 17 de Julho de 1918, a Família Imperial da Rússia foi barbaramente assassinada.
O Tzar Nicolau II, a Tzarina Alexandra, o Tzarevich Alexis, as Grã-duquesas Olga, Tatiana, Maria e Anastásia, mais quatro empregados, foram executados por uma fuzilaria e depois trespassados pelas baionetas de um pelotão bolchevique vermelho, a mando de Lenine, na cave da Casa Ipatiev, em Ekaterimburgo.
O Tzar Nicolau II foi o primeiro a morrer. As últimas a morrer foram Anastásia, Tatiana, Olga e Maria, que foram também golpeadas por baionetas.
No seu diário Leon Trotsky imputa a ordem para a execução a Lenine e Sverdlov.
Em 1 de Outubro de 2008, o Supremo Tribunal da Rússia reabilitou formalmente o último czar, Nicolau II, declarando que o assassínio do monarca e da sua família, em Ekaterimburgo, representou uma acção ilegal das autoridades soviéticas.
A 30 de Setembro de 2008, o Supremo Tribunal da Rússia reabilitou a família real russa e o czar Nicolau II, 90 anos após sua morte. O Supremo Tribunal Russo declarou que a sua execução foi ilegal e que a família real russa foi vítima de um crime, da repressão bolchevique.
Em 1981, Os Romanov foram canonizados pela Igreja Ortodoxa Russa no Exterior como Neomártires. Em 2000, a Igreja Ortodoxa Russa, dentro da Rússia canonizou a família como Portadores da Paixão. Os Romanov imolados pelos Bolcheviques Vermelhos são hoje Santos Mártires Imperiais da Rússia.
Relato do vil magnicídio imperial por um guarda da Família Imperial russa:
‘Na noite de 16 para 17 de Julho, entre as sete e as oito da noite, quando o meu turno tinha acabado de começar, o comandante Yurovsky (chefe do esquadrão de execução) ordenou-me que fosse buscar os revólveres Nagan aos guardas e que os levasse até ele. Recolhi doze revólveres dos sentinelas e de outros guardas e levei-os ao escritório do comandante.
O Yurovsky disse-me, "Temos de os matar hoje à noite, por isso avisa os guardas para não se assustarem se ouvirem tiros". Percebi então que o Yurovsky tinha todas as intenções de matar a família inteira do czar, bem como o médico e os criados que estavam com eles, mas não lhe perguntei onde nem quem tinha tomado essa decisão. Cerca das dez da noite, seguindo a ordem de Yurovsky, informei os guardas para não se assustarem caso ouvissem disparos.
Cerca da meia-noite, o Yurovsky acordou a família do czar. Não sei se lhes disse a razão pela qual tinham sido acordados ou para onde seriam levados, mas tenho a certeza que foi o Yurovsky que entrou no quarto ocupado pela família do czar. Cerca de uma hora depois, a família inteira, o médico, a criada da czarina e os criados do czar levantaram-se, lavaram-se e vestiram-se.
Pouco antes de o Yurovsky ir acordar a família, dois membros da Comissão Extraordinária (do Soviete de Ekaterinburg) chegaram à Casa Ipatiev. Pouco depois da uma da manhã, o czar, a czarina, as suas quatro filhas, a criada, o médico, o cozinheiro e os criados saíram dos seus quartos. O czar levava o filho nos braços. O imperador e o herdeiro estavam vestidos de uniforme e levavam capas. A imperatriz, as suas filhas e os outros seguiam-nos. O Yurovsky, o seu assistente e os outros dois que mencionei em cima, membros da Comissão Extraordinária acompanharam-nos. Eu também estava presente.
Enquanto estive presente, nenhum membro da família do czar fez perguntas. Não choraram nem se lamentaram. Depois de descer as escadas da Casa Ipatiev para o primeiro andar, fomos para o quintal e, daí, entramos na segunda porta (do lado do portão), chegando à cave da casa. Quando chegamos à sala, adjunta à dispensa e com uma porta fechada atrás, o Yurovsky ordenou que se trouxessem cadeiras e o seu assistente trouxe três cadeiras. Uma delas foi dada ao imperador, uma à imperatriz e a terceira ao herdeiro.
A imperatriz sentou-se perto da parede, junto à janela, perto do pilar negro do arco. Atrás delas estavam três das suas filhas. Conhecia bem as caras delas porque as via todos os dias quando elas iam passear pelo jardim, mas não sabia como se chamavam. O herdeiro e o imperador sentaram-se lado a lado, quase a meio da sala. O doutor Botkin estava atrás do herdeiro. A criada, uma mulher muito alta, estava à esquerda da porta que dava para a dispensa, ao seu lado estava a filha mais nova do czar (Anastásia). Os outros dois estavam encostados à parede, à esquerda da porta de entrada para a sala.
A criada levava uma almofada. As filhas do czar também tinham almofadas pequenas com elas. Uma delas foi colocada na cadeira da imperatriz e outra na do herdeiro. Parecia que adivinhavam o seu destino, mas nenhum deles falou. Neste momento entraram onze homens na sala: O Yurovsky, o assistente, dois membros da Comissão Extraordinária e quatro operativos da Cheka (polícia secreta).
O Yurovsky ordenou-me que saísse, dizendo: "Vai até à rua, vê se está lá alguém e espera para ver se se conseguem ouvir os tiros." Saí para o quintal, que era protegido por uma vedação, mas antes de chegar à rua ouvi disparos. Regressei imediatamente à casa, só tinham passado dois ou três minutos, e quando entrei na sala onde a execução tinha acontecido vi que todos os membros da família do czar estavam deitados no chão, gravemente feridos ou mortos. O sangue corria como um riacho. O médico, a criada e os dois serventes também tinham sido atingidos. Quando entrei o herdeiro ainda estava vivo e gemia um pouco. O Yurovsky foi até ele e disparou mais dois ou três tiros contra ele. Depois o herdeiro ficou quieto."
domingo, 19 de julho de 2020
Não temos o direito de fingir não saber quem são os cúmplices morais disto
A construção da catedral de Nantes começou já no século XV. Durou 457 anos. Incendiada hoje - é o que tudo indica -, salvou-a de maior destruição o empenho dos bombeiros. O que se perdeu é relevante. Podia ter sido pior.
A confirmar-se ter sido fogo posto, o fácil seria ignorar que este tem sido o ano da apologia aberta, franca, sem limite e sem vergonha do vandalismo e da destruição patrimonial. Mas não podemos nós fazê-lo, pois o silêncio aqui seria cumplicidade e deserção. Os destruidores de estátuas - também os que, ainda há semanas, injuriavam a do Padre António Vieira em Lisboa - são a todos os títulos justificadores e cúmplices morais da mais violenta campanha de erradicação da cultura e da herança histórica desde o nazismo na Alemanha e do comunismo na Rússia e em Espanha de 1936 a 1939. Alguns preferirão fingir não perceber o que se passa ou apontar culpados. Não o faremos nós, cientes de que isso seria estender a carpete aos bárbaros.
Fonte: Nova Portugalidade
sábado, 18 de julho de 2020
A abstenção como eleição política activa, positiva
Fazer parte da percentagem de abstenção do censo eleitoral, quanto mais elevado melhor, pode ser motivo de orgulho. Os que pensam que se não votas não estás a ser útil; que dizem que se não votas não tens direito a queixar-te depois estão muito equivocados. Quantos mais "votos abstenção" houver, mais evidente será que isso de que as decisões políticas são fruto da vontade geral maioritária é uma ficção, pois o poder político abrangente é eleito apenas por uma parte dos votantes e estes, por sua vez, são só uma parte de todo o censo eleitoral.
Isto é uma ficção e duplamente, uma vez que não é apenas uma percentagem de uma percentagem, ou seja, uma minoria que constitui uma maioria, mas a voto num partido político que tomará as suas decisões que poderão não corresponder às expectativas dos votantes.
Uma democracia que permita aos cidadãos votar directamente cada decisão (a Suíça é o país da actualidade mais próximo disto) eliminaria pelo menos a segunda vertente de falsidade na legitimação por vontade maioritária. Portanto, mesmo que a abstenção fosse nula, a vontade da maioria poderia nunca realizar-se enquanto estiver proíbido o mandato imperativo (que sujeitaria as votações dos parlamentares às instruções dos seus eleitores) e, muito menos, enquanto subsistirem as listas fechadas que submetem as votações dos parlamentares às instruções do partido.
Retirado de Firmus et Rusticus.
Fonte: Causa Tradicionalista
sexta-feira, 17 de julho de 2020
Temporada de concertos da Fundação da Casa de Bragança inicia no Panteão dos Duques a 01 de Agosto
No próximo dia 01 de Agosto acontece no Panteão dos Duques de Bragança, em Vila Viçosa, um recital da Temporada 2020.
O evento, de entrada livre, terá início às 16 horas, com actuações dos Solistas da Camerata Atlântica, Ana Beatriz Manzanilla e João Andrade no violino, Pedro Saglimbeni Muñoz na viola e Nuno Abreu no violoncelo.
Fonte: A Monarquia Portuguesa
quinta-feira, 16 de julho de 2020
Estamos no fim dos tempos?
Virgem do Apocalipse |