terça-feira, 7 de julho de 2020

O português que ajudou a implantar o Catolicismo na China

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Nascido em Pedrogão, no de 1610, Gabriel de Magalhães cedo ingressaria na Companhia de Jesus.


Vocacionado para a missão, o jesuíta aportou na cidade chinesa de Hangzhou, após passar seis anos em Goa, iniciando-se na aprendizagem de mandarim sob a orientação do jesuíta italiano Ludovico Buglio, que o acompanharia ao longo dos anos que se seguiriam.


Após uma passagem por Chengdu, os dois seriam enviados em 1648 para a Cidade Proibida, em Pequim, onde foram muito bem recebidos pelo Imperador Shunzhi, que lhes concederia habitação na cidade. Em Pequim, os dois iniciaram a construção da segunda igreja católica mais antiga da região a Igreja de São José, terminada no ano de 1655.


Gabriel de Magalhães ganharia também grande admiração por parte do Imperador por ter construído uma série de dispositivos mecânicos, incluindo um relógio de carrilhão e torre que tocava uma música chinesa de hora a hora.


Com a morte do Imperador Shunzhi e o surgimento dos sentimentos anti-cristãos, Magalhães foi preso e torturado em 1661, sob falsas acusações de suborno das quais acabaria por ser ilibado.


Ao longo da sua vida, Gabriel de Magalhães procurou compreender a cultura chinesa, iniciando em 1650 a escrita da “mais compreensiva e perceptiva descrição da China”, obra completada em 1668 que falava sobre diversos aspectos da China, como a sua História, linguagem, tradições, costumes e método de governação. Trazida para a Europa após a morte do autor pelo jesuíta francês Philippe Couplet, o livro seria publicado em português com o título “Doze excellencias da China” e em francês como “Nouvelle Relation de la Chine, contenant la description des particularitez les plus considerables de ce grand empire”. Apesar dos erros de tradução de que foi alvo, a obra contribuiu para uma melhor compreensão do mundo chinês na civilização ocidental.


Gabriel de Magalhães morreria a 6 de Maio de 1677, em Pequim, tendo o seu elogio fúnebre sido escrito pelo próprio Imperador Kangxi, que a ele se referiria como um “devoto do bem público”.


O Imperador diria ainda, em relação à dupla Magalhães – Buglio, que “eles não fizeram nada de mal e ainda assim muitos chineses desconfiaram deles. Nós observámos atentamente o seu comportamento por muitos anos e concluímos que não fizeram absolutamente nada de impróprio”.


O reconhecimento do Imperador da obra deixada pelo missionário português terá acabado por levar à redacção do Édito da Tolerância, em 1692, que reconheceu como legítima a Igreja Católica Romana, proibiu os ataques a igrejas e missões católicas e permitiu a prática do cristianismo por parte dos cidadãos chineses.


Miguel Louro


Fonte: Nova Portugalidade

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