domingo, 31 de julho de 2022

O que o vento levou do Vaticano

 


Sob este título, foi publicado, em Itália, durante o último período de João Paulo II, um livro que denunciava as diferentes derivas observadas dentro da Cúria Romana desde o pontificado de Pio XII (Via col vento in Vaticano, Kaos edizioni, 1999). Embora haja múltiplos exemplos de peripécias análogas desde os tempos bíblicos, as complexidades da nossa época parecem assumir carácteres particularmente escandalosos.          
 
A maior parte dos autores desta obra colectiva, altos funcionários da Santa Sé, permaneceram anónimos e o texto original esgotou nas livrarias, sendo rapidamente traduzido para inglês (Shroud of Secrecy: The Story of Corruption within the Vatican, Key Porter Books, 2000), francês (Le Vatican mis à nu, Robert Laffont, 2000) e espanhol (El Vaticano contra Dios, Zeta Actualidad, 2005).

Como está actualmente disponível na internet, centrar-me-ei aqui em três aspectos que se destacam no meio de uma bruma geral pouco edificante e que são de indubitável interesse para os católicos no século XXI: as origens de Paulo VI no governo eclesiástico, a revolução litúrgica e a infiltração da maçonaria na cúpula da Igreja pós-conciliar.            

A peculiar carreira de são (?) João Baptista Montini já foi recontada noutras ocasiões. Neste caso, faz-se de forma meridiana. Após a morte do Cardeal Maglione, em 1944, ficou o jovem substituto lombardo à frente da Secretaria de Estado de Pio XII. Mas não sabia que o Coronel Arnould o observava secretamente, para poder informar mensalmente o pontífice das suas actividades.    

Em Agosto de 1954, descobriu que Montini mantinha relações secretas com membros do Partido Comunista da União Soviética que perseguiam bispos, sacerdotes e fiéis católicos na clandestinidade, a fim de os poder eliminar aos milhares. Como se isso fosse pouco, o futuro Paulo VI ocultava ao então papa o cisma dos bispos chineses.                             

Para puni-lo pelas suas intrigas, Pio XII expulsou-o de Roma, nomeando-o Arcebispo de Milão (promoveatur ut amoveatur), onde o manteve até à sua morte sem o fazer cardeal. Apenas algumas semanas depois de João XXIII subir ao sólio, Montini recebeu a púrpura, abrindo-se para ele grandes possibilidades face ao próximo conclave. Para não perder as suas hipóteses, teve de eliminar alguns documentos acusatórios... Mas deixamos o leitor em suspense para que possa consultar o final da história.

No que diz respeito à questão litúrgica, não se pode dizer que esta seja, estritamente falando, uma obra do sector que se veio a chamar “tradicionalista”. No entanto, os termos que utiliza para qualificar a reforma levada a cabo por Paulo VI não poderiam ser mais severos: «Como resultado desta reforma, houve uma viragem de cento e oitenta graus. O homem tornou-se o actor principal, um cenógrafo que manipula a liturgia para a fazer entrar no nosso jogo, um pouco como se se tratasse de uma reunião ou um acontecimento. Subvertida desta forma, a liturgia reduz-se a um conjunto de preocupações pedagógicas e humanitárias de catequistas. Converteu-se numa escola de charlatanice.    

Despida, nua, violada, coberta apenas por uma folha de figueira, a nova liturgia assim transformada fica à mercê dos abusos de poder do primeiro violador que apareça. Outrora guardiã das verdades eternas, e portanto rica em arte e pensamento, hoje oferece-se às manipulações de cerimoniários caprichosos.  

Nunca na história das religiões, incluindo as primitivas, se viu um povo que tenha sido mais despojado das suas tradições religiosas seculares mediante um golpe de relâmpago como ocorreu na Igreja Católica latina com a sua antiga liturgia, a verdadeira liturgia, procedente do velho filão latino elegíaco confirmado pelo canto gregoriano, substituído por um monte de composições desprovidas de qualquer sentido lírico e estético, por pequenas poesias pobres em conteúdo teológico e sem força descritiva, pálidas, sem a menor vivacidade ou relevo literário. Conceptualmente, o conteúdo é medíocre, quase primitivo, sem força, ideal ou verdade, sem arte poética ou musical
».   

Terminamos com a análise sobre a maçonaria. Apenas chegado a Milão, em 1954, o futuro são (?) Paulo VI nomeou como assessor financeiro o maçónico Michele Sindona, que levaria para Roma ao ser coroado Papa, juntamente com os também maçónicos Roberto Calvi, Licio Gelli e Umberto Ortolani, todos da loja P2, conhecida em Inglaterra como “a loja eclesiástica”.          

Outros dois personagens vinculados à maçonaria mencionadas no livro são Anibale Bugnini, autor da reforma litúrgica paulina, a quem o Grande Oriente de Itália fazia substanciais transferências bancárias mensais; até que, em 1975, ambos foram publicamente descobertos pela imprensa e o eclesiástico foi rapidamente enviado como núncio apostólico para o Irão.

E, finalmente, o Cardeal Baggio, nada menos que Prefeito da Sagrada Congregação para os Bispos e um dos três concorrentes nos conclaves seguintes (que elegeram Luciani e Wojtyła), juntamente com o progressista Benelli e o conservador Siri. Estes dois são frequentemente citados, mas esquece-se comummente o primeiro.                                              

Miguel Toledano

Fonte: Dies Irae

sábado, 30 de julho de 2022

Aos Portugueses

 


Os inimigos da ordem são inimigos de Deus; porque Deus é o autor e conservador de toda a ordem: A facção liberal ou maçónica foi produzida, segundo ela mesma declara, pelos Judeus, e propagada pelos obstinados que viram e não creram os milagres de Jesus Cristo! Esses desgraçados Judeus foram os instrumentos de que se serviu o espírito das trevas para pôr em dúvida os mistérios da Redenção; logo, a facção liberal é agente das maquinações de Lúcifer; e logo, é inimiga imediata das obras de Deus na Terra: portanto, pertence ao mesmo Deus destruí-la e não permitir que os homens defendam as suas obras, nem que as providências humanas cheguem a confundir os ímpios; porque essa permissão negariam os ateus, e tirariam dela argumentos para atribuir tudo às diligências dos homens, e declamarem da existência e poder de Deus. Pertence à Justiça Divina punir a obstinação dos materialistas, porque a obstinação dos materialistas é um crime directo contra a Divindade. Pertence ao mesmo Deus patentear o Seu poder, depois de não haver algum poder humano capaz de resistir à facção maçónica! Tremendíssimo será o castigo, porque os soberbos o provocam! Maravilhoso para os homens, e glorioso para Deus, será o fim dessa espantosa luta! Humilhem-se, prostrem por terra os bons Portugueses: Já que a Divina Providência, por mui assinalados factos, os tem favorecido com especialidade desta especial distinção da Providência: tratem de continuar a merecer a mesma graça: permaneçam fiéis aos seus deveres sociais: cumpram as obrigações de católicos e de vassalos: intimem continuadamente a seus filhos o amor a essas mesmas obrigações: transmitam-lhes este Opúsculo como infalível preservativo do infernal veneno revolucionário: abominem todos os dias os inimigos de suas instituições, porque esses inimigos todos os dias trabalham por subvertê-las: e Deus, que segundo o solene juramento do primeiro Rei de Portugal, foi o autor dessas sábias instituições, será também, como até agora tem sido, o seu adorável defensor. Deus, que por visíveis prodígios livrou a Monarquia Portuguesa de naufragar na revolução parcial, a livrará também por estupendas maravilhas de ser destruída na revolução geral! Deus fortalecerá os Portugueses, e permitirá que sejam aqueles poucos escolhidos para extirpar a malvada facção maçónica, que por ser produção indirecta, e agente directo do espírito das Trevas, é inimiga jurada de Deus, dos Reis e dos Povos.

Faustino José da Madre de Deus in «Os Povos e os Reis», 1825

Fonte: Veritatis

sexta-feira, 29 de julho de 2022

A caça às bruxas do século XXI

 


Trotski, já dizia: «Quem tem a comunicação social nas mãos, tem o povo».

A mentira mais perigosa é a que vem de alguém que nos parece credível e que nos entra em casa diariamente. As pessoas que têm a televisão como companhia também a têm como arauto da verdade. Nunca, como hoje, a caixinha “que mudou o mundo” formatou, influenciou e alienou tantos cidadãos. Nunca, como hoje, a censura esteve tão activa e a informação, ou desinformação, tão controlada por quem nos governa.

O jornalismo está em estado de coma. A maior parte dos jornalistas e dos articulistas de opinião, que escrevem nos jornais e revistas e fazem programas nas rádios, formaram-se no ensino estatal e são militantes activos da sinistra (esquerda, em italiano). Os que não o são e conseguem que um ou outro órgão de comunicação social, que não se vendeu ao sistema, publique notícias que não saem nos mass média cá do burgo bem as suas opiniões fora do politicamente correcto, são alvo de ataques pessoais e de tentativas de cancelamento por parte de alguns activistas militantes das causas fracturantes, que não admitem o contraditório e cuja ideologia só avança porque faz parte da sinistra agenda política.

Fazer reportagens que duram horas, para depois montar peças de poucos minutos nas quais selecionam frases e palavras, muitas vezes retiradas do contexto e realinhadas de forma a denegrir aqueles que, gentilmente, acederam fazer a reportagem com a esperança de que a verdade seja conhecida de todos, é a coisa mais fácil deste mundo e, para os que colaboram com a imposição de uma agenda ideológica que paga muito bem e é promovida pela força política no poder… Vale tudo.

Afinal, pensam alguns “jornaleiros” dos nossos dias, estamos do lado certo da força, certo?

ERRADO!

O lado certo da força é, sempre foi, e continuará a ser a VERDADE.

Já passei por isso e, acredite, é muito complicado. Mas, não vou falar no meu caso. Vou recordar um triste e lamentável episódio, que aconteceu no dia 11 de Janeiro de 2019, na TVI e na TVI24, e que foi um dos maiores ataques de que tenho memória a pessoas e a uma instituição — no caso, a uma religião [que nem sequer é a minha] que não se rende à cultura nem às pseudo-ciências na questão abordada — em prol da agenda ideológica elgebetista de género, que nos está a ser enfiada goela abaixo e a destruir a identidade/sexualidade dos seres mais frágeis da nossa sociedade: as crianças.

A tentativa de queimar, literalmente, o Dr. Abel Matos Santos e a Dra. Maria José Vilaça em praça pública fez-me lembrar um auto-de-fé, sem fogo, mas com a clara intenção de matar a reputação dos dois profissionais de saúde. Graças a Deus, ambos saíram de cena e deixaram os acusadores a falar sozinhos.

Convidar dois profissionais de saúde que não são pró-agenda elgebetista e permitir que outros dois profissionais de saúde, claramente pró lgbtetc. (a psicóloga fazia parte da Ass. Feminista CAPAZES e nem sequer estaria inscrita na Ordem dos Psicólogos), atacassem vergonhosamente a fé da Drª Maria José Vilaça –  como se ela não pudesse ser psicóloga por ser católica — foi uma amostra da agressividade e da falta de tolerância da militância ideológica, que rejeita a ciência e tenta impedir que os seus potencias militantes sejam ajudados a pedido destes. Ouvir uma psicóloga afirmar que a prática homossexual é igual à prática heterossexual é surreal. E, sim, pessoas adultas podem fazer sexo com quem quiserem (menos com crianças, claro), e eu não tenho nada com isso. Mas, a relação homossexual não é igual à relação heterossexual. Só a relação sexual entre um homem e uma mulher – heterossexual – produz vida e garante a continuidade da espécie. A outra é estéril. Portanto, uma relação sexual que, caso fosse praticada pela maioria levaria fatalmente à extinção da espécie humana, não pode ser igual à que, naturalmente, garante a continuidade da espécie.

A homossexualidade é uma doença?

Numa época em que se investigam Ecossistemas para que se possa respeitar a sua integridade e não os destruir, em que a ciência procura descobrir os melhores métodos/tratamentos para manter a saúde – e todos são unânimes em afirmar que tal só é possível se as leis do corpo forem respeitadas – a sexualidade humana é a única que anda ao contrário e exige uma auto-determinação, que não respeita as leis do corpo, mas obedece cegamente aos sentimentos.

Hoje, depois da pressão do lóbi lgbtetc. para retirar a homossexualidade do CID9 [Classificação Internacional de Doenças] e de já não constar no CID10 como tal,  é crime dizer que a homossexualidade é uma doença ou que a pessoa que sente atracção sexual por pessoas do mesmo sexo pode mudar a sua orientação. Para o lóbi, a homossexualidade é uma condenação vitalícia mesmo para aqueles que não se aceitam e querem ajuda para mudar.  

Mas, como cristã, eu não creio que a homossexualidade seja uma doença que pode ser tratada com medicamentos. Para mim, que creio em Deus e na Sua Palavra, é pecado. Ora, como a Bíblia afirma que o pecado é a mais terrível doença, que afecta e contamina o género humano e a própria natureza, sim, posso dizer que é doença, mas só nesse sentido. E, sim, já nasce com a pessoa no sentido em que TODOS nascem pecadores. Nuns, o pecado manifesta-se de uma maneira, noutros, de outra.

E, porque é que é pecado?

«Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou activos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus.» (1 Coríntios 6:9)

Porque a Escritura, que para o cristão, repito, é a Palavra de Deus, nos diz que Deus criou o Homem e a Mulher para O glorificar e gozar dEle para sempre. Como Criador, Ele uniu o Homem à sua Mulher e ordenou-lhes que se multiplicassem. Nada mudou. Ainda hoje, e até que Jesus Cristo volte e redima a criação caída (por causa da desobediência) o Criador exige que as suas criaturas Lhe obedeçam. Quando vivemos para satisfazer os nossos próprios apetites, sejam eles de que natureza forem, em detrimento do que Deus ordena, pecamos. Esta é a crença e a visão de qualquer cristão convertido a Cristo.

Onde está a tolerância — dos que tanto gritam por ela — para com pensamentos e modos de vida contrários aos que defendem?

A homossexualidade tem cura?

O apóstolo Paulo disse que sim, que há cura em Cristo:

«Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus.» (1 Coríntios 6:11)

Humanamente falando, não creio que haja “cura” sem que haja o desejo do próprio em deixar a prática. Aliás, como o avanço do lóbi elgebetista e com a sua infiltração na igreja, há cada vez mais pessoas a não verem qualquer mal na homossexualidade. Muitos alegam que se a pessoa é feliz assim… O problema é que ninguém é feliz vivendo em desobediência a Deus e sob a sua ira.

Só Jesus Cristo pode salvar o ser humano do poder do pecado na sua vida. Ora, como cremos que tudo o que se desvia do plano e propósito de Deus para a sua criação é pecado, só mesmo o Autor e Consumador da salvação pode “curar” a homossexualidade e todos os demais pecados que aprisionam, oprimem e matam o ser humano.

De acordo com testemunhos dos próprios, é eticamente condenável não reconhecer que muitos homossexuais têm sido libertos da prática da homossexualidade. É indecente afirmar que, entre pessoas sujeitas a “tratamentos” — que as próprias buscaram — há mais suicídios, mas nunca mencionar que o número de suicídios cometidos por homossexuais é muito mais elevado do que o cometido por heterossexuais (e, não, a culpa não é da sociedade, mas sim efeito do pecado). É reprovável nunca mencionar as doenças que a prática homossexual potencia nos seus praticantes, etc.

Culpar a “falta de tolerância” — quando, na verdade, querem dizer APROVAÇÃO E ELOGIO da prática homossexual — do elevado número de suicídios na comunidade homossexual, não é só ridículo, mas também perigoso.

Por quê?

Porque, de acordo com esse ponto de vista, se eu, cristã, me sentir perseguida porque me auto-percebo como cristã, defendo os valores cristãos e vejo a intolerância a abater-se sobre os cristãos, me suicidar… A culpa é dos islâmicos, dos ateus, dos homossexuais e das minorias, que não aprovam o que os cristãos pensam nem elogiam as suas práticas?

Posto isto, defendo que:

NINGUÉM é obrigado a procurar ajuda se crê que não tem problema algum e se sente bem.

NINGUÉM é obrigado a crer no cristianismo e nos seus ensinos.

NINGUÉM é obrigado a submeter-se ao que quer que seja, contra a sua vontade.

NINGUÉM deve impor a alguém, adulto, aquilo que esse alguém não quer.

Não acredito em qualquer tipo de tratamento humano que cure o pecado no ser humano, seja ele qual for.

A proibição, exigida pelo lóbi lgbtetc., de proibir as ditas Terapias de conversão, que na verdade pretendem impedir as pessoas de procurarem profissionais de saúde para as ajudar nas suas dificuldades e aprisiona  essas pessoas numa espécie de fatalidade, é puramente ideológica e INQUALIFICÁVEL!

No programa da TVI, que mencionei no início deste artigo, usou-se (não digo que instrumentalizou porque não o posso afirmar) o sentimento de rejeição de alguém — que foi abandonado por quem pediu ajuda à igreja e a profissionais de saúde –  para diabolizar quem ajuda aqueles que procuram ajuda. Perceber que alguém se INFILTROU, fingindo procurar auxílio, e abusou da boa fé das pessoas com a intenção de denunciar algo em que não acredita, algo que parece ter resultado com quem buscou ajuda e não quis manter o relacionamento homossexual, é bárbaro. O jovem USADO não era católico, não acreditava que a homossexualidade é pecado e rejeitava a ideia da pessoa com quem tinha um relacionamento ter o direito de procurar ajuda profissional para mudar a sua orientação sexual, portanto, e de acordo com o que o próprio, ficou mais do que claro que apenas quis vingar-se de quem procurou ajudar o ex-namorado de acordo com o que o próprio buscou.

De acordo com o denunciante, que quis preservar a sua identidade, mas que invadiu, com más intenções, a privacidade dos outros: “foi complicado porque estava infiltrado e tinha que recolher imagens!” Ou seja, o que a reportagem pretendia era levar o povo a acreditar nas queixinhas do próprio, compadecendo-se do fim de um tão grande “amor”, e forçar a opinião pública a render-se ao lóbi lgbtetc, não só tolerando, mas também aprovando a conduta homossexual e elogiando-a.

Infiltrado? Por quem? Para quê? Isto dos directos…

Termino, dizendo que a perseguição, a caça e a tentativa de silenciar cristãos e não cristãos, que defendem a moral e os valores cristãos, continua a dar passos de gigante rumo ao caos social, à Sodoma e Gomorra do século XXI.

Nenhum cristão, que realmente viva e entenda o Evangelho, odeia, persegue ou tenta forçar à conversão e à fé quem quer que seja. Cura do pecado — seja ele qual for — é obra de Jesus Cristo.

Amar os pecadores, orar por eles e pregar-lhe o Evangelho é a comissão dada a cada cristão pelo próprio Deus; convertê-los é obra divina.

Qualquer tentativa de forçar pessoas adultas a fazer algo que não querem, é violência e deve ser denunciada e criminalizada. Ajudar quem nos procura, como cristãos e/ou profissionais de saúde conhecidos pela sua fé e pelo que pensam relativamente a certos assuntos, é um dever moral e cívico. Mal vai o mundo se um cristão não puder procurar um psicólogo cristão, e um não cristão procurar um não cristão…

Se o jovem INFILTRADO desejava aprovação para as suas práticas, qualquer um dos outros dois profissionais de saúde ali presentes, e muitos outros, o poderiam ajudar a sentir-se melhor consigo mesmo e a deixar de lado o desejo de vingança contra aqueles que, pelo que nos foi dado perceber, se limitaram a ajudar quem os procurou com um pedido de ajuda.

A psiquiatra pró-lgbtetc. deveria saber que o cristão é um ser inteiro e não dualista, que vive e age e como cristão em qualquer profissão, lugar ou contexto.

Dizer que alguém pode ser infeliz se não permanecer homossexual, que ninguém deixa de ser homossexual, que a homossexualidade é normal e até desejável, são OPINIÕES PESSOAIS apregoadas por militantes da causa. Continuarei a respeitar as pessoas, mas NINGUÉM me pode obrigar a defender, acreditar e concordar com as suas opiniões, da mesma forma que não obrigo NINGUÉM a concordar com as minhas.

A caça aos cristãos, que defendem os valores morais bíblicos, é cada vez mais acirrada e vai intensificar-se cada vez mais. Se nós, cristãos, não nos levantarmos contra esta tentativa de imposição de uma ideologia destrutiva, pagaremos um alto preço.

Amar as pessoas, sejam quais forem as suas orientações?

SIM.

Dizer ámen ao que consideramos pecado e aceitá-lo como se as suas consequências não fossem tão trágicas?

JAMAIS.

«Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz (Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade); aprovando o que é agradável ao Senhor. E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as. Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe. Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta.» Efésios 5:8-13


Maria Helena Costa

Fonte: Inconveniente

quinta-feira, 28 de julho de 2022

A Missa e os nativos do Brasil

 


E hoje que é Sexta-Feira, primeiro dia de Maio, pela manhã, saímos em terra com nossa bandeira; e fomos desembarcar acima do rio, contra o sul onde nos pareceu que seria melhor arvorar a cruz, para melhor ser vista. 

Ali disse Missa o padre frei Henrique, a qual foi cantada e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram connosco, a ela, perto de cinquenta ou sessenta deles [índios], assentados todos de joelhos assim como nós. E quando se veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram connosco, e alçaram as mãos, estando assim até se chegar ao fim; e então tornaram-se a assentar, como nós. 

E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim como nós estávamos, com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados que certifico a Vossa Alteza que nos fez muita devoção. Estiveram assim connosco até acabada a comunhão; e depois da comunhão, comungaram esses religiosos e sacerdotes; e o Capitão com alguns de nós outros. E alguns deles, por o Sol ser grande, levantaram-se enquanto estávamos comungando, e outros estiveram e ficaram. 

Um deles, homem de cinquenta ou cinquenta e cinco anos, se conservou ali com aqueles que ficaram. Esse, enquanto assim estávamos, juntava aqueles que ali tinham ficado, e ainda chamava outros. E andando assim entre eles, falando-lhes, acenou com o dedo para o altar, e depois mostrou com o dedo para o céu, como se lhes dissesse alguma coisa de bem; e nós assim o tomamos!

Pêro Vaz de Caminha, escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral, em carta escrita a El-Rei D.Manuel


quarta-feira, 27 de julho de 2022

O “NEGÓCIO” DOS INCÊNDIOS

 NOTA: Em Setembro de 2005 foi publicado, na imprensa (semanário Expresso) o artigo junto que versa o tema incêndios.

O artigo tinha sido enviado um ano antes e foi publicado sem qualquer emenda.

Passado novo ano republica-se sem que outra emenda haja.

Apesar de mais uma campanha contra os fogos e de muita peripécia e milhões de euros gastos, não se pode afirmar que o resultado da campanha tenha sido melhor que as anteriores.

Continua-se a actuar sobretudo sobre os efeitos e não sobre causas. Do que está proposto no artigo verificarão os leitores que pouco ou nada se fez. Ressalva-se o facto da criação do Grupo de Intervenção Protecção e Socorro, na GNR, apesar de não fazer parte das suas competências. Tem dado boa conta de si. Como o governo não consegue meter os bombeiros e guardas florestais na ordem, foi a solução de recurso que engendrou. E só o fez – é bom que se lembre -, por via do estatuto militar da Guarda.

Arriscamo-nos assim, a melhorar o combate aos incêndios florestais, apenas quando já não houver mais nada para arder...

O “NEGÓCIO” DOS INCÊNDIOS

“Digo-vos – pois estes calam e nenhum não fala – que quero eu falar por mim e por eles”

Um escudeiro a Gonçalves Vasques

Crónica de D. João I, por Fernão Lopes.

Se a quantidade de água lançada sobre os fogos fosse equivalente à torrente de palavras, artigos, entrevistas e acções mediáticas que sobre a temática em questão já foram ditas, escritas e efectuadas, certamente que viveríamos sem labaredas na próxima década. O problema é que às palavras da boca para fora não se seguem as acções adequadas.

Com isto dito pareceria sensato abster - me de verter no papel uma qualquer outra verborreia. E no entanto é isso o que fazemos. A razão é simples: pensamos que apesar de tudo o que tem sido dito, 90% aplica-se a efeitos e não a causas e por isso não há soluções que resultem.

E, demos conta, que no fim de três décadas em que passou a haver incêndios a eito (eis a primeira reflexão a ter em conta!), só o ano passado houve a coragem de pôr o dedo nalgumas feridas.

Devemos começar por referir algumas evidências:

Desde sempre que houve florestas; desde sempre que houve pessoas – e o seu grau de educação sempre tem evoluído; sempre houve pirómanos e desequilibrados; sempre houve calor e outros fenómenos meteorológicos propiciadores a fogos; as preocupações com o ambiente têm aumentado (e bem) exponencialmente; os meios tecnológicos à disposição são cada vez mais e melhores, etc., tem havido tudo isto, mas o número de incêndios florestais (é desses que estamos a tratar), não cessa de aumentar!

Outra constatação é que se trata de um fenómeno complexo e interdisciplinar (e por isso interministerial) e é tendo isto em conta que deve ser tratado. Aparentemente as investigações feitas a nível da Polícia Judiciária, não revelaram até agora nenhuma teia de nexos. Provavelmente a razão está no que dissemos atrás: não haverá apenas uma “teia”, mas várias...

Julgamos que a principal razão que leva a este aumento de fogos, cuja esmagadora maioria vem a público como tendo origem criminosa – embora sempre difusa – tem a ver com “negócios” a que se convencionou chamar “o negócio do fogo”, ou “a indústria do fogo”. Ou seja, quanto mais dinheiro o governo anunciar que vai injectar no combate aos fogos, mais fogos irá haver...

Sem querermos referir dados concretos iremos dissertar sobre algumas áreas onde o “negócio” do fogo pode ter lugar e noutras onde o “combate” não se está a fazer com a desejada eficácia. O assunto é melindroso, mas tem de ser tratado. Não se pretende lançar acusações ou generalizar, mas é preciso “podar os ramos podres” para não matar a árvore. A pergunta tem que ser posta e é esta: a quem interessará o fogo?

Eis algumas hipóteses sem preocupação de hierarquia:

- Ao “negócio” da compra e venda da madeira; a madeira queimada é mais barata, dá lucros a curto prazo, mas é suicidária a longo prazo;

- Às celulosas, no sentido em que poderão querer promover a substituição do coberto vegetal por outro de crescimento mais rápido e melhor para o negócio do papel;

- À especulação imobiliária, no sentido de favorecer o “negócio” da compra e venda de propriedades;

- Ao “negócio” da caça privada versus caça pública, atente-se às polémicas havidas;

- Ao “negócio” das indústrias relacionadas com o combate a fogos, viaturas, equipamentos diversos, extintores, compostos químicos, etc., alguns dos quais estão relacionados com elementos da própria estrutura de comando de bombeiros (como chegou a vir a público no ano transacto);

- Ao “negócio” dos meios aéreos para combate a incêndios. Este negócio disparou nos últimos anos. Até ao governo do Engenheiro Guterres a maioria dos meios aéreos envolvidos pertencia à Força Aérea (FA), que tinha gasto nos anos 80, cerca de 200.000 contos em equipamentos.

Nessa altura, cremos que em 1997, o Secretário de Estado Armando Vara entendeu (vá-se lá saber porquê!)1, que não competia à FA intervir nos incêndios mas sim que deveriam ser contratadas empresas civis. Compreende-se mal esta atitude a não ser pela sanha existente por parte da maioria dos políticos em menorizar os militares e as Forças Armadas. Certo é, também, que a FA não paga comissões.

No meio disto tudo – o que acresce à complexidade -, há um sem número de hipóteses de mão criminosa que passa por vinganças pessoais; as consequências da última lei sobre baldios; queimadas mal feitas ou ilegais; pirómanos (e alguns irão porventura parar aos bombeiros), questões derivadas de heranças e os eternos descuidos e negligências.

Os investigadores têm, como podem os leitores aperceber-se, muito por onde se entreter...

No campo da prevenção e combate tem reinado a confusão, o “complexo de quinta” e a inadequação.

Nesta última encontram-se as leis e o processo de as aplicar e julgar. Falar sobre isto exigiria um tratado. Em síntese, as competências entre Ministério Público, Tribunais e Polícias tem provado nas últimas décadas ser de uma grande ineficiência e fonte de problemas; o Código Penal e o Código de Processo Penal favorecem os criminosos, castigam o cidadão honesto e prejudicam o trabalho da polícia e, a montante de tudo isto e envolvendo-o como um espartilho, existe uma contumaz subversão da autoridade.

Ora urge fazer leis que ponham regras à venda de madeira queimada; no plantio de coberto vegetal; à obrigatoriedade da limpeza das matas e abertura de aceiros; à proibição de qualquer tipo de construção em área ardida durante “x” anos; à equidade na distribuição de terrenos destinados à caça e mais um sem número de coisas relacionadas com esta questão. E, claro, é necessário expeditar a constituição e resolução de processos e julgar e penalizar todo o indivíduo ou organização que tenha cometido um ilícito. E de não os soltar logo a seguir.

A estrutura da protecção civil que coordena o combate aos incêndios prima sobretudo pela falta de clareza. Isto é, não estão devidamente atribuídas responsabilidades de comando de que resulta uma evidente dificuldade na atribuição de meios e prioridades e no apuramento de responsabilidades. Para melhorar esta área torna-se necessário combater o “complexo de quinta” (muito arreigado!) e arranjar uma estrutura com comando centralizado e execução descentralizada; estabelecimento eventual de níveis diferenciados de decisão e linhas claras de autoridade. O afastamento dos militares de toda esta estrutura foi um erro crasso que após a "débacle" do ano de 2003, já foi parcialmente corrigido.

Temos a seguir o problema dos bombeiros. Os bombeiros sendo os “soldados da paz” (parece que só se pode criticar os soldados da “guerra”...), pelos serviços prestados e pela maioria ser voluntária goza de natural prestígio em toda a população. E têm estado até há pouco acima de qualquer crítica. Ora ninguém nem nenhuma corporação deve estar acima de qualquer crítica. O Estado tem-se valido do elevado número de corporações voluntárias para poupar nos sapadores, profissionais. Ora as exigências da sociedade actual não se compadecem com este estado de coisas. Acresce que qualquer pessoa pode ser “comandante” de um quartel de bombeiros voluntários e que a instrução e disponibilidade deixam muito a desejar. Basta aliás olhar para o fardamento e atavio para se duvidar da operacionalidade existente. Há pois que impôr alguma ordem neste estado de coisas.

Finalmente os meios aéreos. Somos de opinião que os meios de combate a incêndios devem estar na FA. Só quando estes forem insuficientes se devem alugar outros. Haverá apenas que compatibilizar as exigências e sazonabilidade desses meios com as condicionantes operacionais e de dispositivo militar. Mas isso não parece ser obstáculo intransponível. Acordos de cooperação entre países amigos poderão e deverão ser feitos para optimizar os recursos.

Os incêndios são a todos os títulos uma calamidade para Portugal que se repetem numa cadência previsível.

Por isso não se entende o descaso, a incompetência e a falta de vontade política que os sucessivos governos têm demonstrado face a tão gravosa situação. Parece que criámos um sistema político e uma sociedade que convive com todos os problemas e tolera todos os vícios. E não resolve nenhum.

João José Brandão FerreiraOficial Piloto Aviador (Ref.)


Fonte: O Adamastor

terça-feira, 26 de julho de 2022

25 de Julho de 1139: Batalha de Ourique

 


A 25 de Julho na festa de S. Tiago Apóstolo, no undécimo ano do seu reinado, o mesmo rei D. Afonso travou uma grande batalha com o rei dos Sarracenos, de nome Esmar, num lugar que se chama Ourique. Efectivamente aquele rei dos Sarracenos, conhecendo a coragem e a audácia do rei D. Afonso, e vendo que ele frequentemente entrava na terra dos Sarracenos fazendo grandes depredações e vexava grandemente os seus domínios, quis; se fazê-lo pudesse, travar batalha com ele e encontrá-lo incauto e despercebido em qualquer parte. Por isso uma vez, quando o rei D. Afonso com o seu exército entrava por terra dos Sarracenos e estava no coração das suas terras, o rei sarraceno Esmar, tendo congregado grande número de Mouros de além-mar, que trouxera consigo e daqueles que moravam aquém-mar, no termo de Sevilha, de Badajoz, de Elvas, de Évora, de Beja e de todos os castelos até Santarém, veio ao encontro dele para o atacar, confiando no seu valor e no grande número do seu exército, pois mais numerosos era ainda pela presença aí das mulheres que combatiam à laia de amazonas, como depois se provou por aquelas que no fim se encontraram mortas. Como o rei D. Afonso estivesse com alguns dos seus acampado num promontório foi cercado e bloqueado de todos os lados pelos Sarracenos de manhã até à noite. Como estes quisessem atacar e invadir o acampamento dos Cristãos, alguns soldados escolhidos destes investiram com eles (Sarracenos), combatendo valorosamente, expulsaram-nos do acampamento, fizeram neles grande carnificina e separaram-nos. Como o rei Esmar visse isto, isto é, o valor dos Cristãos, e porque estes estavam preparados mais para vencer ou morrer do que para fugir, ele próprio se pôs em fuga e todos os que estavam com ele, e toda aquela multidão de infiéis foi aniquilada e dispersa quer pela matança quer pela fuga. Também o rei deles fugiu vencido, tendo sido preso ali um seu sobrinho e neto do rei Ali, de nome Omar Atagor.
Com muitos homens mortos também da sua parte, D. Afonso, com a ajuda da graça de Deus, alcançou um grande triunfo dos seus inimigos, e, desde aquela ocasião, a força e a audácia dos Sarracenos enfraqueceu muitíssimo.

Fonte: «Annales Portucalenses Veteres».


Fonte: Veritatis

segunda-feira, 25 de julho de 2022

O que é uma mulher? – Se “não existe mulher”, o que é trans-mulher?

 



Nestes dias confusos, em que o “penso, logo existo” foi substituído pelo “sinto, logo sou” – só no que à sexualidade diz respeito, bem entendido – a ideologia tem vindo a sobrepor-se à ciência e já é imposta como “direitos humanos”. Quem diria, que após tantos avanços da ciência, a política se sobreporia aos cientistas e obrigaria os profissionais de saúde a tratar a doença mental como algo perfeitamente normal?

Como é possível usar os problemas psicológicos/psiquiátricos de alguém para impor à sociedade um “novo normal”, que nega a biologia e as ciências naturais?

Se, há 10 anos, alguém me dissesse que seria preciso viajar pelo mundo para tentar perceber se ainda há alguém que saiba “o que é uma mulher”, eu diria que nem no manicómio alguém se lembraria de tal absurdo. Mas, em 2017, o impensável aconteceu nas ruas de Madrid, onde circulou um autocarro com verdades biológicas/científicas inquestionáveis: «Os meninos têm pénis. As meninas têm vulva. Que não te enganem. Se nasces homem, és homem. Se és mulher, continuarás a sê-lo».[1]

A iniciativa acicatou a raiva dos militantes “elgebetistas” contra a verdade/realidade e a porta-voz do município saiu em defesa do lóbi: «Repudiamos profundamente esta prática discriminatória, violenta e ofensiva, serão tomadas medidas para que o autocarro deixe de circular nas ruas da cidade e foi aberta uma investigação para se perceber se está em causa o crime de incitação ao ódio.»

Um representante do PSOE, pois claro, também se insurgiu contra: «É uma campanha contrária à dignidade e aos direitos dos menores. Há muitas famílias com menores transexuais que lutam pelo reconhecimento e normalização da vida daquelas crianças».

Crianças? Trans? Normalizar a doença? A confusão? Deixem as crianças em paz e longe das fantasias, ideologias e frustrações dos adultos.

Por estas e por outras, Matt Walsh (que passarei a designar como MW) decidiu viajar pelo mundo a fim de descobrir se ainda há quem saiba “O que é uma mulher” e o resultado é o documentário que decidi traduzir e publicar em várias partes. A primeira e a segunda podem ser lidas aqui[2] [3]. Esta é a terceira.

«Aberdeen, Washington

MW – Há quanto tempo gere esta loja?

(Don Sucher, proprietário da loja SUCHER & FILHOS STAR WARS)

– Há 25 anos.

MW – Houve um incidente aqui, há uns tempos, que se tornou viral on-line e causou forte reacção pública.

“Vereadora” de Aberdeen, Tiesa Maskis, confrontou o proprietário Don Sucher acerca do cartaz que ele afixou na sua loja: «Se você não nasceu com uma vagina, você não é uma menina.»

– Um dia eu simplesmente afixei o cartaz, ele veio cá, eu comecei a dizer que o reconhecia como sendo o novo vereador, e ele disse: “não, eu sou a NOVA VEREADORA”, portanto, tudo se desenrolou a partir daí.

Vídeo com a discussão entre Tiesa Maskis e o proprietário Don (gravada):

TM – Sabe que mais? É tudo uma treta.

Don – Não, o que você está a tagarelar é que é uma treta.

TM – Não, não é. Trans-mulheres são mulheres, senhor. Aquele cartaz é uma treta.

De volta à entrevista com Matt Walsh:

– Eu já faço isto há 25 anos, e nunca tive problemas com ninguém, sejam eles gay, transexuais, qualquer coisa!

MW – Então o que você está a dizer é que este vereador, ele, disse-lhe “eu sou mulher”, e você disse-lhe “não, você não é mulher”, como é que você sabe que aquela pessoa não é mulher?

– Como é que eu sei? Bom, é senso comum.

MW – Então, a ciência não diz que se alguém se identificar como mulher, então é uma mulher?

– Não, isso é completamente falso. Eu não quero saber se você se acha um cão de caça e vem à minha loja, isso não me interessa, agora não venha enfiar essa treta pela minha goela abaixo.

MW – Então, mas se isso faz alguém sentir-se melhor, como ficam os sentimentos deles?

– Eu não quero saber dos sentimentos deles, eu sou velho.

MW – E o universo Star Wars, Jar-Jar Binks, Pansexual? Transgénero?

– Porque é que eu havia sequer de querer saber disso?

MW – Se é a verdade dele…

– Mas não é verdade.

MW – Você não é cientista e não é graduado em identidade de género, ou é?

– Não.

MW – Como é que sabe que é um homem?

– Como é que sei? Acho que é porque tenho uma pila.

Bom, Matt Walsh diz ter ficado com a impressão de que o Don não pensa muito nisso… Afinal, ele admitiu não ter formação em identidade de género, não é sequer um médico, se calhar, decidiu, devia ir falar com um.

Assim, viaja até Providence, Rhode Island, e entrevista Michelle Forcier, formada em medicina pela Universidade de Connecticut, com especialização na Universidade Pediátrica de Utah. Há 20 anos que trabalha para várias clínicas Planned Parenthood [clínicas de aborto]. Faz contracepção avançada e aborto, trabalha com hormonas de género e olha para todo o tipo de esquema de género, sexo e justiça reprodutiva (seja lá isto o que for).

«MW – Então já fez muito trabalho neste campo. Pode começar a contar-nos?

– Claro.

MW – Com que idade pode uma criança começar a fazer a transição para outro género ou a identificar-se com um género diferente daquele com que nasceu?

– Bem, há pesquisas e dados que mostram que bebés e crianças entendem as diferenças do género. Algumas crianças descobrem o seu género muito cedo. E o motivo pelo qual dizemos que isso é interessante ou importante é porque elas estão a descobrir que a sua identidade de género não é necessariamente congruente com o seu sexo atribuído no nascimento.  

MW – Quando o médico olha para o bebé, vê um pénis e diz: este é um macho como um sexo masculino, isso é uma distinção arbitrária?

– Dizer àquela família, com base naquele pequeno pénis, que o seu filho é absolutamente 100% masculino identificado, não importa o que mais ocorra na sua vida, não é correcto.

MW – Então, qual é o cuidado de afirmação de género que você propõe se tiver uma criança sentada diante de si a questionar o seu género? O que é cuidar da afirmação de género?

– A afirmação significa que, como pediatra, como alguém que diz que o seu trabalho é providenciar os melhores cuidados médicos, é preciso ouvir com muita atenção. Eis a forma como eu coloco isso em palavras para as crianças, para que elas possam entender e contar-me a sua história: onde estiveste em termos de género e de identidade de género? Onde estás agora? E, mais emocionante, onde é que gostarias de estar no futuro?  

MW – Você já conheceu uma criança de 4 anos que acredita no Pai Natal?

– Sim.

MW – Alguém que acredita que há um homem gordo a viajar pelo céu, num trenó com renas, à velocidade da luz e que vem pela chaminé com presentes?

– Sim.

MW – E diria que aqui se trata de alguém que talvez tenha uma compreensão ténue da realidade?

– Eles têm um controle apropriado para quatro anos de idade sobre a realidade. Isso é muito real para eles.

MW – Sim, claro, eu concordo. O Pai Natal é real para eles, mas de facto o Pai Natal não existe.

– Sim! Mas o Pai Natal deixa-lhes os presentes de Natal…

MW – Sim, mas ele não é real.

– Para aquela criança, ele é.

MW – Quando eu vejo uma criança que acredita no Pai Natal, e digamos que estou a falar de um rapaz e ele diz que é uma menina, trata-se de alguém que não consegue distinguir a fantasia da realidade. Como pode tomar isso como uma realidade?

– Como pediatra e como mãe, eu diria “que maravilhosa é a imaginação da minha criança de 4 anos”.»

Como é que é? A Srª doutora ouviu-se? Medicam-se crianças por terem imaginação? Por acharem que são o que não são de facto? Se um menino sentir que é o super-Homem, veste-se-lhe o fato e deixa-se que voe do quinto andar? Tratam-se as crianças de acordo com as suas fantasias? Como é que uma criança, que acredita que o Pai Natal é real, pode decidir que é do outro sexo, que não aquele com que nasceu? Trans? Por que não… confusa? Quem pode garantir que uma criança de quatro anos não está apenas a identificar-se com um adulto, ou que não está a ser vítima de algo que está a confundi-la?

Termino com as perguntas do Matt Walsh:

As crianças não são famosas pela sua imaginação activa? Devemos deixar os nossos filhos definir a realidade?


[1] https://www.noticiasaominuto.com/mundo/749511/campanha-polemica-em-madrid-meninos-tem-penis-meninas-tem-vulva

[2] https://inconveniente.pt/o-que-e-uma-mulher/

[3] https://inconveniente.pt/o-que-e-uma-mulher-os-dinossauros-do-mundo/

Fonte: Inconveniente

domingo, 24 de julho de 2022

Democracia, sugestibilidade e manipulação

 


Os ideais da democracia e da liberdade chocam com o facto brutal da sugestibilidade humana. Um quinto de todos os eleitores [20%] pode ser hipnotizado quase num abrir e fechar de olhos, um sétimo [14,3%] pode ser aliviado das suas dores mediante injecções de água, um quarto [25%] responderá de modo pronto e entusiástico à hipnopedia. A todas estas minorias demasiado dispostas a cooperar, devemos adicionar as maiorias de reacções menos rápidas, cuja sugestibilidade mais moderada pode ser explorada por não importa que manipulador ciente do seu ofício, pronto a consagrar a isso o tempo e os esforços necessários.

Aldous Huxley in «Regresso ao Admirável Mundo Novo», 1958


Fonte: Veritatis

sábado, 23 de julho de 2022

Redes sociais e marxismo

 


Tradução Deus-Pátria-Rei

Introdução ao marxismo 

O marxismo é uma ideologia muito particular que pode assumir muitas formas. Portanto, é difícil identificá-lo e dar uma definição precisa e justa.

O marxismo pode ser introduzido por esta frase de Monsenhor Gaume: é "ódio a qualquer ordem que o homem não tenha estabelecido". Embora esta frase esteja incompleta, ainda contém o essencial. Richard Dupuy, maçom, disse: "O método maçónico é o questionamento perpétuo do que é adquirido". No entanto, sabemos que a Maçonaria tem uma devoção particular à ideologia humanista, que o marxismo tanto preza. Quanto a Jaurès, disse: "O que deve ser salvaguardado acima de tudo, [...] é esta ideia de que não há verdade sagrada".

Em tal filosofia, torna-se então essencial dissolver tudo o que pode ser substância de verdade e ordem objectiva. Assim, o marxismo retém apenas o aspecto evolutivo das coisas.

A filosofia católica tradicional dá a verdade como imutável, e as coisas têm um significado que não pode ser mudado. Sim é sim, não é não. Portanto, há o bem e o mal, coisas boas e coisas ruins, e uma não é a outra.

No marxismo, essas evidências desaparecem para uma filosofia que não tem âncora. Por exemplo, para decidir sem fazer o menor julgamento de valor (valor que, portanto, não existe), uma frase como "você não é do seu tempo" permite ao marxista desaprovar algo.

A partir de então, a verdade não é mais: ela se faz. Quantos ainda acreditam em uma verdade imutável, que não muda?

Assim, desconsiderando tudo o que é erigido e tudo o que é, o marxismo torna-se uma filosofia onde tudo ganha sentido na acção: no movimento. Sem “ser” antecedente, e sem “ser” por termo, o que poderia ao menos permitir julgar esse movimento. O próprio Bergson disse: "Não existem coisas, existem apenas acções". No entanto, São Tomás de Aquino retomou de Aristóteles esta definição de movimento: "estar em movimento é ser e não ser". O marxismo é, portanto, exactamente o oposto de: "que seu sim seja sim, deixe seu não ser não".

O verdadeiro marxista é, portanto, um homem que não acredita na verdade de nada, mas que está interessado apenas na força, na transformação, na implementação de tudo.

Como tal, essa filosofia acolhe a contradição e até gosta dela. Minkowski escreveu: "Nossa existência, na medida em que se move e vive nela, é atravessada por antonímias não antonímicas, contradições não contraditórias, oposições não opositivas...". Entendemos aqui porque certos grupos conseguem defender os direitos das mulheres e ao mesmo tempo o Islão.

No marxismo, portanto, as ideias não são mais julgadas em relação ao ser que designam, mas sim à expressão mais ou menos espontânea de quem as expressa, ou ao fluxo de paixão que elas podem desencadear e manter.

Não falamos mais com inteligências, falamos com coragem. Não estamos tentando iluminar as mentes, estamos tentando "agitá-las". 

E as próprias palavras não são mais usadas pelo significado que carregam, mas pela força que exalam: uma espécie de significado dinâmico, não literal.

Redes sociais e marxismo

A conexão entre as redes sociais e o marxismo torna-se evidente neste ponto.

As redes sociais colocaram em prática muitos meios que nos permitem nos expressar por meio de emoções, e não por meio de ideias construídas, como cartas manuscritas, por exemplo. Emojis, limites de 500 caracteres, streams sem fim, reacções, curtidas e todas as outras coisas que ajudam a completar os modelos digitais que eles têm de nós todos os dias também são reflexo de uma ideologia marxista.

O problema é que pelo menos implicitamente caímos no modo marxista de pensar e fazer. Sem domínio e consciência do que estamos fazendo com essas ferramentas digitais, o risco é, a longo prazo, nos deixarmos influenciar por essa filosofia, que é contrária ao nosso pensamento. Por isso, é fundamental usar as tecnologias com cautela e medida justa para não cair em suas falhas ideológicas.

"O incrível é que, pelo menos implicitamente, a virada de espírito, a maneira de pensar de um número muito grande percebe o que o marxismo se contenta em tornar explícito e sistematizar"

Jean Ousset

Conclusão

Precisamos mudar a maneira como usamos as mensagens digitais. Precisamos nos consciencializar dos mecanismos por trás do que é exibido em nossos écrans. 

Podemos usar a tecnologia impulsivamente, ou usá-la virtuosamente. Então, depende de nós o que fazemos com isso.

Embora eu não esteja dizendo que os mensageiros foram conscientemente projectados para serem marxistas, pelo menos são as consequências que estamos vendo. Portanto, temos nossa parcela de responsabilidade no que fazemos com ele.

Também é importante usar os meios apropriados para o propósito que buscamos. As redes sociais NÃO são para acompanhar as notícias! Porque eles não são feitos para colocar artigos construtivos (podemos preferir o feed RSS).

Da mesma forma, os serviços de mensagens devem ser configurados de acordo com a real necessidade. Indicadores de leitura e digitação não são essenciais. As notificações podem ser reduzidas ao mínimo necessário.

O que é denunciado para mensagens instantâneas também vale para a maioria das redes sociais. Quando escrevemos uma resposta, vamos fazê-lo numa mensagem completa em vez de uma série que tenta se completar. Aproveite o tempo para escrever com as palavras certas. Também podemos verificar se não falamos muito, não mais do que o necessário (será que meu amigo realmente precisa saber que estou tomando um aperitivo no jardim agora? Isso pode esperar até a próxima vez que eu o veja? ).

E, por fim, vamos redescobrir o gosto por colocar a mente para funcionar. Nunca foi tão fácil acessar tanto conhecimento. Vamos aproveitar o tempo para ler os artigos inteiros para entender o significado, o que lá está explicado. Vamos além dessa etapa de 500 caracteres em uma imagem ou vídeo de alguns segundos. Neste ponto, não é mais informação, é manipulação voluntária.

Tenha em mente que as tecnologias são uma ferramenta antes de ser um entretenimento, embora o limite tenda a desaparecer. O software foi projectado para ser bonito e agradável de usar, não o escolha por esse único motivo, mas sim por sua capacidade de ser uma ferramenta que respeita você (sua privacidade e sua liberdade).

Resumindo, vamos saber usar a tecnologia com maturidade.