sexta-feira, 15 de julho de 2022

Crise, costismo e marcelismo

 


O sobreaquecinento da economia, a subida parabólica dos preços das casas, o crédito fácil mesmo a quem não tinha possibilidade de o pagar, os novis instrumentos financeiros desregulados e a promiscuidade entre bancos e entidades de supervisão, determinou a grande depressão de Dezembro de 2007, nos EUA e, por arrasto, mundial.

Portugal, nem saíra da crise estrutural que durava desde 1993, quando se esfumou o fogo dos subsídios da Comunidade Económica Europeia (CEE) e a abertura das fronteiras e rigidez cambial provocaram a falência de parte significativa da indústria portuguesa, até então baseada na depreciação monetária e em produtos de baixo preço, e a queda dos bancos nacionais.

Em 2015, feita a reconversão da indústria e reorientação da economia para o novo turismo, com destaque para o alojamento local, a modernização da gastronomia e a animação, abria-se um período de crescimento e alívio das famílias. O imobiliário, com relevo para a reconstrução, recuperava. Agora, continua a ferver, apesar do púcaro do crédito transbordar.

Mas veio a pandemia do coronavírus, provocada pelo descuido na manipulação genética do gain of function, no laboratório de Wuhan, na China, para lhe multiplicar a capacidade de contágio e dano. Num contexto de totalitarismo político, que já tinha conseguido vingar com a teoria do aquecionismo (como o cunhou Henrique Sousa), a decisão foi de confinamento (lockdown) sanitário coercivo e a interrupção da vida, do trabalho e da actividade,da economia. O azar, ou plano divino, de uma crise em cima de outra crise.

Passada a interrupção, o programa não seguiu dentro de momentos, mesmo se os Estados e a União Europeia injectaram dinheiro na debilitada economia. O efeito do aumento brutal da massa monetária foi a volta da estagueflação (baixo crescimento económico e elevada inflação), potenciada pela invasão russa da Ucrânia, e a disrupção do fornecimento de energia, produtos alimentares e matérias-primas. E agora, cada governo deixará ao seguinte o ónus da subida dos juros, da restrição do crédito, do controlo dos salários e dos preços, da austeridade orçamental. Quem vier atrás, feche a porta…

Em Portugal, terminará outro ciclo socialista: o costismo, que sucedeu ao socratismo, que sobreveio ao guterrismo com os hiatos de Durão Barroso e Passos Coelho. O PSD e o CDS estão em dissolução e sem rumo, apertados pelo Chega e Iniciativa Liberal, forças novas que assumem uma perspectiva ideológica e política de confronto dos problemas sociais e fiscais.

E o Presidente da República, que constitucionalmente é o garante do funcionamento regular das instituições foi para o Brasil fazer as figuras tristes que o alucinado Jânio Quadros havia feito em Lisboa, antes da sua investidura em Janeiro de 1961… Amarrado a Costa, o chefe de Estado afunda o País e não facilitará a alternância.

Da primavera, Marcelo, passa ao outono. O nosso…


António Balbino Caldeira

Fonte: Inconveniente

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