Nestes dias confusos, em que o “penso, logo existo” foi substituído pelo “sinto, logo sou” – só no que à sexualidade diz respeito, bem entendido – a ideologia tem vindo a sobrepor-se à ciência e já é imposta como “direitos humanos”. Quem diria, que após tantos avanços da ciência, a política se sobreporia aos cientistas e obrigaria os profissionais de saúde a tratar a doença mental como algo perfeitamente normal?
Como é possível usar os problemas psicológicos/psiquiátricos de alguém para impor à sociedade um “novo normal”, que nega a biologia e as ciências naturais?
Se, há 10 anos, alguém me dissesse que seria preciso viajar pelo mundo para tentar perceber se ainda há alguém que saiba “o que é uma mulher”, eu diria que nem no manicómio alguém se lembraria de tal absurdo. Mas, em 2017, o impensável aconteceu nas ruas de Madrid, onde circulou um autocarro com verdades biológicas/científicas inquestionáveis: «Os meninos têm pénis. As meninas têm vulva. Que não te enganem. Se nasces homem, és homem. Se és mulher, continuarás a sê-lo».[1]
A iniciativa acicatou a raiva dos militantes “elgebetistas” contra a verdade/realidade e a porta-voz do município saiu em defesa do lóbi: «Repudiamos profundamente esta prática discriminatória, violenta e ofensiva, serão tomadas medidas para que o autocarro deixe de circular nas ruas da cidade e foi aberta uma investigação para se perceber se está em causa o crime de incitação ao ódio.»
Um representante do PSOE, pois claro, também se insurgiu contra: «É uma campanha contrária à dignidade e aos direitos dos menores. Há muitas famílias com menores transexuais que lutam pelo reconhecimento e normalização da vida daquelas crianças».
Crianças? Trans? Normalizar a doença? A confusão? Deixem as crianças em paz e longe das fantasias, ideologias e frustrações dos adultos.
Por estas e por outras, Matt Walsh (que passarei a designar como MW) decidiu viajar pelo mundo a fim de descobrir se ainda há quem saiba “O que é uma mulher” e o resultado é o documentário que decidi traduzir e publicar em várias partes. A primeira e a segunda podem ser lidas aqui[2] [3]. Esta é a terceira.
«Aberdeen, Washington
MW – Há quanto tempo gere esta loja?
(Don Sucher, proprietário da loja SUCHER & FILHOS STAR WARS)
– Há 25 anos.
MW – Houve um incidente aqui, há uns tempos, que se tornou viral on-line e causou forte reacção pública.
“Vereadora” de Aberdeen, Tiesa Maskis, confrontou o proprietário Don Sucher acerca do cartaz que ele afixou na sua loja: «Se você não nasceu com uma vagina, você não é uma menina.»
– Um dia eu simplesmente afixei o cartaz, ele veio cá, eu comecei a dizer que o reconhecia como sendo o novo vereador, e ele disse: “não, eu sou a NOVA VEREADORA”, portanto, tudo se desenrolou a partir daí.
Vídeo com a discussão entre Tiesa Maskis e o proprietário Don (gravada):
TM – Sabe que mais? É tudo uma treta.
Don – Não, o que você está a tagarelar é que é uma treta.
TM – Não, não é. Trans-mulheres são mulheres, senhor. Aquele cartaz é uma treta.
De volta à entrevista com Matt Walsh:
– Eu já faço isto há 25 anos, e nunca tive problemas com ninguém, sejam eles gay, transexuais, qualquer coisa!
MW – Então o que você está a dizer é que este vereador, ele, disse-lhe “eu sou mulher”, e você disse-lhe “não, você não é mulher”, como é que você sabe que aquela pessoa não é mulher?
– Como é que eu sei? Bom, é senso comum.
MW – Então, a ciência não diz que se alguém se identificar como mulher, então é uma mulher?
– Não, isso é completamente falso. Eu não quero saber se você se acha um cão de caça e vem à minha loja, isso não me interessa, agora não venha enfiar essa treta pela minha goela abaixo.
MW – Então, mas se isso faz alguém sentir-se melhor, como ficam os sentimentos deles?
– Eu não quero saber dos sentimentos deles, eu sou velho.
MW – E o universo Star Wars, Jar-Jar Binks, Pansexual? Transgénero?
– Porque é que eu havia sequer de querer saber disso?
MW – Se é a verdade dele…
– Mas não é verdade.
MW – Você não é cientista e não é graduado em identidade de género, ou é?
– Não.
MW – Como é que sabe que é um homem?
– Como é que sei? Acho que é porque tenho uma pila.
Bom, Matt Walsh diz ter ficado com a impressão de que o Don não pensa muito nisso… Afinal, ele admitiu não ter formação em identidade de género, não é sequer um médico, se calhar, decidiu, devia ir falar com um.
Assim, viaja até Providence, Rhode Island, e entrevista Michelle Forcier, formada em medicina pela Universidade de Connecticut, com especialização na Universidade Pediátrica de Utah. Há 20 anos que trabalha para várias clínicas Planned Parenthood [clínicas de aborto]. Faz contracepção avançada e aborto, trabalha com hormonas de género e olha para todo o tipo de esquema de género, sexo e justiça reprodutiva (seja lá isto o que for).
«MW – Então já fez muito trabalho neste campo. Pode começar a contar-nos?
– Claro.
MW – Com que idade pode uma criança começar a fazer a transição para outro género ou a identificar-se com um género diferente daquele com que nasceu?
– Bem, há pesquisas e dados que mostram que bebés e crianças entendem as diferenças do género. Algumas crianças descobrem o seu género muito cedo. E o motivo pelo qual dizemos que isso é interessante ou importante é porque elas estão a descobrir que a sua identidade de género não é necessariamente congruente com o seu sexo atribuído no nascimento.
MW – Quando o médico olha para o bebé, vê um pénis e diz: este é um macho como um sexo masculino, isso é uma distinção arbitrária?
– Dizer àquela família, com base naquele pequeno pénis, que o seu filho é absolutamente 100% masculino identificado, não importa o que mais ocorra na sua vida, não é correcto.
MW – Então, qual é o cuidado de afirmação de género que você propõe se tiver uma criança sentada diante de si a questionar o seu género? O que é cuidar da afirmação de género?
– A afirmação significa que, como pediatra, como alguém que diz que o seu trabalho é providenciar os melhores cuidados médicos, é preciso ouvir com muita atenção. Eis a forma como eu coloco isso em palavras para as crianças, para que elas possam entender e contar-me a sua história: onde estiveste em termos de género e de identidade de género? Onde estás agora? E, mais emocionante, onde é que gostarias de estar no futuro?
MW – Você já conheceu uma criança de 4 anos que acredita no Pai Natal?
– Sim.
MW – Alguém que acredita que há um homem gordo a viajar pelo céu, num trenó com renas, à velocidade da luz e que vem pela chaminé com presentes?
– Sim.
MW – E diria que aqui se trata de alguém que talvez tenha uma compreensão ténue da realidade?
– Eles têm um controle apropriado para quatro anos de idade sobre a realidade. Isso é muito real para eles.
MW – Sim, claro, eu concordo. O Pai Natal é real para eles, mas de facto o Pai Natal não existe.
– Sim! Mas o Pai Natal deixa-lhes os presentes de Natal…
MW – Sim, mas ele não é real.
– Para aquela criança, ele é.
MW – Quando eu vejo uma criança que acredita no Pai Natal, e digamos que estou a falar de um rapaz e ele diz que é uma menina, trata-se de alguém que não consegue distinguir a fantasia da realidade. Como pode tomar isso como uma realidade?
– Como pediatra e como mãe, eu diria “que maravilhosa é a imaginação da minha criança de 4 anos”.»
Como é que é? A Srª doutora ouviu-se? Medicam-se crianças por terem imaginação? Por acharem que são o que não são de facto? Se um menino sentir que é o super-Homem, veste-se-lhe o fato e deixa-se que voe do quinto andar? Tratam-se as crianças de acordo com as suas fantasias? Como é que uma criança, que acredita que o Pai Natal é real, pode decidir que é do outro sexo, que não aquele com que nasceu? Trans? Por que não… confusa? Quem pode garantir que uma criança de quatro anos não está apenas a identificar-se com um adulto, ou que não está a ser vítima de algo que está a confundi-la?
Termino com as perguntas do Matt Walsh:
As crianças não são famosas pela sua imaginação activa? Devemos deixar os nossos filhos definir a realidade?
[2] https://inconveniente.pt/o-que-e-uma-mulher/
[3] https://inconveniente.pt/o-que-e-uma-mulher-os-dinossauros-do-mundo/
Fonte: Inconveniente
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