segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

O ABORTO CLIMÁTICO

“A repressão deve ser imediata e enérgica; tanto quanto baste, mas que não sobre.

De tal maneira que aqueles que prevaricam não tenham vontade de repetir e os que presenciaram não tenham desejos de imitar”.

General Farinha Beirão

(Comandante – Geral da GNR, de 1927 a 1939)

No pretérito dia 6 de Dezembro dirigia-me, pelas 08:10, para uma das placas de estacionamento do Aeródromo de Tires (da responsabilidade da Câmara Municipal de Cascais) a fim de efectuar um voo de instrução com um aluno, de uma das várias escolas de pilotagem existentes no aeródromo (e existem cerca de duas dezenas de outras empresas na mesma área).

Fui então informado que, por razões desconhecidas, a Torre não estava a autorizar qualquer avião a pôr em marcha; não havia estimativa para quando tal seria possível e que se devia contactar as “operações do aeródromo” para futuras informações.

Mas pouco depois (“hélas”) já se sabia o motivo: um grupo de “activistas climáticos” – quem teria inventado este nome aparentemente respeitável? – tinha entrado no aeródromo, cortado a rede de segurança (um acto ilícito); chegado perto de um jacto particular de pequena dimensão (outro acto ilícito); pintado o avião com uma qualquer tinta vermelha (mais um acto ilícito), após o que se acorrentaram à aeronave (idem para o ilícito, com laivos de acto histérico – ou será uma nova forma de masoquismo?).

Presume-se que as forças de segurança presentes no aeródromo tenham actuado conforme o regulamentado e como se tratava de uma ocorrência que punha em causa a segurança do mesmo e não se sabendo, na altura, a sua extensão e gravidade, parou-se toda a actividade aérea e não sei se mais alguma outra.

Pelas 09:20 apareceu uma equipa especial de intervenção da PSP a fim de melhor se lidar com a ocorrência.

Seguiu-se a costumeira apresentação da rapaziada detida, à autoridade judicial adequada ao caso, o qual por norma envia os “activistas” para casa na paz do senhor, a aguardar uma qualquer acção posterior. Passados uns dias a cena repete-se algures.

A Comunicação Social faz ampla cobertura do ocorrido, tendo o cuidado de passar as mensagens destes transtornados mentais, ao mínimo pormenor. Estão pois a colaborar com a infracção…

As operações de voo no aeródromo foram retomadas pelas 10:00. No, entretanto, foram cancelados ou retardados dezenas de voos e é possível que alguns aviões que se dirigissem ao aeródromo tenham tido de divergir para outros locais. Não fui indagar se outras actividades foram prejudicadas, mas de tudo resultaram prejuízos bastantes; missões que não se cumpriram; alteração do fluir normal da vida; distracção de meios policiais, enfim, a perda de tempo e dinheiro.

Quem vai indemnizar pelos prejuízos causados? Os pais dos imberbes? Naturalmente que deviam; a Autarquia? E quem indemniza a Autarquia?

A direcção do aeródromo por não conseguir garantir a segurança das instalações? Hum, difícil de acontecer; além disso o ónus deve ser colocado no infractor.

Os “delinquentes” climáticos (um nome que lhes assenta melhor)? Duvido, podiam trabalhar toda a vida, que não ganhariam para tal. Além do que com o actual sistema judicial altamente permissivo, nada se consegue que jeito tenha.

Vai ser considerado um “azar” derivado de imponderáveis que não dominamos? Provavelmente, apesar de não caber nesse âmbito...

É pois fundamental que todos os prejudicados apresentem queixa nas instâncias competentes a fim de serem ressarcidos dos prejuízos que tiveram e se faça Justiça e não se ande sempre no exercício deletério do Direito…

Estamos perante um comportamento de um grupo de “fanatizados” por uma causa que mal entendem, organizados numa coisa chamada “climáxico” ao que parece maioritariamente constituídos por menores que, em vez de estarem na escola a aprender algo de útil (tarefa difícil de realizar nos dias que correm…); fazer desporto, divertirem-se, crescerem e prepararem-se para a dureza da vida que vão enfrentar dentro em breve, andam entretidos a tentar fazer a vida negra ao comum dos cidadãos na esperança infantil, de que vão mudar o mundo ou parar as eventuais alterações do clima. E sem darem conta, andam a ajudar os “lobbies” dos negócios relacionados com a chamada “transição energética”! E que tudo o que andam a fazer se vai voltar contra eles.

Será que não lhes passa pela cabeça que os protestos devem ser feitos dentro da lei e sem prejudicarem terceiros?

A situação resolvia-se facilmente com alguns tabefes e palmadas, se é que têm superfície corporal desenvolvida suficiente para os suportar e uns meses de trabalho comunitário duro (já agora não ficava mal ficarem proibidos de viajar de avião durante meia dúzia de anos) ao mesmo tempo que se metia na prisão (uma prisão, não um hotel de três estrelas…) os putativos grupelhos políticos ditos de esquerda (melhor dizendo “esquerdopatas”) que lhes andam a lavar o cérebro e depois os enviam para a “cabeça do touro”.

E não seria má ideia também, ponderar-se a proibição de participação em qualquer manifestação pública de qualquer cidadão com menos de 18 anos. Afinal os que ainda não atingiram essa idade (convencionada como a “maioridade”), não são cidadãos na plena posse de todos os direitos e deveres. E os direitos devem adquirir-se apenas depois de os deveres cumpridos.

Como faz cá falta o General Farinha Beirão.

Fazia-o já Ministro da Administração Interna e da Justiça. Pelo menos.


João José Brandão Ferreira, Oficial Piloto Aviador (Ref.)


Fonte: O Adamastor

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