quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

O ideal social da Maçonaria em 1906

Rasgadamente e sem rebuços a Gazzetta Ticinese expõe esse ideal, nos seus elementos positivos e negativos, isto é, o que querem destruir e o que querem plantar os Irm∴

Querem destruir, ou não querem:
– «Nada de baptismos de crianças.»
– «Nada de primeiras comunhões.»
– «Nada de casamentos religiosos.»
– «Nada de Sacramentos aos moribundos.»
– «Nada de escolas católicas.»

Parte positiva:
«Queremos» – diz a mesma Gazzetta – «substituir:»
– «O Baptismo por uma cerimónia civil perante a respectiva autoridade civil.»
– «A primeira comunhão pelos bailes de crianças de ambos os sexos.»
– «O casamento religioso pelo amor livre.»
– «Os sacramentos aos moribundos pela guarda maçónica dos solidários em torno dos doentes.»
– «Os funerais religiosos pela cremação.»
– «As escolas católicas pelas escolas neutras e mistas, que preparem os jovens e donzelas para o futuro matrimónio (!), nas quais escolas se lhes ensine a rebelarem-se contra a estultícia do pudor ensinada pelos católicos.»

Muito bem, assim é que é! Tudo bem claro, para que seja um facto a chamada liberdade de eleição. Efectivamente, mais claro que isto só em França, em presença dos factos, ou então... no Manual da Política da Maçonaria Portuguesa; – perdão! enganei por conexão de ideias, queria dizer... no «Manual Político do Cidadão Português».

Apesar, porém, de todas estas claridades, uma coisa há aqui que eu não compreendo. Não compreendo como é que, com um critério extremadamente positivista, se possam combater os sacramentos. Efectivamente, sob esse ponto de vista, o que são eles? Meras cerimónias completamente inofensivas, tanto mais que em grande parte dos casos, essas cerimónias nem sequer são compreendidas pelo que recebe o sacramento, não podendo por conseguinte influir, como facto externo, na mente do indivíduo. Por exemplo, no baptismo, não raro, na primeira comunhão, no matrimónio até, e frequentemente nos últimos sacramentos ministrados aos moribundos. É isto, a cerimónia externa, que a Maçonaria combate? Evidentemente, não é. «Sabemos» – afirmava há bem pouco, num discurso, um mação graduado – «sabemos onde estão as fontes de vida do Catolicismo, por isso o nosso ataque será eficaz.»

Quando a Maçonaria ataca os sacramentos, dá-nos uma prova da sua eficacidade, valor e influência na vida da Igreja, isto é, da sociedade cristã.

A Maçonaria crê, pois, mas para combater; muitos católicos crêem, mas para desprezar. É menos nocivo aquele combate, que este desprezo.

Aqueloutro expediente das escolas neutras (anti-religiosas) e mistas, onde os jovens e donzelas aprendendo a rebelar-se contra a estultícia (sic) do pudor ensinado pelos católicos, se preparem para o futuro matrimónio, é de um alcance prodigioso para o melhoramento das raças, sob o ponto de vista físico e moral, e de uma consonância admirável com as afirmações da fisiologia. É talvez devido à prática e adopção destes ensinamentos que em França, onde aquela rebelião contra o pudor cristão está assaz vulgarizada, a população vai aumentando prodigiosamente, e a raça se vai melhorando num sentido de prometer reproduzir o primitivo tipo simiano. É também talvez pelo mesmo motivo, que dos alcances saem as mães mais robustas, modelares e úteis à sociedade quanto à prolificação.

«Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 12º Ano, Nº 20, Agosto de 1906


Fonte: Veritatis

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