Li com interesse o seu depoimento. As razões que aponta para a crise que nos afecta – a existência do Estado Providência e, por isso, a ” dispensabilidade de esforço”; o consumismo desenfreado do Estado, das empresas, dos cidadãos com o consequente recurso ao crédito e ao endividamento – à luz da história passada e da análise do presente, são questionáveis.
Constitui o cabal exemplo de como, orquestrada por incompetentes analistas, políticos sem escrúpulos e sagazes banqueiros, a mensagem de responsabilização quer da sociedade como um todo, quer de um sistema – o Estado Providência, que cidadãos anónimos, a pulso e à custa de grandes lutas, construiu - passou a fazer parte do inconsciente colectivo de um povo.
Mais grave ainda é o desconhecimento da História – da nossa História passada e recente. Não existia o Estado Providência, o consumismo e outros aspectos referidos, mas essa era a situação de Portugal em 1906, quando D. Carlos dá posse ao governo de João Franco. O Rei no discurso da coroa, para responder ao descalabro em que se encontrava o País aponta medidas reformistas para : as finanças (agravamento das despesas públicas cujo deficit em 1903 era de 37627 contos); independência do poder judicial; “desenvolvimento moral” dos municípios; descentralização administrativa; o fim das gratificações, abonos e vencimentos não orçamentados; a responsabilidade ministerial…e terminava - “larga é a obra reformadora de que o País carece e difícil e árdua a tarefa a executar”.
Então o Rei, era o árbitro que hoje não encontramos no Presidente da República, a única diferença face ao que experimentamos hoje, e contra ele conjuraram os republicanos. A República instalada na governação do País de 1910 aos nossos dias, não alterou, excepto num pequeno período, os condicionalismos existentes. Pelo contrário, agravou-os, mais recentemente, estabelecendo uma aliança com os interesses internacionais, adoptando modelos sociais e económicos que são estranhos (diria até contra natura) ao continente Europeu e a Portugal, podendo incorrer no perigo real de hipotecar, assim, o futuro dos portugueses e comprometer a sobrevivência da nossa memória colectiva, a da continuação da nossa História. Aconselho-vos, eventuais leitores, para melhor entendimento destes modelos, a ver os filmes/documentário de Michael Moore “ Capitalism: A Love Story" e “SICKO”. Neste último há o importante depoimento de um pensador inglês sobre o Estado Providência …
Isabel da Veiga Cabral
(Vice-Presidente da Real do Médio Tejo)
1 comentário:
Hola, acabo de iniciar a seguir su blog que me parece realmente interesante. Lo siento por no poder escribir en portugués.
Espero que puedas disfrutar también del mio dedicado al reinado de Carlos II de España y en el que actualmente me encuentro tratando de la Guerra de Restauraçao Portuguesa.
Saludos de un monárquico español.
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