Pinheiro Chagas chegou a advertir, olhando a I República à sua volta, que «isto vai parar direitinho às mãos dos militares.» Foi, seguindo-se uma ditadura. Fernando Rosas já identificou nesses negros dias a existência de uma «ânsia de normalidade entre a classe média», ou seja, a maioria dos Portugueses, por oposição aos golpes diários, à desordem generalizada e à falência. Uma ânsia que foi respondida: a oferta de Salazar de «viver habitualmente» teve geral acolhimento.
Acontece, no entanto, que um grupo de dinossauros maçónicos e socialistas resolveu celebrar este ano e prolongadamente o centenário da República (e distribuir entre si os cargos em comissões e eventos correlativos), de pés assentes naquilo que o mesmo Rosas chama uma «visão hagiográfica da História». Não celebram a República como mais que discutível progresso em relação à Monarquia. Não, o que eles celebram é mesmo a I República.
Eis, portanto, o que se passa, descarada, impenitente e reiteradamente, durante todo este ano, culminando a desvergonha em Outubro: um grupelho que se apropriou de vários milhões de euros dos nossos impostos celebra um regime torcionário e indigno que levou o país à bancarrota e foi causa próxima de uma ditadura. Certamente, vêem-se ao espelho.
Alguns frutos famosos da I República
José Mendonça da Cruz
Fonte: Corta-fitas
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