terça-feira, 27 de julho de 2010

Ser monárquico é um sentimento e um estilo de vida

José Cid, Pedro Graciosa e João Carvalho são defensores da causa monárquica

Os monárquicos com quem O MIRANTE falou não pertencem a reais associações e não votam no PPM porque entendem que a monarquia não tem nada a ver com partidos.


Chama-se Pedro Figueiredo mas é conhecido por Pedro “Graciosa”. Apelido que usa por ser filho do marquês de Graciosa. O cabo dos forcados de Santarém confessa que nunca impôs que o tratassem pelo título monárquico e, apesar de ser politicamente de direita, simpatizante do PSD, é um defensor dos ideais da monarquia. Não pertence a nenhuma associação monárquica, mas considera que se o país tivesse um rei “acabava-se com muita pouca-vergonha”. Ser monárquico é uma forma de estar na vida, é ter outra visão da sociedade e dos seus problemas, como confessam outros defensores da causa como José Cid e João Carvalho, com quem O MIRANTE falou.

Numa coisa estão todos de acordo. Nos países onde está instituída a monarquia há mais respeito pelas instituições. “O rei é uma figura respeitada, mais que um Presidente da República”, considera Pedro Graciosa. “O rei moraliza o sistema e o Presidente da República é mais um corta-fitas sem grandes poderes”, realça o cantor da Chamusca, José Cid. Enquanto para o actor João Carvalho que reside em Alverca, concelho de Vila Franca de Xira, o representante monárquico pode ser um factor de união da população e das instituições nacionais.

Ser monárquico não é ser marialva, defendem. Isso tem mais a ver com as características de cada um, o meio de onde vêm e a personalidade, do que propriamente com a ideologia. Na relação com a República um monárquico não sente grande influência por defender a existência de um rei no país. “A influência tem mais a ver com a minha forma de estar e de encarar as coisas”, sublinha João Carvalho. O actor, que também não pertence a nenhuma associação real, foi buscar a sua veia monárquica ao avô que era oficial da guarda do Rei D. Carlos. Depois da implantada a República meteu-se em intentonas pela restauração da monarquia e foi preso cerca de 30 vezes, conta João Carvalho.

Nenhum destes monárquicos é filiado no Partido Popular Monárquico nem vota no PPM, porque entendem que a causa monárquica é um sentimento que não tem nada a ver com partidos. E no entender de Pedro Graciosa quem tem um título monárquico deve utilizá-lo sem snobismo, “sem caganças”. Dá como o exemplo o pai, que é uma pessoa simples e que sentava com ele à mesa os empregados para tomarem as refeições. Um monárquico deve ser uma pessoa próxima do povo. É ele próprio quem faz questão de se catalogar: “Sou patriota, gosto de mulheres e de vinho, sou aficionado e não sou maricas. Sou contra o aborto e as drogas”.

José Cid, representante de dois títulos (o avô era barão do Cruzeiro e o tio-avô era visconde de Lagos), é monárquico assumido há dez anos, quando começou a perceber que uma monarquia é um sistema mais cultural. “Olhem para os países que são monarquias e vejam que são os mais civilizados”, sublinha o cantor. Uma ideia com a qual concordam Pedro Graciosa e João Carvalho. “Se Portugal tivesse um rei este não permitia que um ministro da Saúde fechasse urgências hospitalares”, conclui José Cid.

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