Monarquia, Equidade e Educação: o único caminho para a sustentabilidade.
No Brasil os desfiles de escolas de samba os carnavalescos costumam juntar as peças de um quebra-cabeças para apresentar o seu enredo no desfile. Todos os anos apresentam-se personagens dispares como figuras da mitologia grega ou personagens históricos unidos a serviço do samba, mas o desfile permanece uma festa sem qualquer vocação que não seja a hipnose colectiva para efeitos recreativos. Tal como as Republicas portuguesas, todos esmeram-se no seu papel individual, dançam cantam festejam convencidos que tudo permanecerá eternamente, mas como em todas as festas um dia chega ao fim. Afinal tudo não passa de um Carnaval para consumo interno, para consumo do maior défice, o do preconceito.
Acreditamos que uma sociedade se torna sustentável apenas com a colaboração mutua, com a convivência na diversidade e a confiança absoluta num futuro sustentável. Sem a experiência que os manuais de História nos fornecem, teremos sempre poucas chances de manter o Presente e manter a esperança num Futuro. Toda sustentabilidade pode ser esmagada pela falta de confiança e os movimentos recentes dos mercados financeiros internacionais provaram que mais do que potencial ou "bons principios democráticos" é a confiança que no final toca as 12 badaladas. Quanto da queda Financeira recente se deveu ao nível residual de confiança que o português médio presta à classe politica eleita? Pode um País funcionar com os níveis crescentes e sustentados de participação cívica?
Durante a Revolução Francesa cunhou-se o termo “cidadão” para designar qualquer pessoa em pleno direito de exercer seus direitos políticos. Também veio daquela época a ideia de que todos devem ser iguais perante a lei. Os revolucionários aniquilaram a Monarquia e tentaram deixar que o povo decidisse o seu destino, desde que este "Destino" fosse caucionado pelos novos poderes. Como movimento político sabe-se que as conquistas da Revolução Francesa não duraram muito, mas o legado persistiu. Para Além da conquista dos direitos civis elementares e do fim da Monarquia Absolutista o movimento de republicanização manteve o seu curso. Para além da crença de que os Direitos individuais devem estar salvaguardados em Carta muitos convenceram-se e permanecem convencidos que a única forma de manter e prosperar esse legado é aniquilar na totalidade a Monarquia (em todos os países em que está presente) e republicanizar todos os regimes. A Republica como meio politico para alcançar prosperidade e equidade foi a "outra face da moeda".
No entanto, os conceitos que mantêm a Revolução Francesa como um Exemplo de conquista de direitos ainda resistem, embora tudo tenha evoluído. Hoje ser respeitado como cidadão já não e uma questão de ser revolucionário ou não. Trata-se de lutar contra as limitações impostas pela concorrência, posição económica, orientação religiosa, sexual ou política. Luta-se pelo respeito à diversidade, pelo predomínio da tolerância e nesse campo as Monarquias levam avanço considerável. A luta passou de revolucionária para politica e finalmente cívica, mas o paradigma monárquico mantém-se estático na totalidade dos Países mais desenvolvidos que mantiveram o regime. Para todos os efeitos as Republicas nascem violentamente de conjunturas localizadas no tempo e duram pouco. Na totalidade o ideário republicano renova-se na proporção do preconceito em relação à Republica, é filho desta, nunca se individualizou. Nenhuma Monarquia precisa de se comparar ou denegrir a Republica, a larga maioria acarinha as instituições republicanas.
O preconceito é um monstro que se alimenta de frustração e ignorância. Ele nasce na forma de uma piada, de uma brincadeira e lentamente vai ganhando corpo. Ao fim transforma-se num vírus que contamina tudo o que toca. Às vezes nem a luz das artes e do intelecto se pode derrotá-lo.
Mas essa luta precisa de mais soldados, verdadeiros cidadãos. Quem sabe um dia possam levar o preconceito à guilhotina de onde nasceu.
Ricardo Gomes da Silva
Fonte: Monarquia Portuguesa
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