Mais do que uma crise financeira e económica, a crise que atravessamos é uma crise de ética: na vida política, onde a regra geral é a mentira, a dissimulação, o compadrio, a fraude, a corrupção, a anteposição dos interesses particulares e de grupo ao interesse nacional e da sociedade; na condução das instituições privadas, nas empresas e nas relações laborais; na vida das pessoas e nas suas relações sociais.
Nada faz prever que a realização de eleições legislativas antecipadas (as sétimas em 37 anos de sistema democrático, o que é já de si anormal) venha resolver, a breve, a médio e a longo prazo, a crise em que estamos mergulhados. Porque não se trata só de mudar um chefe de governo e um partido por outros ou políticas erradas por outras menos erradas. A mentalidade e os princípios que subjazem à arquitectura das instituições políticas do regime e dos homens e mulheres que as servem mantêm-se inalterados.
Só uma profunda mudança na maneira de ser e estar e de servir Portugal e os portugueses, pode restituir-nos uma dignidade nacional enxovalhada e dar-nos esperança de um futuro melhor para Portugal. Essa mudança passa pela restituição ao País do seu chefe natural, que será fonte de estabilidade política, de independência, de amor à Pátria, de defesa da democracia, de ética e de confiança nas instituições e no futuro da Nação de que todos fazemos parte.
João Mattos e Silva, In Correio Real nº 5 (Editorial) Maio 2011
Fonte: Real Associação de Lisboa
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