16 de Julho de 1918, 22.30, Ekaterinburg
A czarina Alexandra descreve no seu diário um dia tranquilo de verão: licença de meia hora para passear, leituras bíblicas, o oficial bolchevique que veio trazer ovos para Alexis, jogo de cartas com o Czar antes de se deitar.
A página seguinte está em branco. Nessa noite acabou um capítulo mas não a História.
2013, São Petersburgo
O restauro de um grande quadro de Lenine, pintado em 1924, fez aparecer no verso um retrato de Nicolau II que se julgava desaparecido. Desobedecendo às ordens que tinha, correndo risco de vida, o pintor não quis destruir a imagem do seu Czar e cobriu-o com tinta solúvel em água, como se esperando por um novo capítulo em que a Rússia se reencontrasse com ela própria.
Ele sabia que há ligações que não se destroem por decreto.
O valor simbólico da Monarquia está todo aqui: uma relação entre um povo e o seu Rei que vai muito para além dos capítulos da história por mais violentos que sejam, o encarnar de uma cultura e de uma forma de vida, a certeza da continuidade de um povo.
É tudo isto que estes cem anos do assassinato da Família Imperial Russa também representam.
Teresa Côrte-Real
Vogal da Comissão Executiva da Causa Real
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