Aguarela de Roque Gameiro
“A História há-de ser luz da verdade e testemunha dos antigos tempos”, escreveu Fernão Lopes.
Com o enorme e recortado litoral português a vocação marítima deste tão grande e aventureiro Povo, virado para o imenso e misterioso Mar, era inevitável, pelo que naturalmente foi impulsionado a partir para rumos incertos descobrindo assim novos caminhos e novas terras.
Com o fim da Idade Média, encerrou-se, também, uma Era que para Portugal foi a da consolidação da Independência e afirmação como potência. Era altura de levar o Sonho Portugal mais além, e inicia-se aquela Época que ficará e será sempre indissociável de quando se falar de Portugal: os Descobrimentos.
É com o início da Dinastia de Avis que, de facto, a sociedade portuguesa sofre a sua maior metamorfose, pois dá-se a introdução da mentalidade Humanista do Renascimento em Portugal.
Para começar a língua portuguesa toma a sua característica e inconfundível fisionomia que é enriquecida com os neologismos que advém do contacto com as obras clássicas e esse contacto influência a mentalidade tornando-, tal-qualmente, científica. Com o Renascimento vem a ideia de tomar a Antiguidade Clássica como modelo.
A educação que Dom João I recebeu como Grão-mestre da Ordem de Aviz transformou-o num Rei invulgarmente culto para a época e o seu gosto pelo saber passou-o para a sua Ínclita Geração, assim como a sua necessidade de sonhar mais longe.
A expansão portuguesa ultramarina principiou em 1415, com a conquista de Ceuta. Nem vamos abordar o papel guerreiro que o Infante D. Henrique teve nos Descobrimentos portugueses, mas sim o seu papel como patrocinador da criação de uma cadeira de Astronomia na Universidade de Coimbra, ou o seu empenho no desenvolvimento da Caravela, de portulanos, de roteiros e de instrumentos náuticos que facilitassem essas mesmas descobertas por parte dos navegadores. “O Navegador” investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos Descobrimentos. Esta descoberta geográfica do Mundo empreendida pelos portugueses que se expandirá por séculos, é reflexo do paradigma do Renascimento na medida que o humanismo não se trata apenas de um ideal de cultura, mas um ideal de pensamento de confiança no Homem. Com os Descobrimentos, Portugal participa na primeira linha da construção de um admirável Mundo Novo.
Sulcaram-se Mares e Oceanos e como escreveu Luís Vaz de Camões, no Canto VII d’Os Lusíadas:
“E se mais mundo houvera, lá chegara”.
Miguel Villas-Boas
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