Feito isto, entendendo o bom Rei a dívida grande em que a Deus estava, pelo benefício presente, lhe deu as graças, e com demonstração particular, gratificou um favor extraordinário do Céu, que nesta ocasião experimentou; e foi este. Andando o valeroso Rei no mais fervoroso na batalha, se viu a seu lado um braço com asa, pelejando com espada, que se julgou assistência do glorioso Arcanjo São Miguel, a quem se encomendara, favorecendo-o e abrigando-o o Céu com este socorro, como outra vez o fizera a Judas Macabeu na perigosa batalha em que venceu a Timóteo. Reconhecido el-Rei Dom Afonso disto, dizem que instituiu uma cavalaria com a insígnia da asa, que é sinal com que pintam os Anjos, e daqui se intitulou a Cavalaria, ou Ordem da Ala, ou Asa: não permaneceu muito, porque nem todas as coisas bem ordenadas alcançam perpetuidade.
Frei António Brandão in «Terceira parte da Monarquia Lusitana: Que contém a História de Portugal desde o Conde Dom Henrique, até todo o reinado d'El-Rei Dom Afonso Henriques», 1632.
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Relembro que, por Tradição, São Miguel Arcanjo é o Anjo Custódio de Portugal.
Fonte: Veritatis
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