O professor Gabriel Mithá Ribeiro escreve no Observador uns artigos muito longos mas que somos obrigados a ler até ao fim tal é a densidade e o alcance que possuem. Digamos que é alguém preocupado em organizar e sintetizar a mensagem ainda algo titubeante e confusa do partido Chega. Neste seu artigo fala-nos do muro mental erguido em Abril de 1974 pela terceira república, muro que contamina e seca tudo á sua volta relegando o país para níveis mentais de uma Albânia soviética!
Ora bem, se isto é verdade, a big picture é esta, também não deixa de ser verdade que em 1974 os alicerces do muro já lá estavam há muito tempo. Alicerces jacobinos com um vago cheiro a guilhotina e ecos de marselhesa. Portanto foi só erguer a parte visível do muro, provávelmente com tijolo de burro para não destoar da paisagem. Uma paisagem que a partir de certa altura contou com a preciosa ajuda da união europeia, um organismo burocrático que ninguém sabe muito bem para que serve nem para onde vai! Não era esta a ideia inicial dos seus fundadores mas a realidade impôs-se. E a realidade mental europeia não difere muito da nossa. Dependente, complexada e com vergonha da sua história!
E é aqui, quando encaramos o futuro, que eu sou mais pessimista. Com efeito quem não tem vergonha da herança, antes a cultiva todos os dias, e sempre que pode, virado para Meca, sabemos nós quem são. E esses temos a certeza que derrubarão o muro sem hesitar. Será também o anúncio de um novo cativeiro, situação que aliás já vivemos noutras eras. E é só mudar a ementa: - Saladino em vez de salada russa!
Fonte: Interregno
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