A propaganda reforça as solidariedades de diferentes modos. Já se analisou o mecanismo da vinculação pelo medo e viu-se que um indivíduo aterrorizado procura o contacto com os seus congéneres. Ora, sempre que há dificuldades internas, crises, conflitos insanáveis, o poder constituído recorre em regra a este mecanismo instintivo. Cria-se, então, o inimigo externo, exibe-se o perigo da perda da independência, explica-se que esse inimigo é vicioso e deseja a aniquilação total. Inventam-se internamente os traidores, as maquinações, as quintas-colunas. A ameaça, que a propaganda torna verosímil, vincula os cidadãos pelo medo, estimula as solidariedades de combate, canaliza a agressão colectiva para o exterior ou contra o bode expiatório que entretanto se descobriu dentro do País. Os judeus, os fascistas, os capitalistas, os estrangeiros, os americanos, os brancos, têm desempenhado frequentemente este papel, bem como os bolcheviques, os sovietes, os russos. Mas se nuns casos a ameaça é possível, noutros não passa de mera construção propagandística ao serviço da classe política instalada.
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