BREVE INTRODUÇÃO
Uma das grandes obras de Estevão de Brito é a Pro Defunctis Missa, parte do Ofício de Defuntos, preservada num manuscrito na Catedral de Málaga, e que terá sido composta depois de 1613, ano em que Brito assumiu funções de Mestre de Capela. Talvez por tradição local de Málaga, o compositor optou por não utilizar as tradicionais melodias associadas à missa de Requiem na composição do Sanctus e Agnus Dei, preterindo-as em favor das da Missa XV gregoriana. Uma vez que Brito também fez versões destes dois andamentos para uso no Advento e Quaresma, optámos por apresentar esta segunda versão, encontrada também num manuscrito na Catedral de Málaga (por Armando Possante, Director do Grupo Vocal OLISIPO)
SINOPSE
Nascido em Serpa cerca de 1570, Estêvão de Brito estudou com Filipe de Magalhães na Sé de Évora. Tornou-se Mestre de Capela da Catedral de Badajoz e, posteriormente, de Málaga, cidade onde permaneceu até 1641, ano da sua morte. Estêvão de Brito não compôs todas as rubricas da missa, sendo tradicional na época interpretar alguns dos andamentos em cantochão. Tendo isto em conta, decidimos acrescentar obras de alguns dos grandes compositores eborenses. O versículo do Ofertório (Hostias et preces) e a Sequência (Dies Irae) são da autoria de Duarte Lobo, retirados da sua Missa Pro Defunctis a seis vozes de 1939. A textura simples a quatro vozes e o uso de uma escrita homorrítmica que facilita a percepção do texto, assim aumentando a sua eficácia dramática, tornam estes andamentos um perfeito complemento à escrita de Brito, permitindo ainda assim ouvir as diferenças estilísticas entre dois compositores contemporâneos. Decidimos ainda acrescentar o Tractus Absolve Domine em cantochão mas numa versão registada pela mão de Filipe de Magalhães, professor de Brito em Évora. Concluiremos com o responsório Libera me, destinado a ser cantado já depois da missa, imediatamente antes de sepultar o corpo de defunto. Neste caso foi escolhido Libera me de Manuel Cardoso, publicado em 1625 no seu Liber primus missarum, e tendo desta forma representados os três grandes nomes da polifonia eborense, Lobo, Magalhães e Cardoso. Complementamos a apresentação da missa de Requiem com os responsórios das matinas de Sábado Santo do compositor Francisco Martins. O ofício de matinas é celebrado de madrugada sendo a iluminação da igreja dada apenas por quinze velas, que simbolizam Cristo, os apóstolos fiéis e as três Santas mulheres. Estas velas eram extintas uma a uma à medida que os cânticos eram executados, ficando apenas acesa a maior vela, símbolo de Cristo, que era colocada atrás do altar, deixando a igreja na escuridão, in tenebris. Este termo passou a designar as matinas do Tríduo Pascal, que são assim designadas por ofícios de Tenebrae. Os textos, descrevendo acontecimentos da paixão de Cristo, são também bastante dramáticos mas a música de Martins contrasta este dramatismo com uma clareza e simplicidade extremas que, equilibradas por uma linguagem harmónica cromática e arrojada, melhor transmitem ao ouvinte a angústia e a dor (por Armando Possante, Diretor do Grupo Vocal OLISIPO)
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
O Grupo Vocal Olisipo foi fundado em 1988, tendo sido desde então dirigido por Armando Possante. Integram este concerto: Armando Possante (Barítono e Diretor) Elsa Cortez - Soprano Lucinda Gerhardt - Mezzo Soprano Carlos Monteiro - Tenor O seu repertório é vasto e eclético, abrangendo obras do período medieval aos dias de hoje. Conquistou já diversos prémios em concursos, nomeadamente uma menção honrosa no Concurso da Juventude Musical Portuguesa e o Primeiro Prémio nos concursos International May Choir Competition em Varna (Bulgária), Tampere Choir Festival (Finlândia), 36º Concorso Internazionale C.A.Seghizzi em Gorizia (Itália) e 5º Concorso Internazionale di Riva del Garda em Itália, e vários prémios de interpretação. Participou em vários programas de Televisão e Rádio em Portugal, destacando-se um Especial de Natal para a RTP e o Early Music Day 2019 para a Antena 2/EuroRadio Gravou o Officium Defunctorum de Estêvão de Brito e as Matinas de Natal de Estêvão Lopes Morago, Cantatas Maçónicas de Mozart, “Tenebrae”, com música de Francisco Martins e Manuel Cardoso, o “Magnificat em Talha Dourada” de Eurico Carrapatoso, “Herança”, dedicado a compositores da Escola de Música da Sé de Évora e “Fiat Lux”, com música de Eurico Carrapatoso, Tiago Derriça e Anne Victorino de Almeida .
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