domingo, 31 de julho de 2011

Os ‘católicos’ adversativos (pelo P. Gonçalo Portocarrero de Almada)

In memoriam de Maria José Nogueira Pinto,uma católica não adversativa.



A barca de Pedro é como a arca de Noé. Se esta providencial embarcação incluía toda a espécie de criaturas que havia à face da terra, também a Igreja congrega uma imensa variedade de almas. Todas as gentes, qualquer que seja a sua raça, a sua cultura, a sua língua ou os seus costumes, desde que legítimos, cabe na barca de Pedro. Por isso, graças a Deus, há católicos conservadores e progressistas, de direita e de esquerda, republicanos e monárquicos, regionalistas e centralistas, etc.
Se, em política, tudo o que parece é, o mesmo já não se pode dizer na Igreja. Tal é o caso dos ‘católicos’ adversativos. Muito embora a designação seja original, a realidade é, infelizmente, do mais prosaico e corrente:
- Eu sou católico, mas...
E, claro, a seguir a esta proposição adversativa, seguem não poucos reparos à doutrina cristã. A saber: eu sou católico, mas creio na reencarnação; eu sou católico, mas defendo o aborto; eu sou católico mas, não acredito no inferno; eu sou católico, mas sou a favor da eutanásia; eu sou católico, mas concordo com o casamento entre pessoas do mesmo sexo; etc., etc., etc.
É verdade que a Igreja acolhe também aqueles que, por desconhecimento ou por debilidade, não conseguem ainda viver de acordo com todos os seus preceitos. Ao contrário do que pretendiam os cátaros, a Igreja não é só dos puros ou dos santos, os únicos que são, de facto, cem por cento católicos. Com efeito, a Igreja não exclui os néscios, nem os fracos que, na realidade, somos quase todos nós. Mas não aceita os nossos erros, nem os nossos pecados, antes impõe que, da parte do crente, haja uma firme decisão de conversão.
Esta é, afinal, a diferença entre o pecador e o fariseu: ambos pecam, mas enquanto aquele reconhece-o humildemente e procura emendar-se, este justifica-se e, em vez de mudar de conduta, desautoriza a doutrina em que, afinal, não crê. O pecador que é sincero no seu propósito de santificação, tem lugar na comunidade dos crentes, mas não quem intencionalmente nega os princípios da fé cristã.
Na comunidade cristã há certamente margem para a diversidade de pontos de vista, também em matérias doutrinais opináveis, mas não cabe divergência no que respeita aos princípios fundamentais. Um cristão que, consciente e voluntariamente, dissente de uma proposição de fé definida pela competente autoridade da Igreja, não é simplesmente um católico diferente ou divergente, mas um fiel infiel, ou seja, um não fiel.
Conta-se que o pai de uma rapariga algo leviana, sabendo do seu estado interessante, tentou desesperadamente conseguir-lhe um marido que estivesse pelos ajustes. Para este efeito, assim tentou aliciar um possível candidato:
- É verdade que a minha filha está grávida, mas é só um bocadinho...
Ser ou não ser, eis a questão. Pode-se ser católico sendo ignorante e até muito pecador, mas não se pode ser ‘católico’ adversativo, ou seja, negando convictamente a doutrina da Igreja.
A fé não se afere por uma auto-declaração abstracta, mas pela opção existencial de seguir Cristo, crendo e agindo de acordo com os princípios do Evangelho. Não é católico quem afirma que o é, mas quem pensa e quer viver como tal. «Tu crês que há um só Deus? Fazes bem, no entanto também os demónios crêem e tremem. O homem é justificado pelas obras e não apenas pela fé. Assim como o corpo sem alma está morto, assim também a fé sem obras está morta» (Tg 2, 19.24.26).

Fonte: Jornal W - Voz da Verdade

Na hora de prestar contas

«Menos dinheiro, mais História" - este um curioso título na edição de hoje do JN. Com a notícia a explicar, logo depois, que afinal não fora dez, mas sim 8,5 milhões de euros dispendidos, o ano transacto, nas comemorações do centenário da República.
Uma verba óbvia, acessivel e compatível com o grau de riqueza da maioria dos portugueses...
Mas vamos ao importante. Há aspectos parcelares realmente até à data desconhecidos e do maior significado. Então:
- As seis (6!!!) exposições alusivas levadas a cabo por todo o País absorveram 59,2% do mencionado dispêndio. Total dos visitantes dos mencionados certames: 228.478 pessoas - menos do que a população da Amadora...
- Na edição de diversas publicações sobre o tema escoaram-se 5,3% desses famigerados milhões. Como se intitulavam elas? Quem as leu? Nas mãos de quem estão esses «principais legados da iniciativa»?
- Sobreleva-se o «envolvimento massivo das autarquias». Pessoalmente, de quase nada me apercebi. Salvo de algumas corajosas e pedagógicas realizações de Escolas Secundárias, onde se confrontaram em debate convidados monárquicos e republicanos. (Fui, de resto, participante, como defensor do lado de cá). Com manifesta vantagem de argumentos e adesão do público relativamente à Instituição Real.
- O relatório conclui pela valia do aprofundamento do estudo dos antecedentes da I República e das «primeiras revoltas contra a ditadura do Estado Novo». Neste ponto, se calhar não apresento discordâncias - a República passou 48 dos seus 100 anos a lutar consigo mesmo.

 João Afonso Machado

Fonte: Corta-fitas

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Um europeu de referência

ADRIANO MOREIRA
por ADRIANO MOREIRA

Morreu há poucos dias o Doutor Otto de Habsburgo, arquiduque da Áustria, chefe da antiga família imperial, mas sobretudo um cristão que dedicou a longa vida quase centenária à unidade, em paz, da Europa que destruiu a sua proeminência mundial com duas guerras a que chamou mundiais, e foram apenas as guerras civis de piores consequências dos povos europeus. A de 1914-1918, como é frequentemente recordado, teve o início do seu percurso brutal no assassínio do arquiduque Francisco Fernando, e da sua mulher, a duquesa de Hohenberg, quando, na qualidade de príncipe herdeiro, visitava Sarajevo, na Bósnia, morto em 28 de Junho de 1914, por um suposto modesto executor da vontade de outros decisores políticos. Em 23 de Julho a Áustria enviou um severo ultimato à Sérvia, cinco dias depois declarou-lhe a guerra, e a tradicional e abalada balança de poderes foi obedecendo à lei da natureza das coisas até ao desastre chamado paz, que haveria de ser completado pela guerra de 1939-1945. O Império Austro-Húngaro foi desfeito, dando origem a quatro novos Estados, avaliando-se as perdas de vidas em 10 milhões de pessoas, cabendo à Áustria-Hungria 1 100 000. A família imperial abandonou o poder com honra e sem fortuna, recebeu acolhimento em Portugal, tendo o antigo imperador Carlos morrido na ilha da Madeira, onde se encontra e ficará o seu túmulo. O então pequeno Otão teria para sempre uma devoção total por Portugal, cuja língua falava, e, doutorando-se em Lovaina, transformou a tragédia familiar em sabedoria, e assumiu uma luta intelectual, e política, pela unidade europeia, uma decisão reforçada, e não desanimada, pela segunda guerra mundial, muitíssimo mais destruidora de vidas e bens do que a primeira, real ponto final na supremacia mundial europeia, e por isso mais exigente do regresso à regularmente pregada política da unidade. O seu instrumento institucional de intervenção foi principalmente o Centro Europeu de Informação e Documentação, a par da doutrinação em jornais, em conferências e congressos internacionais, em livros doutrinais, tendo criado uma rede de centros na Europa ocidental, incluindo Lisboa, e participado na campanha radiofónica para o Leste europeu no sentido de animar a libertação dos satélites. Muito inspirado pela doutrina social da Igreja, não pode compreender-se totalmente o papel da democracia-cristã, no movimento da unidade europeia, sem ter em conta a sua incansável pregação. Na crise do Império Euromundista, em cujo final se inscreve a retirada portuguesa, ainda neste caso o seu interesse activo se manifestou, quer internacionalmente quer em visitas aos territórios do então ultramar português, inquirindo e sugerindo soluções políticas que abrissem caminho a uma nova solidariedade em paz e cooperação. Nesta cruzada, a sua intervenção não pode ser desassociada da intervenção notável de Richard de Coudenhove-Kalergi, um dos maiores europeístas do século XX, e cuja Fundação ainda se encontra activa, embora sem a visibilidade dos tempos difíceis que o chamaram ao interesse mundial com o 1.º Congresso Pan-Europeu que se reuniu em Viena de 3 a 6 de Outubro de 1926. Uma das afirmações de Otão de Habsburgo, feita no Liechtenstein em 1958, é talvez a síntese da tarefa a que dedicou a longa vida: "O nosso trabalho para o futuro do nosso continente é portanto lutar em favor da Confederação Europeia." A Europa reconheceu o seu contributo, entre outras consagrações, mantendo-o como deputado, no Parlamento Europeu, durante duas décadas. A sua Pátria de origem prestou-lhe tributo com as homenagens fúnebres, para as quais fui convidado e não tive, com tristeza, oportunidade de assistir, para prestar tributo ao amigo de tantos anos. Na sua última visita a Portugal, prestou ele homenagem de gratidão ao povo que o acolheu, declarando, em discurso na Universidade Católica, que o corpo de seu Pai, então beatificado pela Igreja Católica, ficaria para sempre na Madeira. A gratidão também tem lugar no projecto europeu.

Fonte: DN

O PAÍS IGNORA OS 9 SÉCULOS DO NASCIMENTO DE AFONSO HENRIQUES


Fonte: Família Real Portuguesa

quinta-feira, 28 de julho de 2011

VIAGEM MEDIEVAL EM TERRAS DE SANTA MARIA


Reinado de D. Afonso Henriques
viagem medieval em terra de santa maria
28. jul07. ago ’11 | santa maria da feira
Contexto Histórico

. Séc. XII
. Reinado de D. Afonso Henriques

Após a aclamação de D. Afonso Henriques em Ourique pelos seus companheiros d’armas, El-Rei decide aplicar novas estratégias militares na conquista do território aos sarracenos e dá início a um novo processo de negociações políticas, diplomáticas e até matrimoniais, tendo como objectivo afirmar o seu poder soberano, impor a independência do reino de Portugal a outros reinos hispânicos e, principalmente, ser reconhecido pela Sé Apostólica, através da concessão do privilégio de Portugal se tornar um reino pertencente a São Pedro.
Para beneficiar desta honra, D. Afonso Henriques promove homenagem ao Papa e paga o censo anual à Santa Sé. No entanto, o reconhecimento oficial só é conseguido e concretizado em 1179, quando é publicada a bula Manifestus Probatum est pelo Papa Alexandre III, que concede o título de Rei a D. Afonso Henriques e aos seus descendentes, promete defender a sua dignidade e reconhece a independência de Portugal.
Os actos, os factos e as personagens principais que ajudaram à afirmação do poder régio e soberano de D. Afonso Henriques e à concretização da independência de Portugal, reconhecidos por todo o mundo cristão, são o mote para a recriação histórica de mais uma edição da Viagem Medieval em Terra de Santa Maria.

A XV Viagem Medieval em Terra de Santa Maria realiza-se de 28 de Julho a 7 de Agosto, no centro histórico de Santa Maria da Feira. Os acontecimentos e as personagens que mais contribuíram para a afirmação do poder régio e soberano de D. Afonso Henriques e para a concretização da independência de Portugal serão o mote para onze dias de recriações e animação.

Mais informações em: http://www.viagemmedieval.com/

Duas rainhas em Paris

Imperdível esta deliciosa crónica de Novais Teixeira originalmente publicada n'O Primeiro de Janeiro, a 25 de Outubro de 1953

Não sei bem se esta soberana familiaridade com que Paris recebe e trata as Majestades estrangeiras não oculta um despeito: o de não ter também o seu Rei e a sua Rainha. Porque em Paris há de tudo — ela o sabe bem! — menos o comando da realeza.
Pelo fim trágico de Luís XVI se depreende que Paris prefere o sr. Auriol no Palácio do Eliseu a qualquer titular de sangue real. Mas se os reis fossem apenas honrarias e efeitos decorativos, os parisienses gostariam de ter no Palácio de Versalhes um Orléans legítimo misturado com as fontes luminosas. Faz parte esse gosto pelas figuras reais deste adorável «provincianismo» da capital, de que todos se apercebem menos os parisienses, porque um parisiense é demasiado actor da grande cena para compreender bem Paris.
Por aqui anda o Conde de Paris, pretendente ao trono da França, sumido na massa anónima da capital. Só lhe falta o cesto das compras e o pão debaixo do braço para ser, na iconografia doméstica do seu quartier, um parisiense autêntico. Pudesse, porém, a falta de ceptro não implicar na falta de europeis reais, como deliraria o povo de Paris com esse impossível majestático na pessoa do seu Conde!
Duas rainhas honram hoje com a sua presença as ruas da capital: a rainha Juliana da Holanda e a rainha Frederica da Grécia. A rainha Juliana é uma holandesa típica, isto é, uma francesa da província, plasticamente considerada; a rainha Frederica, uma perfeita parisiense, isto é, cintura de vespa, 58 centímetros, segundo registo das fitas métricas dos costureiros de Paris. Juliana veio à terra de São Luís para espairecer; Frederica para se vestir. Uma foi vista na Rue Rivoli, colada às vitrinas da bijouterie turística, bon marché; outra na Avenue Montaigne, rondando a casa de Christian Dior.
Os holandeses têm em alto conceito a sua Rainha. Menos autoritária que a rainha Guilhermina, é todavia Senhora de mais autoridade. Seus conselhos são sábios; seus ouvidos, atentos aos negócios do Estado. Não é apenas respeito hierárquico o que lhe mostram os seus Ministros, mas o que se tem por uma dama que chegou com condições intrínsecas à Suprema Magistratura do país. No jardim dos seus sentimentos mais íntimos, os holandeses cuidam do afecto pela sua Rainha com a mesma amorosa solicitude com que tratam das suas papoulas de mais alto preço. O sorriso franco e simples da rainha Juliana seduz também os parisienses.
Sua Majestade jantou um dia destes, de incognito, em uma rôtisserie do Boulevard de Clichy, que é o boulevard classe média por excelência; hors-d'oeuvres variados, pilaf de lagosta, queijo de cabra e café do Brasil. Acompanhava-a o príncipe Bernhard de Lippe, seu marido. Depois botou conversa com um casal desconhecido da mesa do lado, ao estilo de Paris, e foram os quatro deambular por Pigalle, perdidos na multidão. Há quem visse Juliana diante dum pim-pam-pum com jeito de pegar na bola de trapo. O príncipe Bernhard foi no dia seguinte a Rambouillet caçar faisão com o presidente Auriol. A Rainha preferiu Chantilly e as preciosidades da pinacoteca do seu castelo.
Uma Rainha compenetrada com o seu povo está automaticamente compenetrada com todos os povos do mundo. O respeito por uma realeza popular não se detém nos domínios da sua jurisdição. Paris põe à disposição da rainha da Holanda os seus pimpam- puns e a sua familiaridade. Difícil conquista esta, a da familiaridade dum povo tão… comunista como o de Paris! Eis uma conquista que ainda não fez o sr. Maurice Thorez. Experimentem acercarem-se do secretário-geral do Partido Comunista Francês! O seu ceptro exige mais distâncias que o dos Reis!… As Majestades vermelhas estão mais expostas aos acidentes cardíacos.

Novais Teixeira, O Primeiro de Janeiro, Porto, 25 de Outubro de 1953, pp. 1, 2

Agradecimentos a Vasco Rosa

João Távora

Fonte: Real Associação de Lisboa

terça-feira, 26 de julho de 2011

Portugal-Tailândia, 500 Anos



Embora por cá não se notem, já tiveram início as comemorações dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Sião. Pelo que temos visto, os tailandeses estão a levar muito a sério o seu primeiro contacto com um povo europeu e este video é um bom exemplo. Não fosse o Instituto do Oriente do ISCSP (Narana Coissoró, Vasconcelos Saldanha e Miguel Castelo-Branco) e dos meios financeiros por esta entidade graciosamente oferecidos a este ciclo, nada teria acontecido até ao momento pela parte portuguesa, ao contrário dos tailandeses que estão a investir avultados meios logísticos, humanos e financeiros. Não nos cheguem com as desculpas habituais, porque o Instituto do Oriente é uma entidade pobre e tudo tem feito para cumprir com dignidade aquilo a que se propôs. O Governo simplesmente não teve capacidade para o realizar: edições, conferências, exposições, catálogos, monografias académicas, preparação de um simpósio internacional a realizar em Novembro, tudo isto também implicando deslocações e estadias para as quais o contribuinte português não desembolsou um tostão.

Nuno Castelo-Branco


Foi anteontem apresentada em simultâneo em Lisboa e Ayutthaya, antiga capital do Sião, a emissão filatélica conjunta luso-tailandesa alusiva aos 500 anos de relações entre os dois países. A convite da administração dos CTT foi-me pedida colaboração na condição de investigador doutorando do Instituto do Oriente /Universidade Técnica de Lisboa. Os trabalhos que serviram para ilustrar os selos agora à venda em todas as estações de correios de Portugal e Tailândia são do pintor português Carlos Barahona Possollo, meu amigo de há muito, bem como da artista plástica tailandesa Mayuree Narknisorn. O texto explicativo, em inglês e português, é de minha autoria.
 
Por iniciativa de uma das maiores instituições culturais portuguesas, está previsto para o início do Outono em Lisboa a inauguração de importante exposição que pela primeira vez reunirá a mais relevante documentação alusiva à relação entre os dois países. Uma vez mais de parabéns todos quantos se têm dedicado com entusiasmo a estas celebrações. No que nos diz respeito, ainda falta concluir o tal livro de meio milhar de páginas que dedicarei a todos quantos, na Tailândia como em Portugal, exigem passar do registo de divulgação para o conhecimento das fontes sobre aquelas relações existentes na Tailândia, Portugal, França, Macau e Índia.
 
Miguel Castelo-Branco
 

São Joaquim e Santa Ana

segunda-feira, 25 de julho de 2011

JOSÉ MATTOSO ELEGE S.A.R., O SENHOR DOM DUARTE COMO FIGURA DE PARADIGMA NACIONAL


S.A.R., O Senhor Dom Duarte de Bragança, Drº Paulo Catarino, Dr.ª Margarida Ferreira, Directora do Museu de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro, e Prof. Dr.º José Mattoso.

 
José Mattoso diz que “os políticos são incapazes de resolver os problemas”.
Filósofo, místico e referência ética nacional, são três os adjectivos com que definiria esta personagem ímpar da nossa vida cultural. Já foi monge e, perante a perplexidade da vida, considera Deus, como aquele que “preenche todo o vazio e responde a todas as perguntas” e critica acidamente os valores prevalecentes, afirmando: “o domínio da técnica não garante o exercício da sabedoria”.

Embora acreditando nas virtualidades do 25 de Abril, nem por isso, se revê nos seus frutos: “incapazes de resolver problemas relacionados com a organização social e económica, os políticos desenvolveram estratégias de ataque pessoal e de descrédito, que ainda hoje dominam a luta pelo poder”. E elege duas figuras como paradigmas nacionais: Alexandre Herculano e Dom Duarte, não se esquecendo de Camões, “épico” demais para o seu gosto e Fernando Pessoa, que considera “demasiado paradoxal".

domingo, 24 de julho de 2011

A luxuosa nobreza republicana

A antiga Ordem de Cristo, ainda não mutilada
Bem vistos os factos, os republicanos fizeram bem em terem mantido as antigas Ordens honoríficas da Monarquia, tal como conservaram o escudo nacional do sistema deposto em 1910. Nada de melhor tinham a propor, limitando-se a reinterpretar o significado dos mesmos, por vezes recorrendo a risíveis argumentos que a ninguém convenceu. As mais prestigiadas Ordens, são precisamente aquelas que gozavam da maior apetência antes de 1910 e embora para muitos não valham grande coisa desde que foram mutiladas pela República, são ainda consideradas, nem que seja pelo bom gosto decorativo. Quanto aos receptuários das mesmas, essa é uma outra estória, pois tratando-se de sujeitos que na sua grande parte apenas se notabilizam pela sua amizade e favores para com o outorgador, pouco terão em comum com antigas glórias que outrora receberam as comendas de Cristo ou de Aviz. A Ordem de Cristo atribuída a declarados pagãos, não deixa de ser mais uma originalidade "à portuguesa".
Mota Amaral aborreceu-se com o Sr. Cavaco Silva e a razão para tal bater de porta, dever-se-á ao desagrado belenense pelos nomes apresentados pelo antigo chefe do governo açoriano. Alguns deles estão conotados com o PS e em conformidade, Cavaco não gostou da inclusão de "penetras" alheios ao seu séquito. Misérias da República.
Já agora e ainda no rescaldo do desaparecimento de Otão de Habsburgo, o Presidente checo diz umas verdades acerca da Europa, coisa que o seu correspondente lisboeta seria incapaz de cogitar nem por um momento.

Nuno Castelo-Branco

Fonte: Estado Sentido

APRESENTAÇÃO DO ELMO DE D. SEBASTIÃO

UM DIA DE MUDANÇA!
Uma espécie de RECONQUISTA DA LUSA IDENTIDADE:
 
Domingo, 7 de Agosto pelas 16 horas, na Quinta Wimmer em BELAS
(Estrada Nacional 117, ao km 10), 500 metros depois da igreja de Belas na estrada nacional em direcção ao Sabugo, na subida, na curva, um grande portão antigo com duas árvores enormes e um painel de azulejos indicando QUINTA WIMMER.

Atravessando o parque, sempre em frente, cerca de meio kilómetro há parque de estacionamento.


Quem amar Portugal é BEM VINDO!

Rainer Daehnhardt


 

sábado, 23 de julho de 2011

Lenda da Batalha de Ourique

Conta a lenda que a Batalha de Ourique foi o momento decisivo da independência do pequeno condado portucalense e que, no fim da peleja, D. Afonso Henriques foi ...

...aclamado pelos combatentes como Rei.

Era noite. Véspera de batalha.
Os guerreiros tentavam descansar. Nas coloridas tendas mouras o movimento fora intensíssimo durante todo o dia. De cinco reinos havia chegado homens aguerridos, decididos a não deixar progredir o pequeno exército dos cristãos. Tinham vindo muitos de Sevilha e de Badajoz para se juntarem à hoste composta por gente de Elvas, Évora e Beja. Diz-se mesmo que tinha vindo gente de além-mar. Durante o dia, não tinha havido descanso para ninguém. As setas tinham sido cuidadosamente afiadas e guardadas nas aljavas. Os velozes alfarazes da cavalaria moura tinham tido ração suplementar e relinchavam respondendo aos puros-sangues árabes dos grandes senhores que, impacientes, esperavam pela acção, pelo combate. Enfim, era noite e a algazarra que pairava todo o dia sobre o arraial esmorecera um pouco e só se ouvira como que um zunir de moscas. No acampamento cristão pairava o silêncio. Também os ginetes da guerra estavam prontos e impacientes, as espadas tinham sido afiadas, os peões haviam experimentado as bestas para que tudo corresse como desejavam. Os guerreiros descansavam nas tendas, recostados em leitos improvisados com as peles dos animais mortos, lá mais ao norte, nas selvas que bordejavam as suas tendências e propriedades.

Também Afonso Henriques estava recostado na sua tenda. Dera ordem para que ninguém o incomodasse. Não conseguia dormir. Pensava na batalha do dia seguinte, na enorme cópia de gente moura contra a sua minúscula hoste.

Corria até que o exército árabe tinha uma ala de mulheres guerreiras... Mas, era necessário vencer... Deus se encarregaria de se mostrar ao infiel o seu poder pelo braço do guerreiro. Semi-adormecido, apareceu-lhe como que um sonho, um ancião. Fez sobre ele o sinal-da-cruz, chamou-lhe escolhido por Deus e alertou-o da batalha. Entretanto, apareceu-lhe um escudeiro, que vinha dizer-lhe que estava ali um velho que queria falar-lhe com muita urgência: Afonso Henriques viu, diante dos olhos, bem despertos, o velho do sonho:

- Tu, outra vez? Quem és afinal, ancião? O que me queres?

-Quem sou não interessa... Acalma-te e ouve o que venho dizer-te da parte de Jesus, Nosso Senhor: daqui a instantes, quando ouvires tocar os sinos da ermida onde há já sessenta e seisanos vivo, deves sair do arraial, só e sem testemunhas. É isto o que ele manda dizer-te! Antes do guerreiro abrir a boca, o velho desapareceu na noite, sem deixar rasto. Daí a instantes, soou, efectivamente, o sino da ermida e Afonso Henriques pegou na espada e no escudo, com gesto quase automático, saiu da tenda embrenhando-se na noite, sem destino, só, como lhe fora recomendado. Subitamente, um raio iluminou a noite e de dentro dele saiu uma cruz esplendorosa. Ao centro estava Jesus Cristo rodeado de anjos. Afonso Henriques, ajoelhado, deixou-se ficar boquiaberto, sem saber o que dizer, sem se atrever a quebrar o instante, até que dentro de si, ouviu Jesus dizer-lhe:

- Afonso, confia na vitória de amanhã. Confia na vitória de todas as batalhas que empreenderes contra os inimigos da Cruz. Faz como a tua gente que está alegre e esforçada. Amanhã serás rei...

Apagou-se o céu e a visão celestial desapareceu, como viera. No dia seguinte a batalha foi terrível. Os mouros eram aos milhares e avançavam ferozmente contra os guerreiros de Afonso Henriques.

Ao Primeiro embate muitos homens caíram no chão trespassados pelas lanças. Puxou-se então por espadas e alfanges e a planície foi invadida por um tinir de ferros misturados com a gritaria de toda aquela multidão e os relinchos doloridos dos cavalos feridos. Durante muito tempo, foi um verdadeiro inferno. Os guerreiros cristãos, porém, levaram a melhor. Os mouros sobreviventes, fugiram pela planície fora, deixando os cadáveres naquele imenso chão. Do lado cristão também eram muitos os mortos e feridos, mas os sobreviventes proclamavam a vitória, gritando:

- Real! Real! Por Afonso, Rei de Portugal!

Diz a tradição que nesse momento e em memória do acontecimento, o rei pôs no seu pendão cinco escudos, representando os cinco reis mouros que derrotara. Pô-los em cruz, pela cruz de Nosso Senhor e dentro de cada um mandou bordar trinta dinheiros, que por tanto vendera Judas a Jesus Cristo. Esta é a patriótica lenda com que os portugueses quiseram perpetuar um facto que na realidade foi bem diverso.

Fonte: Instituto de Estudos de Literatura Tradicional

1139 - A Batalha de Ourique, segundo a Crónica dos Godos

Era de 1177 [= 1139]: A 25 de Julho na festa de S. Tiago Apóstolo, no undécimo ano do seu reinado, o mesmo rei D. Afonso travou uma grande batalha com o rei dos Sarracenos, de nome Esmar, num lugar que se chama Ourique. Efectivamente aquele rei dos Sarracenos, conhecendo a coragem e a audácia do rei D. Afonso, e vendo que ele frequentemente entrava na terra dos Sarracenos fazendo grandes depredações e vexava grandemente os seus domínios, quis; se fazê-lo pudesse, travar batalha com ele e encontrá-lo incauto e despercebido em qualquer parte. Por isso uma vez, quando o rei D. Afonso com o seu exército entrava por terra dos Sarracenos e estava no coração das suas terras, o rei sarraceno Esmar, tendo congregado grande número de Mouros de além-mar, que trouxera consigo e daqueles que moravam aquém-mar, no termo de Sevilha, de Badajoz, de Elvas, de Évora, de Beja e de todos os castelos até Santarém, veio ao encontro dele para o atacar, confiando no seu valor e no grande número do seu exército, pois mais numerosos era ainda pela presença aí das mulheres que combatiam à laia de amazonas, como depois se provou por aquelas que no fim se encontraram mortas. Como o rei D. Afonso estivesse com alguns dos seus acampado num promontório foi cercado e bloqueado de todos os lados pelos Sarracenos de manhã até à noite. Como estes quisessem atacar e invadir o acampamento dos cristãos, alguns soldados escolhidos destes investiram com eles (Sarracenos), combatendo valorosamente, expulsaram-nos do acampamento, fizeram neles grande carnificina e separaram-nos. Como o rei Esmar visse isto, isto é, o valor dos Cristãos, e porque estes estavam preparados mais para vencer ou morrer do que para fugir, ele próprio se pôs em fuga e todos os que estavam com ele, e toda aquela multidão de infiéis foi aniquilada e dispersa quer pela matança quer pela fuga. Também o rei deles fugiu vencido, tendo sido preso ali um seu sobrinho e neto do rei Ali, de nome Omar Atagor.
Com muitos homens mortos também da sua parte, D. Afonso, com a ajuda da graça de Deus, alcançou um grande triunfo dos seus inimigos, e, desde aquela ocasião, a força e a audácia dos Sarracenos enfraqueceu muitíssimo.
Fonte: Unica Semper Avis

Nesta batalha combateu e foi ordenado Cavaleiro o futuro Grão-Mestre da Ordem dos Templários, Dom Gualdim Pais, fundador de Tomar.

Comemorações da Batalha de Ourique


Mais informações em: http://www.batalhadeourique.com/

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Parece insólito...


... mas não é. A notícia que não foi divulgada nos telejornais da hora do almoço ou do jantar, diz que 1/3 dos deputados tinha "assento de decisão" nas empresas públicas. Não é novidade, até porque a evolução do estado da nação indiciava isso mesmo. Tal observação consiste numa espécie de "lóbismo" frequente noutras paragens além-Atlântico mas que afinal, desde há muito tempo é praticado em Portugal, de forma mais discreta, mas não menos turva. Se a este tipo de "administração empresarial" acrescentarmos as autarquias betoneiras - a começar pela da capital do país -, os gabinetes de estudos anexos e os escritórios de advocacia que zelam pelos negócios das ditas empresas estatais, compreende-se facilmente o que estará em causa.

Urge uma definitiva mudança na forma de captação de deputados para o Parlamento, mas isso apenas será possível noutro regime, revisto de alto a baixo e de forma perceptível, com uma base sólida e imutável. Sim, essa mesmo em que estão a pensar e que para que todos se apercebam da diferença, também envolverá a alteração dos símbolos. Após 1910 bem tentaram aplicar o Plano B durante um século. Falhou estrepitosamente, para ruína nossa e desespero dos seus próceres. Resta uma reformulação do antigo e comprovadamente mais eficaz e tranquilizador Plano A.

Nuno Castelo-Branco

Fonte: Estado Sentido

Mercado Medieval de Óbidos


I Colóquio Internacional “Cister, os Templários e a Ordem de Cristo”


quinta-feira, 21 de julho de 2011

PORTVGAL

Numa altura em que o prestígio e a própria independência de Portugal estão constantemente a ser postos em causa, parece altamente positivo que todos (nacionais e estrangeiros) meditem na mensagem do documento que se segue.
A monarquia portuguesa nasceu em um campo de batalha. Suas dilatadas costas, abertas às agressões marítimas, e a sua extensa raia, sem barreiras naturais, facilitava a entrada aos invasores. O Reino, sempre embalado no conflito das armas, robusteceu-se lutando desde o primeiro dia contra a conquista sarracena, que lhe disputava a posse do território, e contra as lanças leonesas, que não lhe queriam perdoar o arrojo da emancipação. Fadado a ser a primeira nação navegadora do século XV, familiarizou-se muito cedo com os terrores do oceano e, combatido desde o berço, aprendeu na severa escola das provações a só contar consigo, fiando unicamente a defesa do próprio valor.

Estreita orla de terra ocidental, cingida de um lado pelo braço colossal de Espanha, e do outro banhada pelas ondas do Oceano Atlântico, Portugal soube sempre mostrar-se grande nos espíritos e no amor da liberdade. Em todas as ocasiões extremas, o peito dos seus habitantes foi a muralha onde vieram quebrar-se os esforços contrários. Em mais de uma crise perigosa, superando o número e a fortuna, lograram eles recordar aos mais soberbos que a temeridade heróica dos indómitos montanheses do Hermínio revivia no coração dos descendentes.

Proezas admiradas, sacrifícios maiores do que as forças e o ódio da sujeição estranha, realçado pelo desprezo da morte, forçaram a vitória a sancionar a sua resistência. Resolução audaz, unida a uma rara paciência nos reveses e ao mais ardente afecto patriótico, inflamando e retemperando o carácter nacional, obraram o prodígio de conservar intacta e respeitada a independência, tantas vezes arriscada e sempre triunfante.

in
Rebelo da Silva (séc. XIX)
História de Portugal nos Séculos XVII e XVIII

 Fonte: Portugal Futuro

Fundação Aristides de Sousa Mendes aprova moção para recuperar casa do antigo cônsul

A Fundação Aristides de Sousa Mendes, em colaboração GECoRPA – Grémio do Património, apresentou esta tarde, na Torre do Tombo, em Lisboa, uma moção pela reconstrução da Casa do Passal, a ser entregue junto do IGESPAR e da Direcção Regional de Cultura do Centro.

O objectivo é conseguir o apoio financeiro para começar as obras de reabilitação da casa onde viveu Aristides de Sousa Mendes, classificada como monumento nacional em 2005 e adquirida pela fundação em 2000. A moção foi aprovada por unanimidade por algumas dezenas de pessoas presentes no auditório.

Apesar da unanimidade em torno da figura de Aristides Sousa Mendes e da necessidade de fazer mais pelo seu legado, foram várias a perguntas surgidas da plateia que ficaram sem resposta durante o debate, por parte dos promotores da iniciativa, que assinalou os 126 anos de nascimento do diplomata.

D. Duarte de Bragança, que esteve na assistência durante uns breves minutos, delegou num outro elemento do público a questão “porque não o envolvimento dos descendentes das famílias ajudadas pelo cônsul português na recolha de fundos para ajudar na reconstrução da Casa do Passal?”; pergunta que viria a ser reforçada e alargada à falta de apoiou ao próprio Aristides Sousa Mendes, no final da sua vida, por parte dos familiares daqueles que o diplomata ajudou a fugir à perseguição dos Nazis. Houve também quem sugerisse a concretização de uma petição para recolher junto da população a quantia de um euro por cada assinante, uma ideia já antiga mas que não chegou a avançar. Também a necessidade da maior participação da Fundação, dirigida por Álvaro Sousa Mendes, neto do diplomata, junto das escolas foi manifestada por uma professora. Por definir está ainda o destino a dar à utilização da Casa do Passal, após a sua reconstrução. Sendo certo, segundo revelou Álvaro Sousa Mendes, que o edifício não será para uso da família, está no entanto, por decidir se será criado um museu sobre o legado do cônsul, sobre o holocausto ou, num âmbito mais alargado e anteriormente apoiado por várias personalidades, um Museu Internacional da Paz.

Entretanto, a Fundação revelou que já existe uma conta na Caixa de Crédito Agrícola para aqueles que quiserem fazer donativos e, dessa forma, colaborar na recuperação do edifício, respondendo, assim, a outra das questões levantadas pelos participantes no debate.

As obras de reconstrução da casa de Aristides Sousa Mendes estão orçadas em 2 milhões de euros, no total, sendo que as de carácter mais urgente deverão situar-se entre os 130 e 150 mil euros.

Fonte: jornal I

quarta-feira, 20 de julho de 2011

‘Pai Soares’

Foi nome de cavaleiro, um dos apoiantes de Afonso Henriques, mas hoje os pergaminhos são outros. Mário Soares, pai desta terceira república, intimou os dois candidatos à liderança do PS a não cederem na revisão constitucional. Não se muda nada, nem uma vírgula!
Nada que nos espante, pois há muito que sabemos que a dita constituição, longe de ser uma referência para todos os portugueses, serve apenas os desígnios de uma facção, de uns quantos que a usam para se perpetuarem no poder e nas mordomias.
Por isso enquanto ela não mudar, nada vai mudar em Portugal. O estado continuará a ser gordo e socialista, os poderes ocultos continuarão a manobrar à vontade, porque uma constituição com trezentos artigos (uma das maiores do mundo!) dá para tudo. Dá, por exemplo, para bloquear qualquer iniciativa que ponha em causa os interesses da casta dominante. Dá para manter uma enorme vozearia de ‘esquerda’ contra qualquer medida que o governo anuncie. Vozearia, diga-se, completamente desconforme com os resultados eleitorais. Como agora se viu em relação à sobretaxa extraordinária: - unidos pela constituição, PS, PCP, BE e PEV, este último com a particularidade de nunca ter ido a votos, arrebatam o tempo de antena, e zurzem nos dois intrusos!
E quem são os dois intrusos?! São os partidos a quem os portugueses confiaram o governo de salvação do país, mas que provávelmente não o podem salvar porque a constituição não permite! Porque Soares não permite. Curioso país, não acham?!

‘Pai Soares’ pode (por enquanto) dormir descansado. A sua terceira república vai continuar a ser de esquerda, o seu partido socialista vai continuar a dar cartas, e a sua constituição continuará imutável. Até quando?! Até ao dia em que um qualquer golpe a há-de derrubar. Seguir-se-á então uma quarta república, que reclamará para si uma (nova!) constituição para Portugal!
Isto acontece num país com quase dez séculos de história, um país que tem concerteza uma constituição muito forte para aguentar com tantas constituições. O que me leva a concluir que talvez esteja na hora de restaurarmos a verdadeira constituição, a tal que é muito forte e vem resistindo a tudo.

Saudações monárquicas

JSM

Fonte: Interregno

Os mandatários da campanha de Aníbal Cavaco Silva informaram que só gastaram 1,79 milhões de euros, metade do que a lei permitia gastar e que desse montante 89% foi suportado por "Donativos". Só. Se auferirmos as contas dos outros candidatos, a campanha global não deve ter andado longe dos 10 milhões de euros. Na verdade, para eles é pouco. Só parece muito para aqueles que acham que o dinheiro dos impostos não devia andar a pagar as candidaturas a um emprego (bem pago) de um cidadão (alinhado por um partido político). Mas a República é isto!! Todos dão mesmo não querendo dar... donativos.


Quem foram eles?


Sempre me divertiram essas republicanas susceptibilidades. Agora, tratou-se do caso do funeral de Otão de Habsburgo, onde um desconhecido Presidente vienense foi obrigado a comparecer, devido à presença de numerosos Chefes de Estado estrangeiros. A República austríaca, já suficientemente mesquinha quanto à sua nula identidade - foi proclamada em 1918, reivindicando a sua pronta adesão à Alemanha e sob o nome de Deutschösterreich - , não podia ficar de fora. Além da constante e quase obsessiva perseguição à pessoa do Grande Homem que há dias partiu deste mundo, a República austríaca vive em boa e regalada forma de parasitismo, às custas do legado dos Habsburgos. Desde Schönbrunn à Hofburg, do Ring à Ópera, do belíssimo edifício do Reichsrat aos grandes Museus e da valsa que se tornou no símbolo do país, tudo gira em torno da lembrança da dinastia daquele Império que foi o essencial elo do perdido equilíbrio europeu. Os Habsburgos estão presentes a cada esquina, em cada jardim ou praça. O país não medra sem eles, estejam ou não estejam sentados no trono. Mais que a presença das pedras e das telas ou o som das orquestras que transportam os turistas para um outro tempo cheio de memórias, os Habsburgos significam uma certa ideia de Europa que a República austríaca jamais conseguirá impor. Pior ainda, do seu democrático parlamento chegaram ecos de ódio "contra os estrangeiros" que um dia foram todos denominados de "portugueses", numa abusiva generalização que nem sequer tem em conta, a fraquíssima presença dos nossos nacionais naquele pequeno país.

Desde há um século, quem são os grandes nomes do Estado austríaco? Quem se lembra ou retém como saudosa evocação, o nome de um Presidente ou de um 1º Ministro? É preciso o recurso a uma dose cavalar de fosfoglutina para avivar a memória, principalmente quando as referências são tão escassas. Senão, vejamos:

Francisco José foi Kaiser durante a maior parte do século XIX e marcou indelevelmente o ocaso do Império, falecendo em 1916. Os seus retratos estão por todo o lado, dos cafés de Viena, Praga, ou Budapeste, às casas particulares. O velho Senhor concitou o respeito e saudade por um tempo em que o Império significava um certo esbater de fronteiras e a possibilidade da vida em comum.

O segundo austríaco, foi o sucessor Kaiser Carlos I, soberano efémero mas cujo patriotismo e grande dignidade são um exemplo. Este descendente de D. Nuno Álvares Pereira, é hoje um Beato da Igreja e a Áustria disso beneficia, no seguimento daqueles outros homens que se tornaram em símbolos dos seus países, como São Luís em França, Santo Estêvão na Hungria, São Venceslau na Boémia. Ainda há pouco tempo, Otão de Habsburgo dizia que jamais permitiria a trasladação de Carlos I, pois a Madeira tinha-o acarinhado nas horas trágicas da pobreza no exílio, protegendo a família e tornando aquele descendente dos Reis de Portugal, num dos seus. Por vontade da Casa de Áustria, o Beato Carlos I para sempre repousará na Igreja do Monte e isso interessa-nos enquanto portugueses. É talvez o elemento mais importante de proximidade entre o nosso país e a Áustria.

O terceiro austríaco com fama mundial, foi o Chanceler Adolfo Hitler, dispensando qualquer tipo de considerações.

O quarto, já na obscuridade bem própria dos políticos que não deixam marca notável, foi Kurt Waldheim. Quem dele ainda se recorda? Com um passado nebuloso e perdido no período de ocupação da Jugoslávia de 1941-44, Waldheim "reciclou-se" às mãos chantagistas da ditadura soviética, sendo um precioso peão que ascenderia a Secretário-Geral da ONU. Foi um dos mais terríveis inimigos de Portugal e sem honra ou glória, conseguiu alçar-se a Presidente da Áustria, para grande consternação de um mundo subitamente consciente da sua controversa personalidade. Já então se conhecia o seu passado bipolar e muitos aproveitaram o ajuste de contas por actos políticos no pós-guerra, nomeadamente aqueles praticados durante a sua permanência nas Nações Unidas.

Otão é o homem que transversalmente corta o tempo de todos os precedentes, desde a conhecida foto de criança que abraça as pernas do tio-bisavô, até à saga dos exílios - que foram muitos - e da generosidade da dádiva de uma Europa que ele quis diferente e que hoje lamentamos não se ter erguido por cobiça de muitos, desrespeito dos vorazes burocratas e frustração das bem instaladas nulidades que nos comandam.

São estes, os homens de Estado que o século XX austríaco marcou. Consegue recordar-se de outros?

Como Otão dizia, "as feridas do dinheiro nunca são mortais. As políticas, sim".

Nuno Castelo-Branco

Fonte: Estado Sentido

terça-feira, 19 de julho de 2011

A hora da aclamação... Viva o Rei!

 
Com o afundanço europeu, cada vez mais palpável, a implosão aprazada dos "States", resta cada um safar-se por si...Nesta perspectiva, justifica-se cada vez mais a presença do "pater", consubstanciada na figura do Rei.
No dia em que se recorda a partida do ilustre e saudoso Henrique Barrilaro Ruas, ver aqui, impõe-se sem mais delongas, pedir a aclamação do nosso soberano.
Rei soberano, Pátria soberana, Povo livre...
"Em rigorosa verdade doutrinária, o Rei é o chefe do Estado pela circunstância de ser o chefe da Família Dinástica. Isso o distancia do Presidente vitalício. Muito para além do Estado, existe Nação, com perrogativas próprias, uma das quais é, necessariamente, a existência de uma chefia nacional. Não a pode exercer um Presidente, pela natureza partidária que a eleição incute." [in IDEÁRIO , de Mário Saraiva.
Aguardo, com alguma ansiedade e algum cansaço, que a Causa Real e as Reais Associações estejam, no presente, a iniciar contactos, com os partidos, o governo e outras forças vivas da sociedade, para resolver a questão do referendo relativo à Restauração da Monarquia.
Até lá, a minha alma, o meu sentir, são território português...
Logo aclamo, sem delongas, SAR D. Duarte Pio como meu REI e SAR D. Isabel de Herédia, como minha RAINHA.
Deus proteja a Família Real Portuguesa!
 
Fonte: Além-Mar

Apesar das polémicas, DOM DUARTE DE BRAGANÇA acredita no futuro do casal “O príncipe ALBERTO revê em CHARLENE a sua mãe”

Três dias após terem participado no casamento de Alberto do Mónaco, Dona Isabel e Dom Duarte de Bragança assistiram, na terça-feira, 5, à missa em memória da rainha Maria Pia, na Igreja São Vicente de Fora, em Lisboa. O Duque de Bragança revelou à VIP que deu conta da polémica relacionada com a suposta tentativa de fuga para a África do Sul por parte de Charlene Wittstock, dias antes da boda real, por alegadamente ter descoberto dois filhos ilegítimos de Alberto do Mónaco. “Entre os convidados não se falou sobre o assunto. Mas havia muitos monegascos a discutir se seriam ou não verdadeiras as notícias avançadas pela Imprensa”.  
A acreditar numa possível fuga de Charlene a poucos dias do casamento, Dom Duarte Pio é categórico. “Acabei por não saber se foi verdade ou não, mas se foi, acho que Charlene demonstrou a sua personalidade. Se fosse uma pessoa oportunista passava por cima de tudo para não perder esta ocasião. Efectivamente é uma mulher com uma personalidade muito forte e se se terá sentido ofendida”, opina.
 
 Contudo, independentemente da polémica por detrás do enlace e as alegadas traições, Dom Duarte Pio acredita na felicidade do casal. “Estou convencido de que vão ser felizes. O príncipe Alberto revê em Charlene a sua mãe."
 
Apesar da ocasião ser de nervos, o Duque garante que o príncipe Alberto estava bem-disposto. "É sempre muito simpático. Recebeu-nos lindamente. É sempre bonito ver um principado inteiro a festejar a sua nova princesa. Foi uma festa muito bonita, como um conto de fadas. Mas isso é normal porque o Mónaco vive muito dessa imagem de glamour”, conta Dom Duarte Pio.
Fonte: VIP

O outro lado do Oceano

No meio dos destroços que esta crise vai deixar, uma verdade se imporá: a teoria do crescimento económico indefinido, a outra face da moeda do determinismo histórico, sempre de pendor materialista, faliu. Claro que esta arrastará muitas outras falências. De pessoas, de famílias, de empresas e até de Estados pretensamente soberanos.

Seja como for, bom será que nos dêmos conta de que o vil metal vai deixar de ser a pátria de muitos dos que viviam na sombra do esforço nacional, sugando sem critério recursos alheios. Como bom será também não nos deixarmos impressionar com as lágrimas dos que chorarem esta orfandade de tipo pecuniário. Quem tiver, minimamente que seja, perspectiva histórica, perceberá que Portugal não se esgota no Orçamento nem na Conta Geral do Estado. E só quem padecer de castigadora miopia pensará que Portugal se deixa confinar neste rectângulo ibérico.

Talvez não valha a pena discorrer excessivamente sobre a etiologia deste meu sentimento, mas tenho para mim muito claro que Portugal não é “isto”. Não é só “isto”. Nem sequer principalmente “isto". Não interessa saber se nunca foi ou se alguma vez terá sido. Presentemente, sinto-me seguro em descobrir Portugal nas suas gentes, nos seus valores, no seu património, na sua fé, na sua história.

Note-se que não “desterritorializo”, passe o neologismo, a minha Pátria. O território é parte integrante, substrato físico da nossa identidade colectiva. Mas não deixo que a estraçalhem num Balanço ou numa Demonstração de Resultados. Não digo que esta terra que piso me é alheia ou que pertence a terceiros. Mas, como o Senhor Dom João VI, sei que há Portugal do outro lado do Oceano. De qualquer Oceano.

Portanto, enquanto tivermos este madeiro da lusitanidade a boiar em todos os mares do globo, não nos deixaremos afundar. Temos de saber defender o que é nosso. Temos de preservar o nosso território, mas não podemos negligenciar o “resto”. Porque o “resto”, meus amigos, no tempo presente, é talvez a única realidade que está nas nossas mãos acarinhar. E também não tenho dúvidas de que a Coroa é o que dará solidez e consistência ao “resto”. Só com a Coroa “isto” poderá reflectir o “resto”.


Nuno Pombo

Fonte: Real Associação de Lisboa

segunda-feira, 18 de julho de 2011

PAPA MOSTRA PESAR PELA MORTE DE OTTO DE HABSBURG

o Arquiduque Otto e seu pai , Beato Carlos da Áustria.

 
PÖCKING, segunda-feira, 11 de Julho de 2011 (ZENIT.org) – O Papa Bento XVI enviou pessoalmente suas condolências à família do arquiduque Otto de Habsburg, segundo informou a família em uma nota de imprensa.

O Papa enviou, no último sábado, um telegrama ao filho mais velho de Otto de Habsburg, o arquiduque Karl, no qual expressa sua proximidade à família “neste momento de tristeza, em sua perda dolorosa”.

O Pontífice quis reconhecer o legado deixado à Europa pelo defunto herdeiro dos Habsburg: “Em sua longa e plena vida, o arquiduque Otto foi testemunha da realidade mutável da Europa”, afirmou.

“Confiando em Deus e sendo consciente da sua importante herança, ele foi um europeu comprometido que trabalhou incansavelmente pela liberdade, pela unidade dos povos e pela justiça neste continente.”

“Que o Senhor o recompense pelas suas diversas obras e lhe dê a plenitude da vida em seu reino celestial”, deseja finalmente Bento XVI à família, à qual envia sua bênção apostólica.

O arquiduque Otto de Áustria, filho do último imperador do Império Astro-Húngaro, faleceu no último dia 4 de Julho, em seu domicílio familiar de Pöcking (Alemanha), aos 98 anos.

Nascido na Áustria em 1912, filho do imperador Carlos I e sobrinho-neto de Francisco José, aos 4 anos foi jurado como herdeiro do império Astro-Húngaro. Após a 1ª Guerra Mundial, com o desmembramento da Austro-Hungria, a família imperial teve de exilar-se na Ilha de Madeira, onde o imperador Carlos faleceu de pneumonia.

Como herdeiro no exílio, o arquiduque Otto trabalhou sempre pela liberdade da Europa, especialmente durante a 2º Guerra Mundial, e após a queda da Cortina de Ferro sobre os povos que antes haviam pertencido à coroa imperial.

Posteriormente, renunciando à sua posição de herdeiro ao trono, dedicou sua vida e acção política à construção da União Europeia, como deputado do Parlamento Europeu durante 20 anos e como membro do Partido Popular Europeu, que chegou a presidir.

Nunca ocultou suas convicções católicas nem sua luta a favor do reconhecimento das raízes cristãs da Europa. Seus filhos seguiram seus passos na política europeia.

Em 3 de Outubro de 2004, pouco antes da sua própria morte, o Papa João Paulo II beatificou o pai de Otto de Habsburg, o imperador Carlos, de quem foi sempre admirador.

Fonte: Ecclesia

S.A.R., D. Duarte de Bragança em Viena no funeral de S.A.I., Otão de Habsburgo

domingo, 17 de julho de 2011

Otão de Habsburgo



Vai hoje a sepultar (16 de Julho), aquele que foi uma das grandes referências de uma certa ideia de Europa Unida que não chegou a existir. Uma Europa de pátrias e de nações, imbuída daquele sentido de pertença que outrora de Lisboa a Varsóvia, todos considerava como partes de uma Respublica Christiana.
Homem invulgar e pouco compreendido por quem hoje se rende a cocktails e aos acenos a patéticas sumidades de incerta futura reputação, Otão de Habsburgo foi talvez o derradeiro representante de um espírito de missão próprio da era medieval, abdicando do conforto ou da glória pessoal, mas jamais da obrigação do cumprir de um dever que julgou sagrado e acima das contingências da baixa política e dos ciclos económicos ou de guerras que sempre combateu.
Dele para sempre me ficará na memória, a afabilidade e o interesse mostrado por um rapaz português que no já longínquo ano de 1983 e em representação da então Nova Monarquia se dirigiu a Fulda, participando numa grande reunião da União Paneuropeia. Procurando falar no hesitante português que ainda recordava, naquele fresco Domingo passado a bordo de um navio de cruzeiros no Reno, Otão questionou-me longamente acerca de Moçambique e com a curiosidade que foi sempre a sua base essencial para o conhecimento, mostrou um inesperado e surpreendente interesse acerca de uma família que deixara a Europa quando ainda reinava em Viena o seu tio-bisavô, o Kaiser Francisco José. Teceu algumas considerações resignadas sobre uma forma de descolonização que julgava como um tremendo erro que atingia a Europa como um todo, espantando-me com a sua perfeita consciência acerca dos momentos por nós vividos no PREC. De Portugal conservava a gratidão nostálgica da sua infância no exílio e tinha um certo sentimento de pertença a uma já desaparecida consciência deste país e do seu povo. Falou-me da sua viagem à então África Portuguesa, onde visitando um chefe tribal, foi tratado como um membro da família, pois sendo parente muito chegado dos nossos Reis, beneficiou daquela rara distinção que o tornava num igual, num primo. Coisas portuguesas, talvez inconcebíveis por muitos europeus que ainda não compreenderam que o nosso fugaz momento de pouco mais de dois milénios, já terá terminado. Aquela conversa que também contou com a participação da sua filha mais militante pela Causa, a Arquiduquesa Walburga, chegou a um certo ponto onde alguns temas, completamente imprevistos pela evidente intimidade, levaram o grande Homem a discorrer sobre as suas relações familiares, tendo a Arquiduquesa dito peremptoriamente que o seu pai era ..."o mais Bragança de toda a família. Sai à minha avó Zita". Era verdade e podemos dizer que se celebram exéquias por um notável membro da grande Casa de Bragança. Otão de Habsburgo-Lorena descendia de Dª Maria II pela linha paterna, enquanto a mãe, a Imperatriz Zita, era neta de D. Miguel I e prima direita de D. Duarte Nuno.
Se a Áustria-Hungria pode ser considerada como uma pujante precursora imolada no altar do egoísmo e da vingança de vencedores sem visão, Otão - aquele que nada temeu e soube enfrentar as grandes tiranias do século XX - poderia muito bem ter sido a primeira pedra de um edifício que hoje, quase todos duvidam ter qualquer possibilidade de construção. Nestes dias do fim, mal suportamos um quase hortícola Rompuy, quando podíamos ter simbolicamente iniciado um outro caminho com aquele que descendia de Otão I o Grande, de D. Afonso Henriques, S. Luís, Carlos V, D. João IV, Luís XIV e de mulheres como Dª Filipa de Lencastre ou a Imperatriz Maria Teresa.
30 de Dezembro de 1916, Otão nas cerimónias da coroação de seus pais como Reis da Hungria
Nuno Castelo-Branco

Fonte: Estado Sentido

sábado, 16 de julho de 2011

A Europa e Portugal ficaram mais pobres

Otto von Habsburg simbolizava um mundo liberal e democrático, conservador e aristocrático, a que a I Guerra pôs termo


Otto von Habsburg morreu na passada segunda-feira, com 98 anos. Não muito conhecido entre nós, foi, no entanto, uma figura de referência na Europa. Simbolizava um mundo liberal e democrático, conservador e aristocrático, a que a I Guerra pôs termo, com a parcial excepção da Inglaterra e dos povos de língua inglesa. Mas ele insistiu em manter-se fiel a essa nobre tradição, desafiando os populismos revolucionários da direita e da esquerda.
Otto era o príncipe-herdeiro do Império Austro-Húngaro, filho do imperador Carlos I e da imperatriz Zita de Bourbon-Parma. Mas o império desagregou-se com a I Guerra e a nova república austríaca, muito zelosa dos seus imaginários pergaminhos igualitários, baniu os Habsburgos dos seus títulos nobiliárquicos. A família exilou-se na Madeira, onde o antigo imperador morreu em 1922.
Otto permaneceu toda a vida católico, liberal, democrata e europeísta, além de atlantista. Admirava a monarquia constitucional inglesa e a tradição gradualista dos povos de língua inglesa, incluindo a República americana. Mas, se foi possível importar para o continente europeu os princípios constitucionais da língua inglesa, não foi possível replicar no continente o sentido de humor, o horror ao fanatismo e o espírito de compromisso e moderação dos ingleses. A Europa do século XX caiu vítima de líderes ordinários de sinal contrário: Hitler e Mussolini de um lado, Lenine e Staline do outro, competiram entre si na manipulação de massas ululantes, de braço estendido ou de punho erguido, com trajes de mau gosto.
Otto denunciou com horror os dois totalitarismos de sinal contrário. Recusou-se a cumprimentar Hitler na sua Áustria natal - que em breve iria acolher de bandeja a anexação pelo cabo Hitler. Otto foi condenado à morte pelo III Reich e exilou-se em França, de onde escapou das tropas germânicas para novo exílio nos EUA.
Após a II Guerra, Otto regressou à Europa e, com Winston Churchill, encabeçou os movimentos favoráveis à reunificação europeia e à reconciliação franco-alemã. Presidiu à União Pan-Europeia, entre 1973 e 2004, e foi deputado ao Parlamento europeu, pelo partido social-cristão da Baviera, entre 1979 e 1999. Em 1960, aderira à Mont-Pélerin Society, um clube euro-americano de liberais, fundado em 1946 por Friedrich A. Hayek e Karl Popper, entre outros.
Tive o privilégio de o conhecer, ainda que fugazmente, quando discursou na Universidade Católica em Lisboa, em 2005, a convite do reitor, Manuel Braga da Cruz. Foi uma intervenção memorável, em defesa da liberdade, da democracia, da dimensão cristã da civilização europeia, e da nova União Europeia alargada aos países da Europa central e oriental.
Otto von Habsburg era um dos últimos grandes representantes de uma nobre tradição liberal e aristocrática europeia, de que Winston Churchill foi líder no século XX. Ambos aceitavam - e defenderam com vigor - a democracia moderna, sem contudo se renderem às modas igualitárias e às vulgaridades ideológicas. Conta-se que um dia, em Bruxelas, quando alguém lhe disse que ia assistir a um jogo de futebol, Otto terá perguntado "entre quem?". "A Áustria e a Hungria", foi a resposta. Ao que ele terá ripostado: "Contra quem?"
A notícia da morte de Otto von Habsburg colheu-nos na mesma semana em que duas personalidades marcantes nacionais faleceram prematuramente: Maria José Avillez Nogueira Pinto e Diogo Vasconcelos.
Conheci mais de perto o Diogo, que foi meu aluno num dos primeiros programas de mestrado do IEP-UCP, em 1997-98. Era um jovem brilhante, cheio de energia e espírito empreendedor, com uma larga visão e uma grande ambição para Portugal.
Conheci Maria José sobretudo através do marido, Jaime Nogueira Pinto, e de sua filha Teresa, que também foi aluna do IEP. Mas todos conhecíamos a sua personalidade pública, afirmativa e inspiradora, de uma grande senhora.
Parafraseando um "post" de João Vacas no blogue 31 da armada, é bem verdade que, nesta semana, a Europa e Portugal ficaram mais pobres.

João Carlos Espada

Fonte: Povo

A ACTUALIDADE DE RAMALHO ORTIGÃO

Combater apenas o analfabetismo do povo por meio de escolas primárias e de escolas infantis sem religião e sem Deus, não é salvar uma civilização, é derruí-la pela base por meio do pedantismo da incompetência, da materialização dos sentimentos e do envenenamento das ideias. Quem ignora hoje que foi a perseguição religiosa e o domínio mental da escola laica o que retalhou e fraccionou em França a alma da nação? Quem é que nesse tão amado, tão generoso e tão atribulado país não está vendo hoje objectivar-se praticamente o profético aforismo de Le Bon: «É sobretudo depois de destruídos os deuses que se reconhece a utilidade deles!»
[...]
Em Portugal somos hoje um povo medonhamente deseducado pela inepta pedagogia que nos intoxica desde o princípio do século XIX até os nossos dias.
O Marquês de Pombal teve a previsão desta crise quando por ocasião da expulsão dos jesuítas ele procurou explicar que o aniquilamento da Companhia de Jesus não decapitaria a educação nacional porque os eruditos padres da Congregação do Oratório vantajosamente substituiriam como educadores os jesuítas expulsos.
Com a influência intelectual dos oratorianos, introdutores do espírito criticante de Port Royal na renovação da mentalidade portuguesa, condisse realmente o advento de um dos mais brilhantes períodos da nossa erudição.
Vieram, porém, mais tarde os revolucionários liberais de 34, os quais condenaram, espoliaram e baniram os padres da Congregação do Oratório como Pombal espoliara e banira os padres da Companhia de Jesus.
A obra liberal de 1834 – convém nunca o perder de vista – foi inteiramente semelhante à obra republicana de 1910. Nos homens dessas duas invasões é idêntico o espírito de violência, de anarquismo e de extorsão. Dá-se todavia entre uns e outros uma considerável diferença de capacidade.
Os de 34, de que faziam parte Herculano, Garrett e Castilho, eram espíritos oriundos da Academia da História, da livraria das Necessidades e do colégio de S. Roque.
Tinham tido por mestres ou por companheiros de estudo homens tais como António Caetano de Sousa, o autor da História Genealógica; Barbosa Machado, o autor da Biblioteca Lusitana; Bluteau e os colaboradores do seu Vocabulário; Santa Rosa de Viterbo, o autor do Elucidário; João Pedro Ribeiro, o admirável erudito iniciador dos altos estudos da nossa história e precursor de Herculano; António Caetano do Amaral, o infatigável investigador da História da Lusitânia; D. Frei Caetano Brandão, seguramente o mais elevado espírito e a mais formosa alma que deitou o século XVIII em Portugal; o padre Cenáculo, o mais prodigioso semeador de bibliotecas; o padre António Pereira de Figueiredo, o autor do famoso Método de estudar; Félix de Avelar Brotero, o insigne naturalista; o polígrafo abade Correia da Serra, e outros que não menciono porque teria de reproduzir um copioso catálogo se quisesse dar mais completa ideia do que foi a cultura portuguesa nessa fase da nossa evolução literária.
Os novos revolucionários de 1910, com excepção honrosa dos que não sabem ler, não tiveram por decuriões senão os seus predecessores revolucionários liberais de 34. E daí para trás - o que quer dizer daí para cima - nunca abriram um livro com medo da infecção clerical, porque todos eles acreditam com fetichistico ardor que o clericalismo é o inimigo, segundo a fórmula célebre com que o príncipe de Bismarck conseguiu sugestionar Gambetta para o irremediável desmembramento moral da França.
Ramalho Ortigão, em carta dirigida a João do Amaral em 1914.
(In Ramalho Ortigão, Últimas Farpas, 1911-1914, Lisboa, Clássica Editora, 1993, pp. 159sqq)

Fonte: Família Real Portuguesa

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Até a Liberdade tem uma Coroa



Até a Liberdade tem uma Coroa, o que não espanta, porque a Coroa e a Liberdade são um só. A Monarquia é a garantia da Liberdade dos Povos, pois é a garantia da Constituição e das Leis para o bom governo da Nação.

Fonte: PDR

A República e o terrorismo

Hoje alguns jornais diários trazem na capa um sinal de assombro por Portugal estar a ser infestado por terroristas. Não sei se é dos jornalistas ou da época mas de onde virá a ideia que Portugal é um país de boa cidadania e civilidade? Convinha, a toda a sociedade, rever o conceito de "Terrorismo" porque para mim, por exemplo, esta República foi instaurada através do terrorismo e não vejo os "historiadores" a assumir os termos numa leitura idónea do processo. Não fosse a política de anestesiamento do Estado Novo e esta República já há muito teria no seu estado natural este "estado de coisas"; diria que, as décadas de 30 a 60 foram uma excepção nos últimos cem anos de República. Com a devida escala, a corrupção grassa hoje tanto quanto na I República e a desordem e o banditismo não está aquém. Para já, ainda não vemos a GNR a colaborar em assaltos mas vemos um "fechar de olhos" que a todos revolta, quando se trata de fazer cumprir uma lei que está do lado dos direitos da escumalha. Na minha família relatam-se os desacatos e assaltos constantes que as quintas sofriam a seguir a 1910, os assaltos a Igrejas, os fogos postos e o colaboracionismo das "autoridades". Umas décadas mais tarde, eu próprio vi, alguns "avós" destes carjakers de capús e óculos da moda, a ocupar terrenos e a retirar marcos delimitadores de confrontações de propriedades – com arma na mão – enquanto gritavam pelo "povo unido". O crime e a impunidade avançam de acordo com o molde que a natureza dos regimes permitem. Um dia, ainda vão dizer que boicotar a actividade da malta de caçadeira em punho é atentar contra a Liberdade!
Se temos terrorismo e crime organizado em Portugal? Temos. De fato-e-gravata e de fato-macaco. E não são do IRA.



quinta-feira, 14 de julho de 2011

Freguesia de Oliveira S. Pedro recebe S.A.R., o Duque de Bragança

A visita que S.A.R., o Senhor Dom Duarte, iria realizar no próximo dia 16 de Julho à freguesia de Oliveira S. Pedro, concelho de Braga, para inaugurar a primeira réplica dos Marcos da Casa de Bragança, ficou adiada, pelo motivo da sua presença no funeral de S.A.I., o Arquiduque Otto von Habsburg, em Viena.


“Exmo. Senhor,
Encarrega-me S.A.R. o Duque de Bragança de informar que, por falecimento do seu familiar, S.A.I. o Arquiduque Otto de Habsburgo, o Senhor Dom Duarte terá de se ausentar para o enterro que se realizará dia 16, na Áustria.
Por este motivo não poderá estar presente em Oliveira de São Pedro no dia 16, conforme estava combinado.
Agradecendo a vossa compreensão, com os melhores cumprimentos,

Secretariado de S.A.R., o Duque de Bragança”

Fonte: PPM Braga