terça-feira, 5 de julho de 2011

Faleceu S.A.I., Arquiduque Otto de Habsburgo (20.11.1912 - 4 de Julho de 2011)

É com grande pesar que anunciamos o falecimento do Arquiduque Otto de Habsburgo. SAI faleceu hoje com a idade de 98 anos na sua residência de Poking na Alemanha.

Otto von Habsburg, filho primogénito do último imperador austro-húngaro, morreu hoje aos 98 anos.

À nascença, em 1912, era suposto vir a reinar sobre a Áustria, a Hungria, a actual República Checa, a Croácia, a Eslovénia, a Eslováquia, e a Bósnia-Herzegovina. Como todos os rebentos de uma grande casa real, fadados para altos voos, o filho do imperador Carlos I recebeu um nome extenso: Franz Joseph Otto Robert Maria Anton Karl Max Heinrich Sixtus Xavier Felix Renatus Ludwig Gaetan Pius Ignatius. Enquanto durou a monarquia, era abreviadamente designado como arquiduque Otto.

Depois veio a Primeira Grande Guerra. O império austro-húngaro desmembrou-se e a família real exilou-se. O pequeno Otto tinha sete anos e foi parar à Madeira. Em observância, mesmo assim, da lei republicana, a família acatou a proibição de usar títulos nobiliárquicos: a criança passou a chamar-se simplesmente Otto Habsburg-Lothringen. Quando morreu o ex-imperador, a fracção monárquica quis que fosse Otto a suceder-lhe em caso de restauração monárquica.

Na Áustria a restauração parecia mais longe do que nunca. Na Hungria, a contra-revolução capitaneada pelo almirante Miklos Horthy prometia restaurar a monarquia. Mas Horthy optou por uma receita em que mais tarde viria a inspirar-se Francisco Franco: monarquia sim, mas com o Estado chefiado por um regente sem prazo - ele próprio. Horthy era o “almirante de um país sem mar, e regente de uma monarquia sem rei”. O jovem Otto tinha muito que esperar.

A anexação da Áustria pela Alemanha nazi em 1938 e a aliança da Hungria com a mesma Alemanha davam o golpe de misericórdia às expectativas de uma restauração monárquica. Otto tornou-se um ponto de cristalização das conspirações monárquicas, hostis ao anexionismo nazi. Escolheu primeiro a Bélgica, depois a França, como locais de exílio. O colapso militar da França em Junho de 1940 obrigou-o a procurar novo país de acolhimento. Escolheu Portugal e pôde partir com um visto do cônsul em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes.

Em 1943, preocupado com o avanço do Exército Vermelho sobre a Europa Central, Otto von Habsburg tentou intermediar, a partir de Portugal, contactos secretos entre Horthy e o presidente norte-americano, Franklin Roosevelt.

O objectivo desses contactos era o de obter dos aliados ocidentais o compromisso de abrirem a segunda frente, não em França como veio a suceder, mas precisamente na Europa Central, colocando assim a Hungria na sua esfera de influência. Em contrapartida, o governo húngaro deveria romper a sua aliança com a Alemanha nazi e passar para o lado dos Aliados.

Monárquicos portugueses, como José Saldanha da Gama, participavam activamente no plano e secundavam os esforços de Otto von Habsburg - um capítulo pouco conhecido da história portuguesa na Segunda Guerra Mundial.

Os contactos acabaram por não produzir resultados, porque a Hungria tardava em romper a aliança com a Alemanha e os aliados ocidentais hesitavam em arriscar um passo que podia levá-los a uma imprevisível dinâmica de confronto com a URSS. Em Março de 1944, a Alemanha nazi, alertada para as ambiguidades do governo de Budapeste nesse processo, invadiu a Hungria.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Otto von Habsburg viveu durante vários anos em França e em Espanha. Em 1961, renunciou explicitamente a todas as suas pretensões no caso de uma restauração monárquica na Áustria e declarou-se “um leal cidadão da república”. Anos depois, viria a afirmar que hesitara longamente e acabara por dar esse passo devido a considerações de carácter meramente prático.

Otto von Habsburg foi eleito deputado europeu em 1979, pelo partido da direita bávara CSU. Ocupou o cargo durante vinte anos, até 1999.

Fonte: Página de SAR O SENHOR DOM DUARTE DE BRAGANÇA no Facebook

A SS. AA. RR. os Duques de Bragança, primos do Imperador Otto, a Real Associação do Médio Tejo apresenta os votos de sentidos pêsames.

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