Tamanha tarefa choca no entanto com a incontornável realidade: destituídas de recursos materiais e humanos, as estruturas da Causa Real as reais Associações, salvo honrosas excepções, roçam a inexistência reduzidas à participação em jantares, efemérides e cerimónias religiosas.
Para começarmos a contrariar esta lógica, teremos de entender definitivamente a Causa Real como uma organização intrinsecamente política. É como tal que deveria ser assumida pelos seus líderes que, para todos os efeitos, deverão assumir-se também como políticos. Mas acontece que as Reais Associações não têm militantes, têm sócios, e, ainda por cima, difíceis de mobilizar para este ambicioso projecto: promover eficazmente a utilidade, notoriedade e reputação da sua Casa Real.
Urge assim alterar as nossas prioridades para uma intervenção aglutinadora de ideias e para a disputa do espaço mediático, seja ele analógico ou digital, físico ou virtual. A nossa prioridade não é convencer os monárquicos a serem mais monárquicos, mas cativar o homem da rua que hesita entre a simpatia e o preconceito, usando uma mensagem clara e atractiva.
Deste modo, defendo que compete às Reais Associações imiscuírem-se nas discussões de temas económicos, nas questões políticas candentes do país que é de todos nós. É paradigmática a facilidade com que conseguimos juntar oitocentas almas num jantar elegante à volta da Família Real, ao mesmo tempo que somos impotentes para reunir mais de vinte e cinco militantes a discutir temas importantes da actualidade política. Não animamos um núcleo estudantil, não temos voz nos partidos políticos. É irónico como enchemos igrejas pelo menos duas vezes por ano e não conseguimos juntar três bandeiras da monarquia num jogo da selecção nacional para atrair a atenção do cidadão comum. A pergunta que sobeja é esta: está a nossa organização condenada à insignificância dum grupo de patuscos saudosistas? Que mudanças organizacionais são necessárias para operar inversão deste declínio?
Há três anos consecutivos que a Causa Real vem disputando o palco político proporcionado pelo 5 de Outubro com considerável sucesso, sempre granjeando protagonismo através de entrevistas e reportagens nos telejornais, imprensa e rádios nacionais e regionais. Por outro lado a Causa Real anuncia neste número do Correio Real a criação de dois grupos de trabalho, a Comissão Política e a Comissão Económica, por forma a reforçar-se a sua a componente política e substanciar o argumentário económico-financeiro para uma restauração da Instituição Real.
Num panorama de profundas dificuldades, há animadores sinais de uma Causa Real que ambiciona extravasar a sua relevância para o terreno que é o seu por natureza e obrigação: o político, o da conquista dum futuro de esperança para Portugal.
Novembro 2011 - Texto adaptado. Publicado no boletim Correio Real nº 6
João Távora
Fonte: Real Associação de Lisboa
Sem comentários:
Enviar um comentário