Com uma despesa presidencial a rondar mais do dobro daquilo que os espanhóis pagam à Casa Real, o Prof. Cavaco Silva devia ter alguém que pudesse falar por ele e no fim deste curto post, aqui deixaremos uma sincera sugestão de competência.
O dito senhor tem sofrido as comichões causadas pelos nefandos jornalistas, aqueles terríveis penetras esmiuçantes que pretendem saber algo mais acerca de pecúlios colunáveis. Ora, neste caso, o alvo é o colunável máximo do esquema vigente, sendo assim bastante curial a necessidade duma resposta pronta que não devia nem pode ser esta: .."não sei se ouviu bem: 1300 euros por mês."
Decidimos passar duas vezes o rato pelo botão que inicia a reportagem do Expresso, querendo ter a certeza de termos ouvido bem aquilo que foi dito. Achámos piada ao malabarismo linguareiro, mas a coisa não fica por aqui, até porque se o Expresso fez o corta-encarta necessário ao colega-chefe de Partido, o Diário de Notícias não esteve para fretes e disse o resto que mais interessa. O senhor Presidente da 3ª República prescindiu do seu salário de Chefe de Estado - os míseros 6.523,93€ -, optando por empochar os 10.042,00€ mensais provenientes das suas reformas. Mas que terra é esta onde o Venerando Magistrado Supremo da nação ousa tão eticamente entrar em trocas destas? Assim sendo, compreende-se bem o choro devido aos 1.300,00 Euritos que invoca no filme da reportagem, uma cortina de fumo à maneira daquela que ficou famosa na Batalha da Jutlândia. Quem o ouça dizer ..."tudo somado, o que irei receber do Fundo de Pensões do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Aposentações, quase de certeza, não vai chegar para pagar as minhas despesas, porque como sabe eu também não recebo vencimento como Presidente da República", pensará que o pobre homem está condenado à sopa dos pobres na Almirante Reis, voltando aos tempos do Sidónio. Estes notáveis andam meio desnorteados, não andam?
Sabe o cavalheiro quanto ganha a média dos trabalhadores portugueses, infelizmente inacapacitados de proceder à "gestão de dívidas" como alguém sugeriu?
Assim, de repente, percebemos o porquê deste governo decidir-se a liquidar o 1º de Dezembro, teimando em manter o 5 de Outubro da manjedoura.
Aaaah... que falta faz o João Gonçalves na assessoria do Sr. Cavaco Silva, andando por estes dias a perder o seu tempo "aparando relva". Sem ofensa, claro, até porque após uma reportagem SIC/Expresso deste calibre, o João deve estar bem corado.
* Não se ralem, em compensação, Vasco Graça Moura foi nomeado Presidente do Conselho de Administração do CCB. Presidente, ena-ena!, é mesmo o título que todos almejam. Porque será?
Nuno Castelo-Branco
Fonte: Estado Sentido
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