segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Lixo é lixo

"Como socialista, laico e republicano dos sete costados, custa-me um bocado a engolir. (...). Não é por aí que se vai resolver os problemas do País".
Mário Soares, ex-presidente da República

"Um Governo que toma uma decisão destas é um Governo que não respeita a independência nem a República. É um ato contra a História e contra a cultura. É um ato anti-história e anticultura".
Manuel Alegre, ex- (e talvez futuro-presente) candidato presidencial
Alguns reparos. O primeiro consiste na nossa ignorância acerca do significado "republicano dos sete costados". repita lá: sete? Deve estar a fazer um reparo ao Buíça, ao Costa, ao Bernardino, ao Abel Olímpio do Dente d'Ouro, ao Afonso Costa, à Formiga Branca e ao anónimo "herói bombista". Soares referia-se exclusivamente ao 5 de Outubro, até porque o 1º de Dezembro é coisa desprezível para um saudosista de Afonso Costa e do PRP federalista "ibérico". Quanto a Manuel Alegre, quando declara ser esta eliminação um acto contra a História e contra a cultura, devia preocupar-se mais com o neo-português com que o Diário de Notícias estampa as suas declarações: "ato" é um claro erro ortográfico digam os alegretes o que quiseram. É, e para a maioria, continuará a ser.
Francamente, abastadíssima gente que se esfrega de emoção pela data fundadora de um regime que dizia pretender "salvar o património colonial", quando afinal para sempre o liquidou da maneira que se conhece; avidíssima gente sempre com a "liberdade" na ponta da língua, mas feroz defensora das iniquidades, prepotências, esbulhos, morticínios e outras violências outubristas que conduziram o país à ditadura; refasteladíssima gente sempre pronta para as "coisas da cultura" mas entusiasta defensora destas novidades que transformam factos em fatos, actos em atos, acções em ações, afecto em afeto, objectivos em objetivos e por aí fora, devia desviar a sua fisga para outras direcções. Sim, direcções e não direções.
Felizmente, o meu computador barra todas estas novidades a vermelho. Como convém.
Entretanto, vejam a coisa pelo lado positivo: a eliminação do feriado poupa-lhes uma banquetada e ficamos todos a ganhar. Os putativos convivas, poupam os respectivos organismos a mais umas tantas vinhaças e gorduras, enquanto a ralé, "vulgo nós", contenta-se em pagar menos uma conta.

Nuno Castelo-Branco
 
 

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