«E cada página destas se devora com paixão, como se os novos se quisessem consolar da mediocridade inglória da república burguesa revendo, pela imaginação, as aventuras, as marchas, as vitórias, as fanfarras da epopeia imperial», escrevia assim Eça de Queiroz in “Notas Contemporâneas – Positivismo e Idealismo”.
De facto, nunca a concepção republicana burguesa despertará uma intensidade de emoções comparável com qualquer assunto relacionado com a Monarquia.
A afectividade depende de condições múltiplas que escapam ao domínio do estritamente racional, sendo que cada um tem uma maneira própria de sentir as coisas, querendo mais uma ou outra coisa. Mas a afeição além de ser necessária é natural, pois quem gosta é naturalmente feliz.
Existe um “elo” que liga os membros das famílias reais – em especial o Rei – ao Povo do seu País. Essa ligação é natural e intrínseca, e por isso quase nos impossibilita de explicar como nasce, mas todos verificamos e compreendemos que existe uma afectuosidade difusa entre os sujeitos que provoca um interesse atento e permanente a tudo o que são assuntos reais, que o Povo todo se alvoroça com a Presença da realeza e que “os primeiros entre os seus pares” só porque aparecem, dominam a atenção.
De tudo o que parece ligar Rei e Povo, nada há que possa parecer mais natural do que aquele dom que o Monarca tem de discernir e captar a vontade do seu Povo e fazê-la convergir para um fim comum a todos, e esse juízo é uma qualidade que faz o Povo sentir uma enorme exultação e empatia pelo seu soberano. Por isso o Povo dedica aos seus Príncipes uma alta estima, o que se lhe testemunha sempre que um determinado evento os congrega. Por isso podemos verificar que o Povo muitas vezes, sem moderação nas paixões e nas afeições, chega a adoptar um comportamento que se fosse dedicado a um político comum seria considerado extravagante.
Os casamentos reais são acompanhados pela multidão que sai às ruas para acompanhar o cortejo nupcial, muitas vezes vestindo carnavalescas máscaras com o fácies dos noivos reais. Os Jubileus dos Monarcas são comemorados efusivamente e com dedicação, porque um Rei ou Rainha sem altivez, não reclamam qualquer tipo de submissão ao Seu Povo, mas despertam pela Sua boa vontade e delicadeza o ganho natural da estima.
O papel histórico da Monarquia é potenciar através dessa relação, desse “laço”, a Democracia. Educado para a servidão de reinar, o Monarca cuidadosamente constrói essa relação com o Seu Povo, razão pela qual muitas vezes o próprio Monarca alcança um índice de popularidade ainda maior que o próprio sistema de governo monárquico. A exemplo, a Rainha Elizabeth II do Reino Unido tem um quota de popularidade de 80% e a Monarquia 78%. É uma diferença mais importante, certamente, se compararmos os escassos 23% de popularidade do presidente Hollande que o distanciam muito mais, mas pela negativa, do índice de “adeptos” da “republique française”, e que obviamente, só serve para o segundo comprovar as imperfeições do regime republicano, e da primeira evidenciar as qualidades do sistema de governo monárquico.
De facto, nunca a concepção republicana burguesa despertará uma intensidade de emoções comparável com qualquer assunto relacionado com a Monarquia.
A afectividade depende de condições múltiplas que escapam ao domínio do estritamente racional, sendo que cada um tem uma maneira própria de sentir as coisas, querendo mais uma ou outra coisa. Mas a afeição além de ser necessária é natural, pois quem gosta é naturalmente feliz.
Existe um “elo” que liga os membros das famílias reais – em especial o Rei – ao Povo do seu País. Essa ligação é natural e intrínseca, e por isso quase nos impossibilita de explicar como nasce, mas todos verificamos e compreendemos que existe uma afectuosidade difusa entre os sujeitos que provoca um interesse atento e permanente a tudo o que são assuntos reais, que o Povo todo se alvoroça com a Presença da realeza e que “os primeiros entre os seus pares” só porque aparecem, dominam a atenção.
De tudo o que parece ligar Rei e Povo, nada há que possa parecer mais natural do que aquele dom que o Monarca tem de discernir e captar a vontade do seu Povo e fazê-la convergir para um fim comum a todos, e esse juízo é uma qualidade que faz o Povo sentir uma enorme exultação e empatia pelo seu soberano. Por isso o Povo dedica aos seus Príncipes uma alta estima, o que se lhe testemunha sempre que um determinado evento os congrega. Por isso podemos verificar que o Povo muitas vezes, sem moderação nas paixões e nas afeições, chega a adoptar um comportamento que se fosse dedicado a um político comum seria considerado extravagante.
Os casamentos reais são acompanhados pela multidão que sai às ruas para acompanhar o cortejo nupcial, muitas vezes vestindo carnavalescas máscaras com o fácies dos noivos reais. Os Jubileus dos Monarcas são comemorados efusivamente e com dedicação, porque um Rei ou Rainha sem altivez, não reclamam qualquer tipo de submissão ao Seu Povo, mas despertam pela Sua boa vontade e delicadeza o ganho natural da estima.
O papel histórico da Monarquia é potenciar através dessa relação, desse “laço”, a Democracia. Educado para a servidão de reinar, o Monarca cuidadosamente constrói essa relação com o Seu Povo, razão pela qual muitas vezes o próprio Monarca alcança um índice de popularidade ainda maior que o próprio sistema de governo monárquico. A exemplo, a Rainha Elizabeth II do Reino Unido tem um quota de popularidade de 80% e a Monarquia 78%. É uma diferença mais importante, certamente, se compararmos os escassos 23% de popularidade do presidente Hollande que o distanciam muito mais, mas pela negativa, do índice de “adeptos” da “republique française”, e que obviamente, só serve para o segundo comprovar as imperfeições do regime republicano, e da primeira evidenciar as qualidades do sistema de governo monárquico.
“Há entre el-rei e o povo
Por certo um acordo eterno:
Forma el-rei governo novo,
Logo o povo é do governo
Por aquele acordo eterno
Que há entre el-rei e o povo.”
Por certo um acordo eterno:
Forma el-rei governo novo,
Logo o povo é do governo
Por aquele acordo eterno
Que há entre el-rei e o povo.”
João de Deus no poema Eleições
Para o Rei o País e o Povo são um só, são a Nação! O Rei não cai no erro da distinção, nem tão pouco “gosta” mais deste ou daquele “filho”, sim porque o Rei é um “Pater” e é encarado pelo Povo como tal, lembremos que os Czares e as Czarinas eram afectuosamente apelidados pelo Seu Povo de “Pai” e “Mãe”; até mesmo os próprios Césares, entre os seus inúmeros títulos, “ostentavam” orgulhosamente o de “Pai da Pátria”!
Não se pode esperar de um Chefe de Estado que apesar de não aprovar oficialmente, olhe convenientemente para o lado. Um Rei não faz isso, o Rei usa o Poder Moderador para reunir o consenso na obtenção do bem-comum, um factor de normalização, e, sem actos de poder pessoal. O Povo tem num Rei a principal forma de se afirmar, o que não acontece num regime político republicano em que os critérios políticos se afastam de tal modo da vontade dos cidadãos e dos seus interesses que este regime se lhes aparenta completamente alheio. Ora um regime político, numa democracia, não pode cristalizar sob pena do Povo perder o direito de se afirmar e de o reformar. E pior, a falta de participação deslegitima o sistema. Ora como escreveu Hegel: «a própria República de Platão é a imagem proverbial de um ideal vazio.» Ora sem ideal, sem espírito, sem força, sem referência, as repúblicas tendem a “desaguar” no destino da democracia grega e depois da república romana! De facto, «Platão é amigo, porém a verdade é mais amiga».
A afeição pela Monarquia vem exactamente do oposto, é que todos se sentem parte de um todo: a Nação; porque tem à cabeça do País um Monarca que personifica o carácter nacional, e que se exprime no serviço e na dedicação ao bem comum! O Rei ama a terra como se dela houvesse germinado e o Rei chefia e protege como pai o seu Povo. Como dizia a nossa velha lei: «em prol do comum e aproveitança da terra».
O Monarca encara ter um dever para com a Nação, a obrigação de preservar os direitos de cada cidadão do Seu Povo e o bem comum do Reino. Lembremos já as recomendações do moribundo Rei Dom José à futura Rainha Dona Maria I: «governar com muita suavidade, paz e justiça, promovendo a felicidade do povo».
Hoje por exemplo, no Reino do Butão, o Monarca consagrou mesmo o alcance dessa felicidade com força de Lei.
Não se pode esperar de um Chefe de Estado que apesar de não aprovar oficialmente, olhe convenientemente para o lado. Um Rei não faz isso, o Rei usa o Poder Moderador para reunir o consenso na obtenção do bem-comum, um factor de normalização, e, sem actos de poder pessoal. O Povo tem num Rei a principal forma de se afirmar, o que não acontece num regime político republicano em que os critérios políticos se afastam de tal modo da vontade dos cidadãos e dos seus interesses que este regime se lhes aparenta completamente alheio. Ora um regime político, numa democracia, não pode cristalizar sob pena do Povo perder o direito de se afirmar e de o reformar. E pior, a falta de participação deslegitima o sistema. Ora como escreveu Hegel: «a própria República de Platão é a imagem proverbial de um ideal vazio.» Ora sem ideal, sem espírito, sem força, sem referência, as repúblicas tendem a “desaguar” no destino da democracia grega e depois da república romana! De facto, «Platão é amigo, porém a verdade é mais amiga».
A afeição pela Monarquia vem exactamente do oposto, é que todos se sentem parte de um todo: a Nação; porque tem à cabeça do País um Monarca que personifica o carácter nacional, e que se exprime no serviço e na dedicação ao bem comum! O Rei ama a terra como se dela houvesse germinado e o Rei chefia e protege como pai o seu Povo. Como dizia a nossa velha lei: «em prol do comum e aproveitança da terra».
O Monarca encara ter um dever para com a Nação, a obrigação de preservar os direitos de cada cidadão do Seu Povo e o bem comum do Reino. Lembremos já as recomendações do moribundo Rei Dom José à futura Rainha Dona Maria I: «governar com muita suavidade, paz e justiça, promovendo a felicidade do povo».
Hoje por exemplo, no Reino do Butão, o Monarca consagrou mesmo o alcance dessa felicidade com força de Lei.
E a afeição vem também das recordações dos tempos das glórias passadas em que com coragem e espírito de sacrifício se alcançaram os mais altos feitos em nome e prol da Nação; da admiração pelos grandes homens – mais heróis do que idealistas – que fizeram o Reino grande! E assim a Grandeza da História da Monarquia confunde-se com a Glória da História da Nação!
E de tudo isto, de todo este misto de encantamento e factos, resulta de parte do Povo a sua enorme AFEIÇÃO PELA MONARQUIA!
E de tudo isto, de todo este misto de encantamento e factos, resulta de parte do Povo a sua enorme AFEIÇÃO PELA MONARQUIA!
Miguel Villas-Boas
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