quinta-feira, 3 de abril de 2014

AS ILHAS SELVAGENS DISPUTADAS NO JOGO GEOESTRATÉGICO


Esta interessante obra, publicada em Fevereiro de 2014 pela Editora Apeiron, tem, entre outros,  o mérito de nos alertar  para a importância do Arquipélago das Selvagens  e para os interesses alheios que este suscita.

Descoberto no século XV pelos navegadores portugueses, localizado a cerca de 160 milhas a sul do Funchal, nos 30º de latitude sul, este pequeno arquipélago tem uma superficie  total de cerca de 2,73 Km2, e em termos administrativos faz parte da freguesia da Sé, concelho do Funchal. Contudo, a proximidade das Canárias, a cerca de 90 milhas, e a circunstância de estar normalmente desabitado tornaram-no visita frequente de caçadores e pescadores espanhóis. Propriedade privada de uma familia residente na Madeira, acabou por ser adquirido pelo Estado que ali criou em 1971 uma reserva natural, e mais tarde, em 1977, construiu um farol no cimo da ilha Selvagem Grande, a 163 metros de altura.
Com 79 páginas, em formato A5, o livro em apreço abre com um preâmbulo de Dulce Abalada a que se seguem dois interessantes textos pouco conhecidos, “O Arquipélago das Selvagens”, por Ernesto de Vasconcellos, de 1917, e “Trabalhos Geográficos nas Ilhas Selvagens”, um manuscrito muito reservado de Gago Coutinho, de 1929. Em ambos os textos se assinala a importância de firmar a soberania nacional, designadamente através da construção de um farol. Seguem-se os fac-similes das notas verbais de 2013, enviadas às Nações Unidas pela Espanha, em 5 de Julho, e por Portugal, em 6 de Setembro, a respeito das Selvagens e da polémica de serem rochedos ou ilhas, e as implicações disto na definição da ZEE e na extensão da plataforma continental.

Num oportuno texto “A Espanha, as Selvagens, Olivença, etc.” o Cor. Brandão Ferreira, nosso estimado assinante, na excelente prosa a que nos acostumou, alerta-nos para o facto dos nuestros hermanos, na nota verbal de 5 de Julho terem tido um procedimento nada fraternal, pois o seu envio não foi precedido de nenhum contacto prévio, como seria de esperar entre nações vizinhas e amigas. O livro encerra com o curioso texto “Pensamentos espoletados pelas Ilhas Selvagens”, de Rainer Daehnhardt, também nosso assinante, que nos alerta para as imprecisões, designadamente erros de tradução e ilustrações fantasiosas, que muitas vezes se encontram nas cartas e mapas antigos, designadamente desta área.
Em síntese, um livro muito oportuno, com documentos pouco conhecidos, que nos assinala a importância das Ilhas que marcam a nossa presente  fronteira a sul, que se lê rapidamente e com agrado.
Este livro está à venda no circuito comercial das livrarias, com um preço de capa de 10,20€. Está também à venda na livraria online das Edições Apeiron, tel 28 243 2173, e-mail apeiron.edicoes@gmail.com, endereço postal Rua Mª Eugénia Silva Horta, lote nº 3  3º G  Edificio Sol, Alto Quintão  8500-833 Portimão.

Fonte: O Adamastor

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