Roque nasceu entre 1345 e 1350, na cidade francesa de Montpellier. Oriundo de uma família da alta nobreza, sendo o seu pai, João, senhor de grandes domínios, e sua mãe, Libera, natural da Lombardia. Roque cresceu num ambiente cristão e, desde cedo, manifestou sinais de grande humanidade e enorme generosidade. Ainda jovem, ficou órfão, pelo que decidiu confiar a um tio a tarefa de cuidar dos seus bens, repartiu uma outra parte pelos pobres, cobriu o seu corpo de vestes e partiu como peregrino em direcção a Roma.
Neste período, a peste chegou à Europa através dos portos da Itália, França e Espanha e, em poucos anos, a bactéria Yersinia pestis ou Pasteurella pestis propagou-se pelas cidades, contagiando, debilitando e matando milhares de pessoas. Perante uma situação tão dramática, as enfermarias e os hospitais avolumaram enfermos a necessitar de cuidados. Foi neste cenário de crise e de medo, que Roque, cumprindo a sua peregrinação, decidiu ajudar muitos enfermos, aos quais reconfortava corpórea e espiritualmente desenhando sobre a testa o sinal da cruz. Em 1367, Roque chegou à cidade de Acquapendente, na província de Viterbo, dirigindo-se a um hospital para cumprir o seu voto de caridade. Retomou a sua viagem e nesse mesmo ano chega a Roma, onde cuidou de um cardeal (ou alto prelado), que, reconhecido o apresentou ao Papa Urbano V.
Permaneceu alguns anos em Roma, mas por volta do ano de 1370-1371, Roque iniciou a jornada de regresso. Em Placência alojou-se num hospital, dedicando tempo ao serviço e cuidado dos doentes, mas essa exposição originou o seu contágio.
Perante os sintomas da peste (demonstrados pela linfadenite inguinal – bubão – próximo do local da picada), Roque decidiu isolar-se e refugiou-se num bosque perto de Sarmato, onde foi milagrosamente alimentado por um cão que retirava todos os dias um pão da mesa do dono, Gotardo, para lho levar.
Quando recuperou da doença, resolveu regressar à sua pátria mas, ao chegar à zona de Placência, um dos locais mais atingido pelo conflito entre o Ducado de Milão, foi tomado como um dos revoltosos, sendo feito prisioneiro e passando cerca de cinco anos em cativeiro em Voghera, durante os quais padeceu inúmeros sofrimentos. A família só o reconheceu após a morte, que ocorreu a 16 de Agosto, num ano entre 1376 a 1379, ao que parece graças a um sinal de nascença, tendo um tio decidido dar-lhe piedosa sepultura em Voghera.
Os restos mortais de São Roque foram trasladados para Veneza em 1483. Devido à fama dos inúmeros milagres que operara durante a sua permanência em Itália, as relíquias do Santo foram distribuídas pelas cidades de Antuérpia, Arles e Lisboa.
A sua memória litúrgica é celebrada a 16 de Agosto e o povo cristão assegura que todo aquele que recorre com fervor à sua intercessão é atendido em suas súplicas, sendo essa a razão pela qual ainda hoje é considerado um poderoso advogado contra o mal da peste e de outras doenças.
In honore salutoris, Sancti Rochi confessoris
Fonte: Irmandade de São Roque
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