A Batalha do Vimeiro foi travada no dia 21 de Agosto de 1808, durante a 1ª Invasão Francesa de Portugal, no âmbito da Guerra Peninsular (1807 – 1814), gerada pelas Guerras Napoleónicas. Nesta batalha defrontaram-se as forças anglo-lusas comandadas pelo tenente-general Sir Arthur Wellesley e as forças francesas comandadas pelo general Jean-Andoche Junot. A batalha resultou numa vitória para as forças anglo-lusas e determinou o fim da primeira invasão francesa de Portugal, e Junot deixou de ‘viver à grande e à francesa’ – expressão que se refere ao estilo de vida luxuoso do general Junot e da sua entourage - à custa dos portugueses.
No dealbar do século XIX, a França Napoleónica submetera a generalidade da Europa. Napoleão Bonaparte, na sua estratégia Cesarista de senhor absoluto queria fechar os portos continentais à Inglaterra e por isso decretou o Bloqueio Continental, ao qual o Reino de Portugal não se associou, por diversas razões, mas sobretudo pela multissecular aliança com Inglaterra que remontava a 1386 ao Tratado de Windsor. Bonaparte começa a estratégia de pressão junto da Coroa portuguesa, mas sem resultados invade Portugal. A tarefa coube a Jean-Andoche Junot que a 20 de Novembro de 1807, ao comando das tropas napoleónicas cruza a fronteira portuguesa, iniciando a 1.ª Invasão Francesa de Portugal no âmbito da Guerra Peninsular (1807-1814).
Vivia-se o reinado da Rainha Senhora Dona Maria I de Portugal, mas o seu filho e herdeiro D. João, por doença da mãe, era quem verdadeiramente governava com o estatuto de Príncipe-regente. De acordo com o plano do Príncipe Regente, não houve resistência ao invasor mas o terreno, as más vias de comunicação, a quase impossibilidade em adquirir mantimentos para o tropel e até as condições atmosféricas, tornaram a marcha ainda mais penosa e quase destruíram o exército invasor.
Entretanto, de acordo com o gizado por D. João, a família real portuguesa e a corte começam a preparar a sua saída de Portugal, única forma de assegurar e proteger a manutenção da independência e da Monarquia legítima portuguesa. Este plano de ‘retirada estratégica’, foi apoiado pela Inglaterra. A 29 de Novembro de 1807, com Junot às portas de Lisboa, a frota da corte portuguesa partia de Belém e “transferia-se” assim para o Brasil, escoltada por navios ingleses. Quando no dia seguinte os franceses chegaram à capital, Junot e suas tropas dirigiram-se ainda ao Forte de S. Julião da Barra e dispararam sobre a frota, mas sem sucesso, ficando por isso a ‘ver navios’.
Jean-Andoche Junot proclama-se Duque de Abrantes e declara a deposição da Casa Real de Bragança – acto que ninguém levou a sério.
Junot publicou uma proclamação em que se declarava ‘protector do reino contra os ingleses’ e ordenou a prisão dos súbditos britânicos que ainda residiam em Portugal e o confisco dos seus bens. Tal-qualmente foram confiscados os bens das pessoas que tinham acompanhado a Família Real para o Brasil. Entretanto, os oficiais franceses alojaram-se nas casas particulares mais ricas: Junot hospedou-se no palácio do Barão de Quintela.
Durante a sua ocupação foram cometidas as mais variadas barbáries, cujo principal fautor foi o maneta Loison, e o controlo das finanças portuguesas passou para os ocupantes. Houve requisições de mantimentos, roupas e toda a espécie de bens necessários à reorganização e manutenção do exército invasor. Logo passaram das requisições à rapina tal era a cobiça do ocupante. Quando Napoleão ordenou um tributo de 100 milhões de francos, perante a impossibilidade de suprir a exigência em moeda, Junot ordenou a entrega na Casa da Moeda de todo o ouro e prata das igrejas e confrarias de Lisboa e arredores.
As medidas tomadas por Junot faziam crescer o sentimento nacional contra os Franceses. No dia 13 de Dezembro de 1807, Junot, acompanhado pelo seu estado-maior, passou revista às tropas formadas no Rossio. Seguidamente, no castelo de S. Jorge, onde estavam aquarteladas as tropas francesas, a bandeira portuguesa foi substituída pela bandeira francesa. A reacção da população foi violenta e só uma intervenção armada pôs fim ao tumulto. Foi, porventura, este incidente o que mais afrontou a consciência portuguesa.
Entretanto, começa a insurreição antifrancesa na, também, Espanha ocupada. Em Portugal, a rebelião principia no sempre livre e insubmisso Porto, estendendo-se a Trás-os-Montes. Depois o movimento alastrou-se a Viana, Guimarães, Caminha e, no Porto a população vence os franceses e cria a Junta Provisional do Supremo Governo do Reino, presidida pelo bispo e da qual faziam parte representantes da Igreja, do povo, da magistratura e do exército.
A insurreição começou a alastrar para sul do Douro: Viseu, Lamego, Guarda, Castelo Branco, Aveiro e Coimbra aderiram ao movimento. Nesta última cidade o Príncipe Regente foi aclamado no dia 23 de Junho e foi constituído um governo civil presidido pelo vice-reitor da Universidade, Manuel Pais de Aragão Trigoso, e indicado para governador de armas o General Bernardim Freire de Andrade, procedendo-se à organização de forças com o material dos regimentos que tinham sido dissolvidos e que ainda foi possível recuperar; a Universidade ajudou a resolver o problema do fabrico de pólvora e munições com o seu laboratório e estudantes e professores formaram um corpo militar, que organizaram duas colunas que se dirigiram, uma à Figueira da Foz, a outra a Leiria. O Batalhão Académico conquista depois a Figueira da Foz. Os portugueses continuam a sua progressão vitoriosa e as guarnições francesas, retiram-se rapidamente para não caírem nas mãos da população. Em Tomar o Príncipe Regente foi aclamado a 2 de Julho. Lisboa estava cada vez mais próxima.
Em Agosto de 1808, o general inglês Arthur Wellesley (futuro Duque de Wellington) entra em Portugal, baía do Mondego, à cabeça de um exército inglês de 13.500 homens.
Chefiando as tropas anglo-lusas vence as Batalhas da Roliça (17 de Agosto) e do Vimeiro (21 de Agosto), o que permitiu aos plenipotenciário negociar a Convenção de Sintra (31 de Agosto), pela qual foi permitido a Junot abandonar Portugal levando todo o seu exército e todo o saque que haviam feito em Portugal.
Até hoje, ainda não fomos indemnizados, tendo os franceses, apenas, no fim das invasões, da Guerra Peninsular e deposição de Bonaparte, devolvido apenas a Custódia de Belém e a Bíblia dos Jerónimos.
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