Dom Sebastião, nasceu em 20 de Janeiro de 1554. Pelo facto, de ser o herdeiro tão esperado para dar continuidade à Dinastia de Avis foi cognominado O Desejado; mas é também recordado como O Encoberto, devido à lenda messiânica que prevê o seu regresso numa manhã de nevoeiro, para salvar a Nação Portuguesa dos males que a assolam.
Neto do Rei D. João III, D. Sebastião torna-se herdeiro do trono depois da morte de D. João de Portugal, seu pai, apenas duas semanas antes do seu nascimento. Era pois, filho do Príncipe D. João e de D. Joana de Áustria. D. Sebastião herdou o trono de seu avô, o Rei D. João III, porque, apesar de este ter tido vários filhos, todos eles acabaram por falecer precocemente. Em 1557, com a morte do avô, ascende ao trono – Rei com apenas três anos – tornando-se o Décimo sexto rei de Portugal (1557-1578). Na menoridade de Dom Sebastião a regência é assegurada pela avó D. Catarina da Áustria e depois pelo tio-avô Cardeal D. Henrique.
Aos 14 anos Dom Sebastião I de Portugal é Coroado, Aclamado e Alevantado Rei de Portugal e assume os destinos e governação do Reino!
O Rei de Portugal ia combater em Pessoa, não mandava os soldados sozinhos, era o Comandante-em-Chefe e o primeiro a avançar. Adiantava-se mesmo, não ficava no conforto dos salões, assarapantado em hesitações. De resto com quase todos os Reis foi assim, para sempre servir os interesses supremos da Nação. Por isso não se pense que guerrear era um impulso básico, mas uma forma de manter a paz: si vis pacem, para bellum (lat) – se queres a paz, prepara a guerra. Gnoma ainda, hoje, seguido pelas nações, que procuram fortalecer-se a fim de evitar uma eventual agressão.
Mens sana in corpore sano (lat) – mente sã em corpo são -, frase de Juvenal, utilizada para demonstrar a necessidade de um corpo sadio para serviços de ideais elevados. Os nossos Reis conciliavam a capacidade e a capacitação inerentes a um soldado apto para comandar um teatro de guerra, sem descurar as faculdades intelectuais – a educação de Dom Sebastião fora entregue aos Jesuítas -, até porque o melhor dos generais é o mais inteligente dos homens. Nisso seguiam os exemplos clássicos de Alexandre e de César, os mais brilhantes generais e os mais ilustrados das respectivas épocas.
Muitas vezes, e não poucos, atribuem ao corajoso Rei Dom Sebastião I de Portugal a imaturidade na sua resolução na empresa de Alcácer-Quibir, ora que injustiça chamar irreflectido ao Rei-menino que com tão exemplar acto de bravura procurou manter o Império que herdara e que sofria as investidas das hordas mouriscas. A Coroa sempre serviu o Império português fosse em que parte fosse da sua dilatada extensão e que estivesse disso necessitada.
No Reinado de D. Sebastião os ataques dos piratas e corsários eram constantes na rota para o Brasil e a Índia, e os Almorávidas ameaçavam as possessões em Marrocos, pelo que investiu muito na protecção militar dos territórios construindo ou restaurando fortes e fortalezas ao longo do litoral, para proteger a marinha mercante.
Porventura, ficou o Desejado, na penumbra de uma tenda de comando jogando xadrez com as suas peças de cavalaria ou com os seus peões?! Não, não ficou, avançou temerário! Não se conte o que sucedeu em seguida lançando o nome Sebastião no auto dos arrebatados, mas sim como o resultado de uma maquinação estrangeira para anexar o Portugal que havia perdido e cobiçava desde os tempos em que aquele Dom Afonso I Henriques, Rei de Portugal, ilustre descendente dos Reais Capetos de França e dos Imperadores da Hispânia, formou a mais Augusta e Antiga Dinastia Peninsular, pois caso único no Mundo é um facto que a Monarquia Portuguesa conheceu quatro Dinastias, mas todas elas pertencentes à mesma Família.
E não foi no Reinado de Dom Sebastião que se avançou pela África e foi fundada a cidade de Luanda, e não foi, também, no Seu Reinado que se consolidou o domínio da costa brasileira?! E se adquiriu Macau?! Pergunta retórica, pois, necessária resposta não é!
A História diz qu’El-Rei Dom Sebastião I morreu em combate juntamente com o escol da Nobreza portuguesa, na Batalha de Alcácer Quibir, em 04 de Agosto de 1578, a Lenda diz que não e que sobreveio, mas que foi convenientemente empurrado para o oblívio pelo usurpador castelhano e seu partido de adesivos. No entanto, reza a Lenda que voltará numa manhã de nevoeiro para nos libertar de qualquer jugo! Sebastianistas, como qualquer bom português, entre a História escrita e a Lenda Histórica, preferimos a Lenda!
Miguel Villas-Boas
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