sexta-feira, 16 de abril de 2010

D. Duarte critica despesa de 10 milhões com festas do centenário da República

O pretendente ao trono português, D. Duarte Pio de Bragança, classifica de “propaganda republicana primária” as comemorações do Centenário da República, contestando o custo de 10 milhões de euros das iniciativas programadas para celebração da efeméride.

“Não percebo como é que o País inteiro aceita impávido e sereno que 10 milhões de euros sejam gastos sem concursos, de uma maneira puramente arbitrária, não se sabe bem em quê. É um absurdo espantoso, não faz sentido”, disse D. Duarte, quinta-feira à noite, durante uma tertúlia no casino da Figueira da Foz.

Preconizou que dos dez milhões de euros, um milhão fosse gasto na “reposição dos factos e da verdade histórica”, sobre o período final da monarquia e o início da República.

Os restantes nove milhões, defendeu, devem ser utilizados para “acções sociais úteis” e não “desperdiçados em propaganda política inútil”, acusou.

“O Instituto Camões para toda a sua acção no estrangeiro de promoção da língua portuguesa não tem dez milhões de euros”, ilustrou D. Duarte Pio, intervindo na tertúlia “125 minutos com… Fátima Campos Ferreira”.

Aludiu, depois, a recentes sondagens, “feitas com uma intenção republicana” que dizem existir em Portugal 70% de republicanos “o que quer dizer que 30% são monárquicos”, aferiu.

“Não faz sentido ofender 30% dos portugueses com uma propaganda republicana primária, paga pelo Orçamento do Estado, sem dar direito de resposta a quem não pensa como eles. Isto não é espírito democrático”, alvitrou.

“Fartaram-se de matar gente”

Frisou, por outro lado, que aqueles que possuem a “difícil tarefa” de defender o movimento que levou à Implantação da República a 5 de Outubro de 1910 “limitam-se a falar das boas intenções e excelentes princípios dos revolucionários, mas raramente se referem aos factos”.

“A grande dificuldade em defender a monarquia em Portugal é que os republicanos raramente têm argumentos. Geralmente baseiam a defesa do sistema republicano em preconceitos”, disse D. Duarte Pio.

Segundo D. Duarte, os republicanos classificam a monarquia de “antiquada, ridícula, pouco democrática e fora de época”. “Não usam argumentos e é difícil discutir com preconceitos, em vez de argumentos”, sustentou.
No inicio da tertúlia, referindo-se aos revolucionários da Carbonária – dados como autores do Regicídio do Rei D. Carlos, em 1908 – afirmou que “se fartaram de matar gente antes e depois da revolução”.

“Faziam-no por um ideal, estavam a dar a vida pelo seu ideal. Agora, se aceitarmos uma homenagem a esse género de pessoas, temos de também reconhecer a Al-Qaeda, a ETA ou o IRA, todos eles combatem por um ideal”, argumentou.

“Mas não concordamos, achamos que é uma forma errada e condenável de lutar pelos seus objetivos políticos. Portanto, não faz muito sentido fazerem-se grandes homenagens a uma revolução que derrubou um regime democrático legal para o substituir por um regime que durante os primeiros 16 anos funcionou muito mal”, referiu.

Lusa (Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)

Fonte: Causa Monárquica

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