Tive a oportunidade de
verificar um facto passado que, por si só, é revelador daquilo que foi a
república ontem, o seu reflexo hoje e sempre.
Lia a última Revista do
Expresso, no semanal espaço temático "Quiz", este dedicado à
Justiça, da
autoria de Rui Gustavo, quando algumas questões me assaltaram para testar os
conhecimentos.
Chamou-me a atenção a 6,
concretamente:
«Luísa de Jesus foi a última
mulher executada em Portugal, em 1772.
Que crime
cometeu?
a) Assassinou o barão para
quem trabalhava e um enviado do Rei
b) Matou 33
bebés
c) Era espia de
Castela»
Resposta: b)
Contudo, e confessando a minha
ignorância neste assunto específico, não sabia de todo a segunda. Mas se tivesse
reflectido melhor constataria o óbvio.
O quiz 2 era colocado
assim:
«A pena de morte foi abolida
em 1867, mas houve uma condenação depois dessa data, quem foi?
a) Manuel Buíça, autor do
regicídio que vitimou D. Carlos I, em 1908
b) Ferreira de Almeida, um
soldado que tentou passar para o exército alemão em 1917
c) José Júlio Costa, que matou
a tiro o Presidente Sidónio Pais, em 1918»
Resposta: b)
Ou seja, o infortunado cidadão
João Augusto Ferreira de Almeida (tal qual também somos hoje),
quiçá numa opção constatada e desesperada de fugir daquela república
imprestável, supostamente terá optado por transitar para o lado germânico. Face
ao nacionalismo republicano português e à insana ânsia do novo regime prestar
vassalagem às potências aliadas, o cidadão teve, segundo os seus julgadores, o
que merecia: uma morte sumária! Somando esta ao caso de Humberto Delgado, já vão
duas mortes sumárias pela “justiça” republicana. É a dita trilogia no seu
melhor: Liberdade, Igualdade e Fraternidade…à moda do novo regime português. Nem
os assassinos que planearam a morte de El-Rei D. Carlos tiveram tal destino. A
Justiça era outra…! A república, sempre tão progressista, arrebentou
o inovador pacto firmado com o
mundo, constituído pela nossa Monarquia Constitucional, e voltou a condenar à
morte. “Mate-se”, terá dito o julgador de João Augusto.
Hoje, na III república
herdeira, a Justiça é o que se vê. Querem melhor base
justificativa?!
Termino como começou o
responsável pelo quiz: “justiça seja feita”!
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